O sol já ia alto quando, em alguma aldeia perto de uma floresta, um certo garoto se preparava para sair.
Makino_ Vá e volte depressa, antes que anoiteça e tome cuidado com o lobo…
Luffy_ Sim, eu sei.
Makino lhe dá uma cesta para as mãos.
Makino_ Diga para o seu avô que tudo o que ele pediu está aí dentro.
Luffy_ Ok…
Luffy era um garoto de uma aldeia que, aos sete anos, acabou tendo de ir viver com a sua tia, Makino, após a morte dos seus pais e irmãos. Apesar de ainda ter o avô, o mesmo era demasiado ocupado para tomar conta do pequeno e por isso, as únicas ocasiões em que o via eram quando tinha de lhe entregar algo que a sua tutora lhe pedia para levar. Para isso, era necessário atravessar a grande floresta que separava as duas aldeias, tarefa que poucas pessoas faziam e quase todas evitavam fazer.
Luffy_ Estou indo…
Makino_ Certo…
O rapaz de cabelos negros era, na verdade, a única pessoa daquela vila que podia ser constantemente avistado a realizar tal feito, sempre com aquele capuz vermelho que o cobria até aos pés e o abrigaria do frio que, mesmo no verão, á noite, se fazia sentir na floresta.
Assim, com a sua roupa habitual - uns calções azuis, uma camisa vermelha do tom do capuz, um chapéu de palha e umas sandálias - Luffy saiu de casa sentindo o ar da noite que ameaçava ficar cada vez mais fria e com cautela, seguiu pela estrada de terra batida e virou no caminho que se estendia desde o fim das plantações dos camponeses até aquelas grandes árvores, na maioria pinheiros verde escuro, a que os moradores chamavam de “bosque” ou de “floresta do corvo”, de tão escura e assustadora que parecia ser nas noites tenebrosas de tempestade.
O avô de Luffy vivia do outro lado dessa mesma floresta, sendo que sempre que o ia ver (o que não eram poucas vezes), ele fazia esse mesmo percurso pelo território do lobo que, entendera á muito tempo que ao contrário do que sempre lhe disseram, não tinha nada de perigoso.
O seu nome, na verdade, era Trafalgar Law.
Chamado de marginal por não gostar de muito contacto com outras pessoas ou desconhecidos e preferir viver isolado da sociedade, começou a ser temido como “lobo” pelos seus olhos dourados que brilhavam no escuro da noite e aparência fria, além de que inevitavelmente, histórias e boatos começaram a surgir sobre as suas origens e o seu estilo de vida.
Contudo, Luffy sabia que nada disso era real e não se importava de ter a sua companhia sempre que fazia aquele percurso. Dizia á tia que teria “cuidado com o lobo” apenas para a tranquilizar, uma vez que sabia que, não importava o quê, o mais velho nunca lhe faria mal.
Law_ Vejam só, quem decidiu vir me visitar…
Luffy_ Torao! Veio me fazer companhia?
Law_ Claro que sim, caso contrário, você se perderia.
Luffy fez biquinho pela resposta do outro, mas não reclamou. O menor era uma das únicas, se não a única pessoa, com quem Law não se importava e até gostava de estar. Desse jeito e sempre que sentia alguém entrar na floresta onde morava, se dirigia a um local bem conhecido pelos dois, um atalho do qual só eles tinham conhecimento que existia. Se fosse Luffy, certamente passaria por ali para o encontrar, se não fosse, simplesmente assustaria as pessoas se fossem bandidos ou tivessem más intenções e as deixava seguir o seu rumo se fossem mercadores ou habitantes que não lhe quisessem mal.
Law_ Vamos?
Luffy assentiu e retomou o caminho, desta vez, ao lado do mais velho que tornara aqueles “passeios” num bom hábito sem que, ao menos, se desse conta disso. Quando chegaram ao seu destino já era noite. Não era estranho, tendo em conta que o pequeno saíra de casa ao final da tarde e o local onde pretendia chegar era do outro lado de um bosque grande o suficiente para abrigar animais selvagens. Mesmo por atalhos, aquela era uma longa viagem a pé.
Luffy_ Bom, eu fico por aqui.
Law_ Tudo bem, fico esperando você entrar.
Luffy sorriu e dirigiu-se, então, á habitação. Adorava que o maior se preocupasse e mesmo que tentasse não demostrar isso, os pormenores como simplesmente esperar para ter a certeza que o mesmo entrava bem em casa e ficava em segurança, o denunciavam. Foi essa mesma atitude que o levou a esperar quando o menor não abrira a porta por esta estar trancada.
Law_ O que foi?
