Três dias depois, eu e Leonard decidimos que já era hora de voltar para escola. Depois de passar os últimos dois dias arrumando as minhas coisas em seu apartamento - que eu ainda estava me acostumando à chamar de nosso -, Leonard dissera que tudo havia ganhado mais vida com a minha presença ali. Eu, felizmente, concordava.Mas uma coisa acarretava a minha mente nos últimos dias: como vamos nos sustentar daqui para frente? Quando fiz essa pergunta à ele naquele dia no café da manhã, o garoto quase engasgou.
- Vamos ter que arrumar empregos - respondeu Leonard, o óbvio.
Tomei um gole do suco amargo que ele fizera, mas que eu não tinha coragem de negar.
- Isso eu sei - disse eu, tentando não fazer uma careta. - Mas o que você sabe fazer além de fumar maconha e surfar?
Ele quase riu.
- Ha, ha - disse, sem ânimo. - Sei fazer muitas coisas, e você?
Dei de ombros.
- Nunca trabalhei na minha vida, para ser sincera - respondi. - E acho muito difícil alguém me contratar agora com esse escândalo.
Leonard assentiu.
- Isso é fato, mas para tudo tem uma solução - deu uma pausa. - Cecília já recebeu alta?
Mais um gole.
- Sim. Ela volta para o colégio hoje também.
Vi uma sobrancelha sua se erguer.
- Mais já? - Perguntou. - Achei que fosse ficar em casa e se recuperar desse trauma.
Suspirei.
- Tudo que ela não quer nesse momento é ficar em casa.
Ele assentiu. Arrumei a minha gravata.
- E você vai contar à ela sobre... você sabe.
Encarei seus olhos.
- Não vejo alternativa - disse eu, sincera. - Para as outras eu até consigo esconder, ela não.
Leonard novamente assentiu.
- Entendo. Agora acho melhor nós irmos. - Se levantou e olhou para o meu copo de suco. - E não precisa fingir, está horrível.
Cecília estava bem. Bem até demais. Na verdade, parecia nada havia acontecido à ela, absolutamente nada. Usava os cabelos louros presos em um rabo de cavalo alto e uma sombra escura debaixo dos olhos. Até parecia que nada mudara.
- Liz, vamos na praia amanhã? - Perguntou.
Também notei que o seu alto astral também não se abalou.
- Hã... eu estou com uns problemas - decidi mudar de assunto. - E você, como está? Me parece bem.
Angel balançava uma colher em seu café exageradamente amargo. Ela era daquele tipo de pessoas que tomavam café sem açúcar - geralmente - as mesmas são obcecadas por livros ou tecnologia. Ela era do segundo grupo.
- Bem até demais - disse ela. - Você acabou de passar por uma situação traumática, não era para você está chorando em uma banheira clamando por piedade?
A loura revirou os olhos.
- Estou tentando seguir com a minha vida - disse ela. - Chega de chororô.
Lya, que estava ao lado de Trix, indagou.
- Está certa, Cecíl - deu uma pausa. - Agora é só coisas boas...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Morgan's - No Olho De Liz
Novela JuvenilVocê tem dezessete anos. É rica, tem uma família perfeita composta por uma irmã mais nova e outra mais velha, seu pai e sua mãe. Adora surfar e é líder de torcida. Você é Lizandra Morgan, uma das garotas mais cobiçadas da pequena cidade de Charlesto...