William narrando...
Continuo parado no mesmo lugar, não consigo dar partida no carro, faz uma hora que Felipe entrou, sem hesitar nem por um segundo. O que foi que eu fiz? Tudo isso é culpa minha, tudo isso é culpa do meu pai, eu o mataria se pudesse, porém não posso fazer isso.
Respiro fundo algumas vezes e então ligo o carro, sigo para o apartamento.
Entro no elevador e assim que paro no meu andar, entro no AP.- Até que enfim, chegaram! - ouço Emma gritar e entro na cozinha, pego a vodca na geladeira e bebo no bico mesmo.
- Cadê o Felipe? - pergunta Emma me olhando sem paciência.
- Está na casa dele. - digo e bebo mais.
- O que aconteceu? - pergunta Emma já aflita olhando para mim.
- Cadê o negão? - pergunto.
- Foi pra casa. - diz Emma e eu sigo pra sala, me jogo no sofá e suspiro, meus olhos ardem ainda.
- Fala logo William. - diz Emma se sentando de frente para mim, no outro sofá.
- Eu estraguei tudo. - digo áspero e bebo mais um gole de vodca, já consigo sentir o álcool amortecer tudo.
- Isso eu já sei, quero saber o que aconteceu depois que saíram. - diz Emma entre dentes, ela acende um cigarro demonstrando sua impaciência.
- Ele me deixou Emma, foi isso que aconteceu. Toda essa merda da minha vida, tudo culpa minha. - digo meio embolado e atropelando as palavras, sinto vontade de socar a parede mais próxima mas, não o faço, ao invés tomo mais um longo gole de vodca.
- Will, você precisa se posicionar. - diz Emma séria, e eu sorrio amargurado.
- E o que acontece se eu me posicionar Emma? O que meu pai faria? Não posso arriscar machucá-lo. - digo irritadiço e Emma revira os olhos.
- E por que não conta pra ele tudo isso? Não, tem que bancar o idiota. - diz Emma irônica.
- Não posso contar. - me limito a dizer e Emma dá uma risada sem humor.
- Não quer contar! Quer saber, você vai perder ele porque não consegue ser honesto consigo mesmo. - diz Emma e se levanta, me dá uma última olhada e vai pro quarto me deixando sozinho com meus próprios demônios.
Viro a garrafa novamente e sinto uma súbita vontade de ir agora mesmo na casa dele, despejar todo o meu medo, os meus anseios, mas, não posso. Pego o maço que Emma deixou ali e acendo um cigarro, faz tempo que não fumo, mas hoje à noite está impossível.
Assim que dou a primeira tragada sinto uma leve tontura, a sensação da nicotina me envolvendo, dou outro gole na vodca e não demoro a terminar com aquele cigarro para em seguida acender outro, os pensamentos se misturam em minha mente, Felipe e eu juntos, meu pai me batendo, Emma e eu na infância, estou alcoolizado e deprimido demais pra tomar decisões. Termino de beber a bebida e me deito no sofá, não demoro a apagar por completo.Estamos na rodoviária, Felipe segura uma mala nas mãos, estou extasiado e ansioso.
- Felipe, não me deixe aqui. - digo o olhando atento, seus olhos estão vermelhos, a boca entre aberta.
- Não posso ficar William, não tem nada que me prenda aqui. - ele diz isso e sinto meu peito pesar, meus olhos ardem e eu respiro aflito.
- Eu... Amo você Felipe. - digo e esfrego meus cabelos repetidamente, encaro ele e vejo lágrimas rolarem por sua face.
- Por que demorou tanto William? Por que não disse isso antes? - diz Felipe decepcionado.
- Estou dizendo agora! - grito e Felipe fecha os olhos por um instante, respira fundo e volta a me olhar.
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Você pertence a mim (ROMANCE GAY)
Novela JuvenilWillian Collins é um garoto de 18 anos cujo a rebeldia sempre foi uma válvula de escape. Com uma relação familiar conturbada Will cresceu sem muita demonstração de afeto tornando-o um garoto extremamente grosseiro. Will sempre foi muito possessivo...