Luffy não respondeu. Deu a volta á casa pelo jardim á procura de encontrar algum sinal de vida ou de que o avô o esperava, mas com todas as luzes apagadas e janelas trancadas, concluiu que o mesmo já estivesse a dormir. Por isso e sem paciência para ouvir o seu velhote resmungar sobre o porquê de o ter acordado a meio do seu sono, Luffy deixou a cesta á porta e retirou-se do local, vendo Law encará-lo confuso.
Luffy_ Provavelmente, ele se esqueceu de novo que eu vinha e já está deitado e ressonando feito um porco a essa hora… Fazer o quê…?
Law_ E agora?
Luffy_ Vou voltar.
Law_ A meio da noite?
Luffy parou um pouco para pensar.
Luffy_ É, acho que tem razão, está ficando um pouco tarde e minha tia me matava de preocupação se soubesse que eu voltei pela floresta sozinho com esta escuridão. Mas então, o que sugere? Não posso ficar na rua.
Law_ Não sei… Quer ficar comigo e volta de manhã?
Luffy_ Tudo bem, porque não?
Luffy não tinha muita escolha a não ser concordar. Apesar de o irritar um pouco o facto do avô se esquecer dele de novo, como aliás quase sempre acontecia, não ligou muito para isso. Sabia que o mesmo já estava muito velho e era sempre muito ocupado para se lembrar de tudo, mesmo que fosse do próprio neto.
Além disso, Luffy tinha uma vantagem especial: quando isso acontecia, Law o acolhia para que o mesmo não ficasse ao relento durante a noite e o levava para sua casa, um local onde podiam ficar á vontade sem medo de serem vistos e alguém partir para cima do tatuado por achar que o mesmo estava a atacar o menor. Apesar de nunca ter acontecido, Luffy temia que pudesse vir realmente a realizar-se pelos aldeões que não o conheciam e tinham medo dele sem motivo algum. Law compreendia e esse era, também, o motivo de não se aproximar do menor num local que não fosse a floresta. Mesmo podendo enfrentar quem quer que o atacasse, não daria essa preocupação ao mais novo então, respeitava a sua vontade de manter distância para evitar possíveis incidentes e mal-entendidos.
Como antes já havia acontecido, Luffy deu a mão ao maior e o seguiu por entre as arvores até ao local onde, eventualmente, estaria a pequena e acolhedora cabana de madeira e pedra onde morava o “lobo”, entrando sem grandes rodeios. Como sempre, era um local bem organizado.
Existiam 3 sofás á volta de uma lareira em pedra que se encontrava encostada á parede, sendo que o do meio era um pouco maior do que os outros dois. Do lado oposto, uma pequena cozinha com uma mesa e quatro cadeiras, além dos armários com o fogão, lava-loiça, e todos os utensílios básicos de que poderia precisar. Os alimentos eram caçados, pescados, ou colhidos da floresta no próprio dia para consumo, e dessa forma, não se estragavam. A luz vinha de lanternas com pirilampos que Law apanhava á tarde e libertava de manhã, e a água se originava do rio.
“É realmente parecido com um lobo solitário, quando se trata de saber sobreviver neste lugar, o faz muito bem sozinho.” – Pensava Luffy para consigo mesmo, enquanto sorria pela ironia da situação.
Ainda na cabana, existiam algumas escadas que levavam ao andar superior. Lá em cima, encontrava-se um quarto com uma cama, uma mesinha cabeceira, um guarda-fatos e algumas prateleiras com livros. Olhando para o lado, havia ainda duas portas: uma para o banheiro, outra para uma divisão onde Law guardava a “tralha”, como utensílios de trabalho.
Law contara uma vez a Luffy que, quando criança, perdeu a família e um certo homem a quem ele apelidou de Corazon, o salvou e adotou como filho, criando-o como tal naquele mesmo local. Talvez por esse motivo ele não fosse capaz de deixar aquela casa, mesmo depois da morte do seu querido “pai”. Luffy apoiava a sua escolha. O menor também gostava daquela cabana que, mesmo sendo pequena e básica, de alguma forma, transmitia-lhe uma boa sensação de tranquilidade que não tinha aldeia.
Assim que chegou, o mais novo logo fez o que sempre fazia: tirou os chinelos, os deixando ao pé da porta. Essa era uma regra em casa do maior, o calçado ficava no exterior já que o caminho para casa era repleto de poeira e ele não queria sujar o chão. Depois, acendeu a lareira e se sentou no sofá em frente da mesma. O maior fez o mesmo e se descalçou, se sentando ao lado de Luffy que logo tratou de usar o peito do outro como encosto, fechando os olhos e aproveitando o carinho que o mais velho começara a fazer em seu cabelo.
Law_ Está cansado?
Luffy_ Um pouco…
Luffy abriu os olhos e o encarou, encontrando dois pontos dourados a retribuir o gesto, antes de levantar um pouco a cabeça e finalmente unir calmamente os seus lábios com os do ser acima de si, que retribuiu o ato sem pensar duas vezes.
