Gabriel.

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15 de dezembro de 2009

_Gizelly minha filha você tá me deixando preocupada, essa sua falta de apetite, você tá ficando magra demais.- dizia Márcia.- vem filha senta aqui vamos comer um pouco.

_ Tá bom mãe.

Sentou-se a mesa sendo servida pela sua mãe, que colocava uma boa porção de moqueca capixaba, prato preferido de Gizelly. Assim que Márcia colocou o prato na mesa, Gizelly saiu correndo com a mão na boca em direção ao banheiro. Márcia a seguiu, assim que adentrou o banheiro viu a mais nova praticamente com a cara dentro do vaso sanitário, ajudou a mesma a se recompor.

_ Precisamos ir ao médico.- disse Márcia.

_ Deve ser somente uma virose mãe, faça um chá.- respondeu Gizelly limpando o rosto.

_ Não acho que isso seja resolvido com um Gizelly.- Márcia estava seria, Gizelly observou as palavras saírem de forma triste da boca da mãe, a analisou por uns segundo como se perguntasse o que ela estava querendo dizer. - Vamos ao médico, eu acho que .... Acho que está grávida.

_ Não.- sussurrou.- Não.. não .. não ... Definitivamente.. NÃOOOOO... Não pode ser mãe!- olhou assustada para sua mãe.

Havia se passado quase 3 meses da fatídica noite em que Gizelly  foi abusada e perdeu a mulher da sua vida. Seguiu junto com sua mãe para o hospital e no caminho ligou para sua amiga Taís, precisava de mais alguém além de sua mãe naquele momento, sabia que juntas as três saberiam o que fazer.

Quando chegaram ao hospital, foram rapidamente atendidas, Gizelly roía as unhas era visível o quão estava nervosa. Fizeram alguns exames rápidos e o médico pediu que aguardassem na sala de espera, pois logo teria os resultados. Assim que saíram do consultório Gizelly viu sua amiga que veio correndo lhe encher de conforto. Chorou abraçada com Taís, estava com medo do resultado. Ela não queria nada que a lembra-se daquela noite, pois parecia que sempre sentia todas as sensações novamente.

Ficaram quase uma hora, até que uma enfermeira chamou e pediu que elas votassem ao consultório.

_ Então doutor?- perguntou Márcia assim que entrou na sala.

_ Bom, eu .. não entendo. - disse o Dr. Pedro.- quando tudo aconteceu, aplicamos vários medicamentos em Gizelly e alguns era pra interromper uma gravidez indesejada, caso viesse acontecer, fora um comprimido que ela tomou durante 3 dias. Então, qualquer resquícios de espermas, eram pra ter morrido antes mesmo de chegarem ao útero.- Dr. Pedro olhou para Gizelly agora estática apenas bando para o mesmo sem esboçar nenhuma reação.- Eu não entendo Gizelly, eu... Você está grávida.

_ Ooooooooh, não... Por favor, diz que tá brincando??! Sem piadas doutor. O senhor tá brincando?- o médico apenas baixou a cabeça, ele viu o estado em que ela chegou no hospital, pensavam até que a mesma não sobreviveria, viu também o desespero da mesma quando soube da morte de Beatriz.

_ Podemos fazer o aborto se quiser Gizelly.- viu a mesma levantar a cabeça e lhe olhar fixamente.-Nesse caso a lei te ampara.

Gizelly chorava alto, ela estava carregando em seu ventre o resultado de uma violência que sofreu, olhou para as outras duas que estavam ao seu lado e viu que as mesmas tentavam ser fortes, mas as lágrimas estavam presentes ali. Baixou a cabeça e chorou, apoiou a cabeça no corpo da mãe, que começou a afagar suas costas. Ela não conseguia parar de chorar, lembrava do momento e da dor, sentia como se eles ainda estivessem tocando em seu corpo, ouviu a voz de Beatriz, as súplicas e o tiro. Seu corpo começou a tremer,a crise de ansiedade atacava Gizelly com força, começou a passar mal. Logo o médico correu pra atender a jovem que acabou desmaiando. Assim que atendida, levaram ela para um quarto da emergência, onde foi médica e continuou agora dormindo em observação. Gizelly se debatia, chorava e algumas vezes chamava pelo nome de Beatriz, seu semblante assustado com uns minutos foram suavizando, até que em um certo momento ela abriu um sorriso e falou " Eu te amarei pra sempre Bea, obrigada por tudo!" . Em seguida seu corpo todo acalmou. Márcia e Taís que estavam ali do seu lado segurando a mão, sentiram a força que ela fazia diminuir e então descansaram. Duas horas depois Gizelly abriu os olhos e viu o médico que agora estava conversando com sua mãe sobre os procedimentos para o aborto. Os dois estavam de costas para ela não notaram de imediato que ela havia acordado

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