Rotina

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A vida já não se tem o sentido para Sofia, ela acorda sem vontade de levantar, come sem nenhum apetite e não aprecia mais o espaço a sua volta como apreciava antes.

Talvez seja aquela mesma rotina de sempre: faculdade, casa, casa faculdade. Falta lhe aquele desejo de antes, quando sorria para tudo e todos.


Já finalzinho de uma tarde cansativa, ao voltar da faculdade e descer na sua parada, quando o ônibus já se foi, Sofia percebe algo, no outro lado da rua. Havia uma creche na qual haviam crianças brincando. Ela olha para o pátio e percebe as crianças correndo brincando e sorrindo, sorrindo muito com aquela ternura que só vemos hoje em dia em crianças.


Uma dessas crianças a olhou nos olhos e simplesmente sorriu. Sorriu com uma carinha tão meiga e quando Sofia percebeu, tinha que voltar logo para casa e ir estudar, mas algo a assombrava os pensamentos, porque ela sorriu finalmente e não parava de pensar naquela menina que sorriu para ela.

Sofia não parava de pensar em como as crianças não têm nada de se preocupar, elas  brincam sem pensar em pagar o aluguel ou estudar para ser alguém, pensam apenas em brincar.
Ao chegar em casa, ao invés de fazer o de sempre e ir mexer no celular ou ir para o quarto, Sofia se encaminhou para o quarto de sua irmã e a pegou no colo, a olhou nos olhos e a abraçou bem forte. E percebeu que um dia já foi assim, já foi feliz, sorria para o mundo com uma ternura que só se encontra hoje em criança, percebeu que um dia já foi livre.

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