Law_ É raro você tomar a iniciativa desse jeito… Está carente?
Luffy_ Estou… Resolve para mim?
Law sorriu. Mesmo depois de tanto tempo, como o menor continuava a deixa-lo tão alterado apenas com algumas palavras e gestos? Isso era algo que sempre lhe passava pela cabeça: a distância não o impedia de querer aproveitar cada momento e cada oportunidade para ficar com o jovem, tal como não o impedia de, por vezes, ter de se controlar ao máximo para não entrar na aldeia e ser visto por todos, tamanha era a falta de ter o mais novo ao seu lado. Por outro lado, mesmo Luffy tentando não pensar muito nisso, não podia negar que sofria de algo semelhante: ás vezes, ele mesmo pensava em mudar-se para aquela floresta, assim não teria mais de se esconder quando quisesse (e pudesse) ver o maior. Os dois queriam ter-se um ao lado do outro e nada mais…
Atendendo ao pedido do menor, Law virou o mesmo de frente para ele e o sentou sobre as suas pernas tendo como reação as do outro a se entrelaçarem em sua cintura, antes de o segurar forte para que não caísse e o levar ao colo para o quarto. Quando lá chegou, com cuidado, foi se baixando e deixou que Luffy se fizesse cair sobre os lençóis da sua cama, se posicionando em cima dele.
Law_ Oh Luffy, se você soubesse como eu amo fazer isso com você…
Luffy_ Então, não espere mais. Eu sou seu, lembra?
Sem muitos rodeios, o maior retornou os beijos ao pequeno, desta vez aprofundando-os antes de se separarem pela falta de ar e poder começar a atacar o pescoço do ser abaixo de si, motivo do arrepio que se seguiu.
Luffy não tinha como evitar… Simplesmente, o efeito que Law tinha no seu corpo era incrivelmente eficaz, ao mesmo tempo que o maior sofria do mesmo pelo pequeno. Eles queriam-se… Precisavam um do outro…
Luffy_ Torao… Ande logo…
Este comentário fez o lobo avançar. Ao olhar o rosto vermelho do mais novo, ao notar nos seus olhos uma mistura entre amor e desejo - algo que na sua opinião, era realmente bonito de se ver – deixou de se focar nas preliminares, se levantou e tirou toda a sua roupa, ficando completamente despido em frente a Luffy que fizera o mesmo. Aquela altura, ambos já haviam começado a ficar excitados, o que só levou Trafalgar a ignorar o que quer que seja que lhe passasse pela cabeça e dar três dedos ao menor para que o mesmo chupasse enquanto brincava com os seus mamilos.
Como resposta, Luffy os abocanhou, se contorcendo um pouco ao sentir a língua do outro no seu peito. Era bom e não podia negar: Law sabia bem o que fazia. Sabia exatamente quando avançar e parar, como lhe dar todo aquele prazer apenas com pequenos toques, parecia até saber quando o “trabalho” do garoto com a sua mão já estava bom e podia colocar os dedos dentro dele, abocanhando o seu membro enquanto o fazia, como se adivinhasse que o mesmo já doía de tanto implorar por atenção. Parecia ter estudado todo o corpo de Luffy, apenas para aqueles momentos. E o menor amava isso… Amava o jeito dele… O amava…
Luffy_ Toraoooo… P… Por favor…
Law_ Fica de quatro para mim?
O menor obedeceu enquanto o lobo espalhava saliva pelo próprio membro para o ajudar a lubrificar a ele também, se posicionando e começando finalmente a penetrá-lo devagar, segundos depois. Luffy, agarrou os lençóis da cama com força, evitando queixar-se até Law entrar por completo. Aquilo era realmente desconfortável, pelo menos no início antes do lobo começar a masturbá-lo com a mão livre e sentir o corpo abaixo de si suficientemente relaxado para se mover naquele canal apertado.
Já a velocidade, ia aumentando á medida que tanto os gemidos como os corpos de ambos imploravam por isso, á medida que o menor começara a rebolar para ter mais contacto, que Law puxava os seus cabelos e lhe mordia o pescoço com força para o marcar, cada vez mais forte, mais rápido e mais fundo, até chegarem naquele ritmo insano de sexo selvagem que ambos de algum jeito, realmente amavam. A essa altura do campeonato, mesmo quando até o menor tinha dificuldade em manter o equilíbrio durante o ato tamanha era a brutalidade que o maior exercia sobre si, Luffy nunca se queixaria disso. Ele mesmo gostava desse jeito de ser: Law era gentil e amoroso quando lhe pedia para ir com calma, mas naquela noite, era mais do que óbvio que o que ambos queriam era satisfazerem-se até não aguentarem mais, até todo o desejo que tinham um pelo outro ser saciado, o que note-se - não era pouco.
