Era noite, fria como qualquer outra de outubro mas contudo não era um dia qualquer, 31 de Outubro, não me recordo exatamente o ano mas naquele momento acontecia o Halloween, embora que para mim fosse Samhain, o mais importante dos Sabbats, o festival que indica o fim de um ano e o início de um novo. 31 de Outubro, o dia em que o véu entre o mundo físico e o mundo espiritual está mais fino, facilmente penetrável, vulnerável, o último dia de outubro ou para mim, o dia em que morri. Sei que estão curiosos após essa revelação, mas onde estão os meus modos se eu não me apresentar primeiro?
Me chamo Ariel e tenho vinte e seis anos, na verdade tinha, nasci em 1902 em uma cidade bem pequena no leste europeu, cresci com pais incríveis, eles me amavam muito e eram muito queridos na cidade. Tínhamos uma pequena loja de tecidos que era muito conhecida por todos da região, a população me viu nascer, crescer e correr pelas ruas com outras crianças, e quando a gripe espanhola levou ambos pai e mãe, em 1918, me deixando sozinha aos dezesseis anos, as pessoas se compadeceram e não me julgaram por ter escolhido morar sem ninguém. Alguns vizinhos me ajudavam com a loja, esta que me fazia ter o leite e o pão que comia todos os dias, nossa antiga e pequena loja de tecidos.
Nunca fui uma pessoa que segue religião, meus pais nunca me fizeram seguir uma em específico, apenas me diziam para ser uma boa pessoa, mas quando eu completei dezoito anos recebi a visita de Hécate em meus sonhos, me chamando para o caminho da bruxaria.
A voz dela sempre foi doce e reconfortante para mim e eu senti que este era o caminho certo para seguir. Desde aquela noite Hécate falava comigo, sim, eu escuto a voz dela, e eu nunca a desobedeci. Nunca, até o dia 31 de outubro de 1928 e esse foi o maior erro que cometi em vida.
Como todos os anos desde os meus dezoito anos, sai de manhã cedo para comprar as velas e as ervas que estavam faltando para fazer o meu ritual á noite. Samhain sempre foi o meu sabbat favorito, o ano novo das bruxas, e eu estava super empolgada para a noite chegar logo. Pela primeira vez eu iria comemorar com mais duas pessoas, meus amigos Charles, um jovem bruxo de dezenove anos apreciador da arte da necromancia, mas claramente novato e influenciado pelos livros de fantasmas, e Amara, uma não-bruxa de vinte e três anos muito interessada no paganismo. Mas por algum motivo desconhecido a minha intuição dizia para não seguir com os meus planos, eu estava sentindo medo por alguma coisa que eu não sabia o que era, consultei as minhas runas, um oráculo feito com 16 peças de madeira de carvalho, e elas me diziam a mesma mensagem “Perigo”, e ao invés de fazer o que os deuses estavam me falando, pela primeira vez ignorei, só conseguia pensar em o quanto estava animada por estar comemorando com mais alguém naquela noite, por favor não me julguem.
Saí de casa e logo meus vizinhos me cumprimentaram alegremente, crianças já corriam pelas ruas em suas fantasias de fantasma e bruxas, ri quando vi um senhor fingir se assustar com seu neto vestido de fantasma e segui em direção a feira. Ao caminhar pelo local, uma senhora, Maria Belacqua, se me lembro bem, uma feirante de ervas bem idosa, sorriu para mim me dando um beijo no rosto e um abraço quando fui em sua banca, comprei as ervas, me despedi e segui até a loja onde comprava minhas velas, sendo recebida sempre com sorrisos e cumprimentos por onde eu passava e retribuindo alegremente á todos, no meio do caminho brinquei brevemente com algumas crianças e logo segui para dentro da loja e comprei as velas laranjas e pretas que precisava.
Voltei para casa, faltavam por volta de quatorze horas para o ritual e aproveitei para preparar as comidas que usaríamos no ritual. O cheiro de pão fresco logo tomou conta da cozinha me deixando com água na boca, o bolo de frutas estava assando no forno e os biscoitos já estavam prontos, esquentei o vinho no fogão e quando tudo estava pronto subi para tomar um banho e me arrumar para comemorar o ano novo das bruxas. Quando o relógio marcou dezenove horas escutei batidas fortes em minha porta e quase como consequência disso, intensas dores de cabeça surgiram e escutei uma voz me dizendo “Não abra a porta, ainda dá tempo”, porém mais uma vez ignorei e fui até a porta, olhei através do olho mágico, vendo que eram meus amigos, sorri e abri os deixando entrar e sentamos na sala para esperar dar meia noite para enfim fazermos o ritual.
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