Capítulo 20 - Polvo de Chiclete

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Polvo de chiclete na parede. Histeria total. Os elfos recolheram suas crianças e se preparam para saírem correndo dali. Eles se esbarravam, gritavam. Dava até dó.

Shad aproveitou a agitação e foi até Aneline, libertando-a das amarras.

— Eles te fizeram mal? — perguntou o vampiro, formalmente preocupado.

— Não tanto quanto você me fez — a garota foi serena na resposta.

Ele pareceu se magoar com isto.

— Aneline, sim, eu era um pateta, um manézão. Mas eu não sou mais esse cara! Eu mudei! Mudei por você! — Shad ficou abalado.

— Uhum, sei... — A garota debochou.

O vampiro pôs a mão na cintura e chorou.

— Você é muito má comigo. Sabia?

A garota sentiu uma pequena pontada no peito. Devia ser asma.

O polvo se aproximava cada vez mais. Shad puxou Aneline pelo braço para levá-la para longe dali, mas a garota pediu licença e se livrou dele, voltando para o acampamento.

Ela encontrou seu escudo de coração em uma das caixas daquele lugar.

— Achei você! — Assim que ela disse isso, a cabana foi arrancada do chão. O polvo a tinha grudado em um dos seus tentáculos, mesmo que não tivesse ventosas, pois era feito de chiclete e tudo já grudava nele naturalmente.

Aneline foi até onde estavam Shad e os outros. O vampiro queria sair dali o quanto antes, mas, quando viu que o lar daqueles elfos estava sendo destruído, parou por um instante. Ele percebeu que Eucrânio queria ajudar também. Os elfos estavam em pânico.

— Tenham calma! — Eucrânio falou bem alto, utilizando seu cajado como megafone. Ele assumiu a liderança, e intentava acalmar a confusão.

Shad ficou feliz que seu amigo assumiu essa parte do caos. O vampiro se deu um momento para se aproximar de Aneline. Ainda choroso, disse à ela:

— Olha, eu sei que você me odeia, mas precisamos de você... — Claro que só queria puxar assunto.

— Eu não te odeio... — A garota se sentiu mal. Assumiu que não era tão boa em ser esnobe quanto Taruska e suas amigas más da escola. — Só odeio que tenha mentido pra mim durante tanto tempo.

— Eu lamento... E que bom que não me odeia. — Ele enxugou as lágrimas com um lencinho. — Vamos derrotar esse polvo e encontrar a saída deste lugar, se é que existe uma...

— Você não tem certeza de que existe uma saída?! — perguntou Aneline, espantada, mas não brava.

— Não. Ninguém nunca havia conhecido essa espécie de peixe antes. Aliás, botos são peixes mesmo?

Aneline ficou despercebida por um momento, e não ouviu a pergunta, pois entrou no mundo da imaginação. Ela pensava que Shad havia entrado ali para salvá-la mesmo não conhecendo uma saída. E que também chorava por ela, coisa que nunca havia visto antes.

Ela deveria dar outra chance pra Shad?

A garota deixaria isso pra depois. Pegou seu escudo e partiu para a batalha.

Eucrânio flutuava no céu através de seu poder de energia branca. Ele tentou utilizar a energia escura para absorver o polvo, mas não funcionou, pois era muito grande. Soldados elfos atiravam com seus jatos d'água, mas não era efetivo. Apenas deixava o polvo com cócegas e sorridente. Os escudos aquáticos dos elfos, no entanto, acabaram sendo ótimos para protegê-los dos golpes dos vários tentáculos do Polvo de Chiclete, que brincava por ali.

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