30- chão em chamas

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  Eu acordei com a luz do sol queimando minhas costas. Percebi que estou coberta, é a jaqueta do Cody. Olhei para trás e vi ele conversando no celular.

  Levantei e vesti a jaqueta, infelizmente ser lobisomem não conta com roupas extras.
Fui até Cody, ele está de costas, não percebeu que estou acordada.

— quem era?— perguntei quando ele desligou.

— Harry. O governador está com o Sr. Pierce e exige uma reunião— ele respondeu— eu te levo até a sua casa.

  Ele estendeu a mão e eu segurei.
Cody me guiou até o carro sem dizer uma palavra sequer. Ele abriu a porta e eu sentei no banco morno, ele deve estar aqui há horas.
Coloquei o cinto de segurança e esperei Cody entrar no quarto.

— que horas são?

— 10 horas. Eu te encontrei aqui quando o sol nasceu— ele falou.

  Cody deu a partida e começou a dirigir. Ele passou pelo centro.
Tem vários militares recolhendo corpos, as ruas estão fechadas para qualquer um que não faça ideia do que está acontecendo.
Alguns dos sobreviventes da Leopardo estão acorrentados e sendo vigiados por caçadores. Eu vi Ezequiel e minha irmã vigiando o número vinte e três.

— onde estão os Parker?— indaguei.

— eles se recolheram logo após sua saída, a mãe de Tyler está aqui também.

  Não demorou tanto até chegar em minha casa. Cody ficou no lado de fora e eu entrei para me arrumar.

  Entrei no banheiro e tranquei a porta.
Eu fiquei me encarando no espelho. Estou destruída. Meus olhos estão inchados, meu nariz vermelho e meus cabelos desgrenhados. O pior de tudo é que essa jaqueta não é tão grande assim, estou praticamente pelada.

  Tirei a jaqueta e liguei o chuveiro.
A água está gelada, é melhor pra despertar o meu corpo.

  A imagem de Lorenzo veio novamente em minha mente, eu comecei a chorar outra vez.
Ele não pode ter ido assim.

  Desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha, voltei para o quarto e me deparei com Tyler.

— eu estou aqui para avisar que...

— Lorenzo está vivo?— interrompi ele.

— não, Katherine, vim te avisar que o enterro será amanhã— Tyler contou e a minúscula esperança que eu senti desapareceu.

— você tem certeza que não tem nenhuma chance?

— não, ele se foi. Eu vou deixar você se vestir agora.

  Tyler saiu do quarto e fechou a porta. Eu peguei minha roupa e me vesti.
Quando eu segurei a maçaneta para abrir a porta uma raiva invadiu meu corpo.
Eu sou uma completa idiota, como eu pude senti esperança? Ele está morto.
Eu soquei a porta com tanta força que consegui abrir um buraco nela. Antes eu nunca conseguiria fazer isso.

   Desci as escadas com pressa. Saí e fui pra perto do carro, quando eu ia abrir a porta para entrar minha visão embaçou

— você está bem?— Cody me perguntou.

— não, eu não estou bem!— respondi em prantos— a cidade está de pernas pro ar, eu sou um tipo de experiência e o Enzo morreu! Como você pode perguntar se eu estou bem?— gritei e chutei o carro.

  Eu caí de bunda na calçada, não imaginei que meu chute seria tão forte a ponto do carro sair do lugar.

— eu sinto... eu sinto muito— falei encarando o carro amassado do outro lado da rua.

ANOITECER: os caçadores de lobisomens (1° Versão - Rascunho)Onde histórias criam vida. Descubra agora