Por esse motivo, como em tantas outras vezes, o ato se repetiu muito mais do que achavam ser possível. Sempre que gozavam, trocavam de posição e voltavam ao mesmo, começando logo de início com tanta força como se já estivessem na reta final. Como Law sabia que o pequeno já estava suficientemente preparado com a rodada anterior para não sentir dor, não tinha de se preocupar com isso e continuavam ambos a gemer tão alto que, se ele tivesse vizinhos, provavelmente se queixariam e não o deixariam em paz tão cedo pelas péssimas noites de sono originárias do barulho feito pelos dois. Era nestas situações que ambos agradeciam por estarem no meio da floresta, isolados da sociedade.
A noite só acabou depois de quase duas horas, com ambos a caírem exaustos na cama, lado a lado, após gozarem de novo ao mesmo tempo: Law no interior de Luffy e este na sua mão. Os dois suavam tanto que pareciam ter corrido numa maratona, se é que não fizeram algo parecido e Luffy com o corpo completamente dorido pela força a que fora submetido, se perguntava se conseguiria andar direito no dia seguinte. Não que isso importasse no momento. Ambos estavam satisfeitos e finalmente haviam conseguido normalizar minimamente a respiração.
Law_ Melhor?
Luffy acenou positivamente antes de dar um beijo na bochecha do outro, puxar as cobertas para cima, o abraçar e dormir profundamente, usando o seu peito como almofada e permitindo que um silêncio um tanto quanto agradável se instalasse naquela divisão até ao nascer do sol no dia seguinte, quando o pequeno acordou e percebeu que Law não se encontrava mais ao seu lado.
Luffy_ T… Torao?
Com algum esforço, olhou em volta confuso por não ver o mais velho, se levantou a mancar e foi até ao banheiro onde tomou um belo duche antes de vestir a mesma roupa do dia anterior e descer para a cozinha, local em que o lobo tomava o pequeno-almoço.
Law_ Vejam só quem acordou… E ai…?
Luffy_ Oi…
Law_ Quer comer? O café ainda está quente…
Luffy_ Queria, mas estou atrasado e é melhor me pôr a caminho de casa antes que a minha tia acorde sem me ver e surte de preocupação.
Law_ Tudo bem…
Luffy se aproximou de Law e lhe depositou um selinho rápido sobre os lábios, antes de sair apressado com uma maça na mão enquanto o maior suspirava e deixava que o namorado voltasse sozinho. Se a tia dele já tivesse entrado na floresta para o procurar, era melhor que não o encontrasse ao seu lado por isso, era raro Law o acompanhar pela manhã. Normalmente, só o fazia quando tomavam o pequeno-almoço juntos, nos raros dias em que quando se levantavam ainda era cedo e por isso, tinham tempo antes de ela acordar. Para tristeza de ambos, não era um desses dias…
Enquanto isso, Luffy caminhara por um longo tempo antes de chegar em casa, onde foi logo recebido por uma mulher que acabara de despertar.
Makino_ Bom dia, Luffy…
Luffy_ Oi, tia…
Makino_ Ficou dormindo em casa do seu avô?
Luffy_ Não… Quer dizer… Ele estava dormindo e não o queria acordar, então fiquei no velho celeiro. Ele nem deu por mim…
Makino_ De novo?
Luffy_ É quentinho, além disso, não ia voltar pela floresta a meio da noite. Em qualquer uma das outras opções, voltar ou acordá-lo, um de vocês me daria sermão.
Makino ia responder, mas antes que tivesse oportunidade de o fazer, Luffy já estava entrando no quarto para não sofrer de qualquer outro comentário indesejado. Adorava a tia, mas ela se preocupava de mais e isso podia ser perigoso para ele. No entanto, todas essas ideias desapareceram quando ao tirar a roupa depois de fechar a porta, sentiu um cheiro impregnado no tecido que o acalmou quase como de imediato. O cheiro do lobo ainda lá estava e isso o relaxava, apenas por o fazer lembrar-se da primeira vez em que se encontraram. Naquele dia, depois de se distrair e se perder na floresta, Law o ouviu chorar e foi ver o que se passava.
No início, o maior ficou bravo por ter o seu território invadido daquele jeito mas logo se surpreendeu em como encontrara um garoto que, apesar da idade, parecia quase ter a mentalidade de uma criança e não tinha medo dele como todos na aldeia. Isso o deixou curioso e essa mesma curiosidade levou-o a ajudá-lo, por mais irritante que aquela criatura fosse.
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O moreno do capuchinho vermelho
FanfictionNum mundo onde Law era temido como um lobo solitário, apenas Luffy, que atravessava a floresta constantemente, sabia da sua verdadeira identidade. 19/09/2020 História anteriormente postada também no Spirit.