XXIV

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Um mês se passou e eu estava melhorando, eu havia retirado a tala da perna, trocado a tala do braço pela removível e começado a fazer fisioterapia, minhas costelas também estavam melhores e eu quase não sentia mais dor. A Elena ainda estava na minha casa, nossa amizade estava se fortalecendo e ela estava me ajudando muito. Tudo estava indo bem, eu estava melhorando emocionalmente também, eu já não pensava quase nada na Catarina, acho que eu estava começando a seguir em frente.

Naquele dia eu acordei, tomei banho, troquei de roupa, tomei meus remédios e desci para tomar café da manhã. A Elena estava na cozinha e eu falei:

— Bom dia, Elê.

Ela sorriu e falou:

— Bom dia, grandão.

Sentei a mesa, peguei um copo de iogurte e coloquei uma torrada no prato. A olhei e falei:

— Daqui a pouco tem sessão de tortura.

Ela riu e falou:

— Ah, para. Nem é tão ruim assim, fora que isso vai te ajudar a movimentar os dedos e senti-los.

A olhei e falei:

— É doloroso, sabia?

Ela sentou à mesa, me olhou e falou:

— Mas vai te fazer melhorar.

Suspirei e falei:

— Estou com saudade de trabalhar, não vejo a hora de voltar.

Ela sorriu e falou:

— Em breve você volta.

Comecei a comer a torrada, suspirei e falei:

— Daqui a um tempo você vai embora... Vou sentir saudade.

Ela sorriu e falou:

— Eu também vou sentir saudade, o pior é que eu gostei de passar esse tempo aqui, essa cidade é muito boa.

A olhei e falei:

— Deveria ficar então... Sei lá, tentar uma vida aqui. Você arrumaria emprego rapidinho, você tem formação e tem muitos escritórios de arquitetura aqui.

Ela respirou fundo e falou:

— Você acha que eu deveria tentar algo aqui?

Afirmei com a cabeça e falei:

— Acho... Você já me falou que lá na sua cidade está meio difícil para emprego. Aqui não é tão difícil assim, não sei se você vai conseguir um emprego na sua área logo de cara, mas aqui tem algumas oportunidades boas, você tem onde ficar, então não está perdendo nada.

Ela sorriu e falou:

— Você quer que eu fique?

A olhei e falei:

— Eu quero, é bom te ter por perto. Nós nos damos bem, você é divertida e temos uma boa amizade, seria muito bom ter mais alguém que eu gosto por perto. Mas quem tem que decidir e querer é você, só você sabe o que é melhor para si mesma.

Ela afirmou com a cabeça e falou:

— Eu confesso que eu quero ficar, vocês três se tornaram meus grandes amigos, eu vou pensar a respeito, vou conversar com os meus pais e vou decidir.

Afirmei com a cabeça e falei:

— Isso mesmo, não adianta tomar uma decisão no calor do momento, pense direitinho, converse com eles e depois você vê o que faz... Mas saiba que as portas estarão sempre abertas para você.

O amor é um conto de falhas.Onde histórias criam vida. Descubra agora