Tarde 대낮

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Na Sori

Com um sorriso bobo no rosto, me viro encarando Taehyung sorrindo para mim, e invento uma desculpa para conversar mais com ele.

— Isso é um absurdo! Você não me conhece, e eu não conheço você. Não podemos ter esse tipo de conversa, você além de um desconhecido, é indiscreto e arrogante. E eu vou embora agora, Taehyung — pego a ponta do meu vestido e dou três passos à frente, deixando Taehyung lá ainda sorrindo para mim — Senhor Kim, foi um prazer. Eu vim aqui para agradecer e...

— Você me insultou! — ele completa, me interrompendo.

— Ora, você mereceu! — rebato, irritada.

— Ok, então...

— Certo. — aperto sua mão para despedir-me por completo, mas acabo passando tempo demais com nossas mãos entrelaçadas.

— Pensei que estava indo. — ele diz encarando nossas mãos calorosas, ainda juntas.

— Eu estou indo. — me viro, mas dou meia volta — Você é tão inconveniente! — o provoco propositalmente — Espere... eu não preciso ir. Esta é a minha área do navio, você é que vai.

— Ora, ora, ora... — ele me circula, sorrindo de lado — Quem está sendo arrogante agora?

Ele é cheio de piadinhas assim?

Abro a boca, surpresa com o que Taehyung acabou de falar e dou um tapa em seu braço, tomando para mim o que ele segurava.

— Que coisa idiota está carregando? — ele não me responde de primeira, apenas me observa de lado abrir o grande caderno com capa de couro — É artista, por acaso? — ele assente, sorrindo tímido — São muito bons... Eles são muito incríveis, na verdade.

Sento-me em uma cadeira ali perto, para me dar mais apoio ao folhear as páginas do caderno e Taehyung senta ao meu lado.

— Taehyung, é um trabalho excepcional! — digo surpresa.

— É, só que não gostaram muito na velha Paris. — ele diz encarando o chão.

— Paris? — pergunto arqueando as sobrancelhas e ele assente. — Hum, você viaja muito para um... — paro de falar assim que me dou conta do que estava prestes a dizer. — uma pessoa com recursos limitados.

— Vai, anda... — ele me incentiva a dizer, concordando com a cabeça — Um pobre, pode dizer!

Sorri, um pouco ofendida por quase ter soltado palavras inapropriadas.

— Ora, ora, ora... — cada vez mais eu estava impressionada com o seu trabalho — Foram feitos com modelos ao vivo?

— É uma das coisas boas de Paris, muitas meninas querendo tirar a roupa. — ele responde à minha pergunta, sorrindo pervertido.

O encaro perplexa, sorrindo.

Passo mais um desenho, vendo que se trata de uma mesma mulher que estava a umas páginas atrás.

— Você gostou dessa mulher, não é? A desenhou várias vezes. — forcei um sorriso.

— É. Ela tinha belas mãos, tá vendo? — ele aponta para o desenho à nossa frente.

— Acho que você teve um belo relacionamento amoroso com ela — admito.

— Não, não, não. Só com as mãos dela! Ela era uma prostituta perneta, veja. — Volto a minha atenção para a folha, vendo que ele tem toda a razão.

— Ah... — sorrio, levemente.

— Mas ela possuía um bom humor! — sua expressão era triste, como sentisse saudades de desenhar aquelas mulheres.

O encaro por alguns segundos, o Kim tinha um belo sorriso. Ele percebe e se sente um pouco desconfortável, logo mudando de assunto.

— Ah, e essa senhora! — ele passa a folha, revelando o desenho de uma senhora segurando uma taça. — Ela ficava sentada nesse bar todas as noites, usando sempre as mesmas joias. Esperando pelo seu amor perdido.

Dei um sorriso sincero, achando extremamente interessante como todos aqueles desenhos tinham histórias por trás.

— A chamavam de Madame Bijux. — Taehyung rio alto — Você consegue ver a roupa dela coberta por traços?

— Taehyng, você tem um dom, de verdade! Enxerga as pessoas... — coloco a mão sobre as páginas, mostrando os traços dos desenhos. Ele coloca a mão sobre a minha, e o encaro profundamente, conseguindo agora observar detalhes do seu rosto que eu ainda não conhecia. Taehyung é lindo, ele é arte!

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