Capítulo 1

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   Eu morava com minha mãe Lilian no Brasil, apesar de ter nascido em Forks cidade de Washington, EUA. Vivi em La Push, reserva indígena de Forks, com meus pais até os 8 anos, quando eles se separaram. Meu pai, John ficou, já que ele é uma das autoridades de lá e eu e minha mãe viemos morar com a família dela no Brasil, em Porto Alegre. Então, sou praticamente uma gaúcha já que moro aqui há nove anos.

Mas meu sonho mesmo era voltar a morar com meu pai. Não porque eu não ame minha mãe, amo demais e esse é um dos motivos de eu nunca ter verbalizado os meus desejos. Na verdade, o motivo maior de eu ter essa grande vontade não tem o mesmo sobrenome que eu, Raindrop, e sim Black. Eu sou apaixonada pelo garoto Black desde que nasci. Jacob Black. Jake.

Minha mãe diz que a primeira palavra que falei foi Jake. Então imagine a vergonha, já que meus pais insistiam em relembrar essa história sempre que nossas famílias se reuniam, e eu sempre ficava corada. Não sei por que os pais acham bonitinho relembrar as histórias constrangedoras das nossas vidas. Jacob sempre ria nessas horas e segurava minha mão me confortando. Mesmo sendo tão criança eu me derretia toda. E mais risadas os adultos soltavam, me deixando mais vermelha ainda.

Fazia nove anos que eu não via Jacob, a última lembrança dele que tenho foi ele correndo atrás do carro em que eu estava sendo levada embora a força, pela minha mãe. E eu chorava desesperada por deixar o amor da minha vida pra trás. Mas nada disso fez minha mãe mudar de idéia. Qual adulto dá bola para uma paixonite de criança? “Vai passar. Você vai esquecer logo.” Ela me dizia enquanto eu me desmanchava em lágrimas. Mas nove anos se passaram e eu não esqueci.

Nunca mais voltei para os EUA, apesar de falar com meu pai toda a semana pelo telefone. Passagens aéreas são caras, e nenhum dos dois tinha dinheiro suficiente para isso. Então nunca mais vi Jacob. Às vezes tenho noticias dele pelo meu pai, mas são poucas, já que não tenho coragem de perguntar por ele. Tenho que esperar que meu pai fale por vontade própria.

E talvez eu nunca mais tenha uma chance, já que estou morrendo. Tá posso estar exagerando, mas fazem 30 dias que tenho febre de 40 graus que não baixa, desde o dia do meu aniversário de 17 anos. Já fiz todos os exames, aproveitando que meu novo padrasto é médico, mas não descobriram qual é meu problema. Eu não sinto nada, a não ser meu humor que não anda lá muito bom, estou um pouco estourada, mas fora isso estou me sentindo bem. Bem demais inclusive.

“– Lua! Luara!”- os berros de minha mãe me tiraram dos meus devaneios.

“– Que é?”- berrei de volta, já sentindo a minha irritação diária tomar conta. Pra que toda essa gritaria. “– Que é, mãe?”

“– Luara, arrume já as suas malas!”

“–Por quê?” – perguntei espantada pelo jeito nervoso que ela abria as portas do meu armário e tirava minhas roupas de dentro. –Pra onde eu vou mãe?

Ela parou e segurando meus ombros com lagrimas nos olhos, disse: – Você vai morar com seu pai!

“– O que?”- não sabia se ria ou se chorava.- “Porque agora?”- era isso eu estava morrendo de alguma doença tropical e ela queria que eu passasse meus últimos dias com meu pai.- “É por causa da minha doença?”- perguntei num fio de voz.

“– Você não está doente!”- ela afirmou, relaxando os ombros. – “Acabei de falar com seu pai, ele disse que isso é... normal para uma criança Quileute.”

O jeito que ela disse normal me deixou desconfiada. – “Mas eu nem sou uma Quileute? Meu pai é, mas eu não. Eu me pareço com a Sra, mãe.”

Eu não tinha nenhuma característica do meu pai. Eu era a cópia exata da minha mãe. Olhos azuis, pele branca demais pro meu gosto e cabelos castanhos.

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