déjà vu's ridículos, sorrisos grandes e vidas passadas

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Akaashi Keiji tinha 7 anos quando teve o sua primeira sensação de déjà vu. Ele estava no parquinho perto da sua casa e viu de longe um garotinho, mais ou menos da idade dele, rindo e se divertindo com um pequeno grupo de amigos. Esse garotinho olhou para Keiji e sorriu.

Keiji sentiu já ter visto aquele sorriso várias vezes antes, mesmo tendo apenas 7 anos.

Nunca conversou com aquele garotinho. Ele teria achado Akaashi chato, já que Akaashi nunca sorria e ele parecia gostar de sorrisos. Aquele garotinho parecia gostar de pessoas felizes, mas, naquela época, Akaashi não era muito feliz. 

Aos 14 anos, esteve em sua primeira grande partida de voleibol, daquelas que todo mundo da região vai assistir. Keiji pensou que iria desmontar de nervosismo naquela quadra, queria que em sua lápide estivesse escrito "morreu por jogar vôlei, mas passou um tempinho bem antes de cair duro no chão". Ele estava uma pilha de nervos enquanto se alongava com o time, seu coração parecia querer fugir pela boca.

Suas mãos tremiam, fazendo ele errar passos bestas e levantamentos fáceis praticamente dois minutos antes da partida. Vários pares de  olhos lhe observavam atentamente e várias vozes diziam que ele não conseguiria passar daquele jogo.

Porém um par de olhos estranho se destacava na multidão. Akaashi olhou na direção de uma voz escandalosa, pertencente à alguém com o uniforme de esportes do Fukurodani, uma escola de Ensino Médio. Foi automático, ele simplesmente se virou e seus olhares se encontraram. E esse cara deu sorriso mais largo do que Akaashi estava acostumado a ver.

O levantador não devolveu o sorriso da mesma forma exagerada, seu lábio ganhou apenas uma curvatura mínima. Mas ele respirou fundo e se acalmou. Aquela sensação estranha de déjà vu apareceu de novo, como acontecia de vez em quando em lugares aleatórios, só que mais forte do que das outras vezes, se assemelhando muito aos seus 7 anos. Aquela sensação de já ter vivido aquilo, de já ter presenciado aquele sorriso enorme ser formando várias vezes.

Suas mãos não tremiam mais e ele estava jogando com tudo.

Aos 15 anos, antes do início das aulas e um tempo depois do episódio do jogo, Akaashi precisou fazer compras para sua mãe e encontrou o mesmo cara dos seus déjà vu's sentado em um banco de praça quando estava voltando para casa. Não o reconheceu instantaneamente, mas tinha a sensação de já tê-lo visto antes, como sempre acontecia, até  o moreno perceber que aquele cara era responsável por algumas das suas confusões mentais.

Porém esse cara, embora tivesse os mesmos olhos, o  mesmo penteado espetado no cabelo e o mesmo rosto, não se parecia nem um pouco com o rapaz sorridente que Akaashi tinha visto das outras vezes. Parecia mais cansado e abatido, talvez psicologicamente exausto, com olheiras profundas e escuras ao redor dos olhos, o rosto um pouco pálido e, o mais estranho de tudo: ele não sorria de forma exorbitante e exagerada.

Esse cara levantou os olhos na direção de Keiji, se assustando um pouco ao perceber que estava sendo encarado, mas, aparentemente, curioso ao mesmo tempo. Akaashi resolveu devolver o favor feito durante aquele jogo.

O moreno deixou um pequeno e discreto sorriso escapar, algo realmente leve e corriqueiro. Pareceu ter surtido efeito, pois o outro garoto começou a prestar mais atenção no levantador, observando enquanto ele continuava a andar calmamente, como se tivesse todo o tempo do mundo de sobra.

Aquilo inspirou o carinha do sorriso grande. Eles tinham todo tempo do mundo, afinal.

Até que uma garota estranha chegou no cenário, desmanchando a pequena curva dos lábios do garoto cansado, indicando para Akaashi que era hora de ir embora. Ele não tinha nada a ver com o assunto do desconhecido.

déjà vu's e afins - bokuaka Onde histórias criam vida. Descubra agora