Resquicios

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Quarta-Feira, 4 de Abril, 18:57

- Monstro! Você é uma aberração assim como todos na família de seu pai! - A mulher gritava, suja do sangue de seu marido caído morto ao chão por causa de uma briga trivial que havia acontecido no meio do jantar de aniversário do garoto de cabelos bicolores.

O mesmo garoto não fazia a ideia do porque a mulher estava gritando com ele. O pequeno não conseguia entender suas palavras e estava completamente alienado de toda a questão que ocorria ao seu redor, mas havia uma coisa que ele tinha certeza. Tudo ao seu redor parecia cheirar a sangue, sangue fresco e recém saído do corpo. Ele não se lembra de muita coisa apenas de que ele devia começar a tentar entender a mulher, pois ela parecia prestes a bater nele.

- Eu deveria te denunciar ao CCG! Nenhum de seus irmãos fez isso quando libertou a kagune! Apenas você! Sua... Sua criatura nojenta! Você não é meu filho! - A mulher continuou a gritar como se fosse lançar-se contra ele, mas estivesse com muito medo das asas ao redor dos ombros do menor para avançar. "Nem rinkaku essa aberração foi nascer..." ela pensa sem controle de si mesma.

- Mas... Papai estava agredindo a... - O garoto tentou se defender mas houve um som de um tapa alto, as três crianças ao redor assistiam horrorizadas os acontecimentos rolando em sua casa.

A mulher havia batido no garoto e o mesmo pareceu mudar sua postura.

O menino acariciou a bochecha esquerda com sua mão e parecia que ia dizer algo mas preferiu agir desta vez. Atirando um cristal azul que atingiu a mulher no ombro, houvesse um grito alto e o menino deixou escorrer uma lágrima. Os outros ao redor tremeram com o grito da mulher e um tentou se esconder no seu gêmeo que o abraçou tentando acalma-lo.

- Eu só queria proteger você ao invés de fugir como se eu fosse um criminoso. - Outro cristal desta vez um pouco menor foi atirado na perna da mulher que gritou mais uma vez. - Eu só queria que você fosse feliz mamãe. - Ele se preparou para atirar outra e última vez. - Desculpe por ser uma decepção mamãe.

Uma das crianças que estava paralisada de medo correu e tentou parar seu irmão antes de cometer esse erro, mas ele sabia que toda vez que a kagune é ativada pela primeira vez não importa o que as outras pessoas fizerem, você não parará até que seu alvo seja morto. O cristal maior do que os outros atravessou a distância entre o garoto e sua mãe e a atingiu em suas costelas.

A kaguhan do pequeno desativou e pela primeira vez depois do parabéns há um olhar de desespero no rosto do menino. Ele tapa a boca tentando não vomitar e da um passo para trás antes de tropeçar e cair no chão encarando os cadáveres recém mortos no local.

- Não, não, não, não! Eu não...! - O bicolor tentou se confortar e começou a repetir incessantemente até que o mais velho de seus irmãos se aproximou dele e ele o encarou com medo de sua resposta.

- Idiota. Seu... Idiota! - Ele falou sem pensar no que estava dizendo, sem pensar que o caçula poderia realmente não QUERER ter feito isso. As lágrimas saíam sem controle de todos os vivos no local. Ele fungou antes de gritar com o mais novo. - Você matou a mamãe e o papai porque você não sabe nem controlar a si mesmo! Você é mesmo um monstro como a mamãe disse!

- Eu juro que eu não...

- CALA A BOCA! - Ele falou ativando seu próprio kagune e atingindo o garoto em sua garganta.

- Ah... Gah...! E...- Ele correu do local, saindo daquela casa, ele não queria se sentir culpado por aquilo. Ele tentou correr o suficiente para alcançar algum hospital, mesmo que isso significasse que ele seria descoberto como ghoul. Ele não queria morrer e seu instinto dizia para ele correr.

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