A vida é realmente injusta, não é, Luffy?
Num instante temos o mundo na palma das nossas mãos, no outro, perdemo-lo. Pergunto-me se alguma vez você se sentiu assim... Imagino que você ficaria bravo se me ouvisse dizer isso, não é? Conhecendo-o como conheço, certamente, me daria um sermão sobre nunca desistir dos meus sonhos.
Você sempre foi desse jeito, um bobo alegre que não suportava ver tristeza, que sempre seguia em frente não importa o quê e que partiu sem ter ideia da falta que me faz. Na verdade, nem eu sabia até acontecer.
Sinto-me a afundar e desta vez, não acho que haja alguém para me salvar. Na última vez, você foi a minha salvação, lembra? Quando perdi o Cora-san e achei que tudo tinha acabado para mim, que não tinha mais ninguém ao meu lado, você apareceu. Mesmo que eu não queira admitir, o seu sorriso me salvou. O seu jeito de ser, de encarar a vida, de me olhar, de me deixar louco... Sem perceber, tinha tudo e antes que pudesse fazer alguma coisa a respeito, já não tinha nada.
Todos me dizem que não preciso de alguém para me ajudar, que posso superar isso sozinho, que tenho força para isso desta vez. É fácil falar... Eu sei que nunca nada será igual a antes... Aquilo de que realmente preciso é de alguém para ter, de alguém para abraçar, de alguém como você! Eu preciso de você, Luffy!
Se lembra de quando eu ficava bravo por você vir a correr e pular nas minhas costas? De como eu sempre cedia segundos depois de ver o seu sorriso e com você ainda pendurado nos meus ombros, retribuía o seu beijo? Sinto tanto a falta desses momentos... De quando, por mais chateado que eu estivesse, você era o suficiente para me animar... Acho que gostava de como você anestesiava todo o meu sofrimento e parecia mandar embora toda a dor, de como me fazia escapar da realidade. Mas agora, a cada noite em que deito a cabeça na almofada, não o tenho mais comigo. Estou sozinho de novo.
Ás vezes, quando a dor no meu peito não quer passar, tento fechar os meus olhos e imagino que caio nos seus braços novamente, que fico seguro ao seu lado. É inútil, eu sei que você não vai voltar, mas porque eu não deixo de ter essa esperança? De acreditar que é tudo um pesadelo e amanhã você estará aqui, comigo, quando eu acordar?
A realidade é essa... Você me deixou dormindo sozinho como quando você me conheceu, mas desta vez, ninguém virá para ficar junto a mim, para me dizer um "vai ficar tudo bem", para me tirar deste inferno de solidão...
Você não estará mais aqui para preencher o mundo...
Eu meio que estava me acostumando a ser alguém que você amava, finalmente baixei a minha guarda e me permiti abrir o meu coração com alguém, com a única pessoa que já amei, com você! Mas então, a vida me puxou novamente o tapete e levou você com ela, naquele maldito acidente de carro em que você morreu nos meus braços, bem na minha frente, sem que eu pudesse fazer nada para o impedir, exatamente como acontecera com o meu pai dois anos antes.
Era inútil gritar, chorar, implorar para que você voltasse. Era inútil falar que precisava de você, pedir que acordasse, que não me deixasse, que aguentasse firme, mas eu não parava de o fazer. Era inútil desejar que você abrisse os olhos e me dissesse um "está tudo bem, vamos para casa", mas essa esperança ficou comigo até ao último instante, até fecharem aquela caixa de madeira e o botarem para dormir eternamente sobre uma lápide cinza decorada de flores. Era inútil pois, no mesmo dia em que vi tudo acontecer diante dos meus olhos, sobre a maca que transportava você para a ambulância que o levaria para o hospital, o seu coração já havia parado. As suas mãos já estavam frias e o seu dedo jamais receberia o anel que comprei para lhe dar naquela tarde e passar o resto da minha vida com você...
Ei... A vida é realmente injusta, não é, Luffy?
Num instante temos o mundo na palma das nossas mãos, no outro, perdemo-lo.
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A vida é injusta...
FanfictionEi... A vida é realmente injusta, não é, Luffy? Num instante temos o mundo na palma das nossas mãos, no outro, perdemo-lo. 20/09/2020 História anteriormente postada também no Spirit.