Depois de um certo tempo, eu comecei a gritar. Meus músculos e tendões pareciam permanentemente danificados. Gritar, de alguma forma, me distraía da dor.
A próxima vez que a porta se abriu, um garoto pequeno e frágil entrou completamente sozinho, carregando uma bandeja de comida. Por que eles enviariam uma criança desprotegida até mim? Quando ele se aproximou, entretanto, eu entendi. Era Draco Malfoy. Provavelmente isso era algum tipo de punição, algo tipo "vamos deixar o coitado alimentar o vampiro e ver se ele volta vivo". Ele colocou a bandeja do meu lado, mantendo os olhos em mim como se eu fosse um bicho perigoso. Ah, verdade, eu era.
Ele se afastou até o ponto mais distante da cela e puxou uma alavanca. Eu senti as correntes me levando para baixo e meus pés tocaram o chão pela primeira vez em — sei lá, meses? Se eu não fosse imortal eu provavelmente já teria batido as botas. Eu suspirei de alívio quando consegui colocar meus braços para baixo e relaxar a tensão nos ombros.
Olhei para Draco. Ele estava tenso, varinha na mão, pressionando seu corpo contra a parede para ficar o mais distante possível de mim. Eu levantei a tampa da bandeja e encarei os pedaços imensos de carne crua e sangrenta. Devia parecer nojento, mas não era. O cheiro era fresco e me lembrava carne de cervo, mas eu não fazia ideia de como eu poderia saber disso. Agarrei um pedaço e ainda estava quente, então eu afundei meus dentes na carne macia e arranquei um pedaço. Parecia certo comer tudo ao invés de apenas beber o sangue que escorria.
Dei outra bocada e olhei para Draco. Ele me encarava hipnotizado. Eu devia estar horrível, sujo, machucado e com sangue pingando da boca, mas ele não parecia enojado. Ao contrário, ele parecia... fascinado. Estranho.
Eu encontrei um coração e o comi devagar, encarando Draco o tempo todo. Ele começou a corar que nem o pai. Sinceramente, isso já estava ficando ridículo. Ou essa família era tão conservadora que não aguentavam olhar um cara sem camisa, ou eu era algum tipo de incubus. Era muito improvável criar a mesma reação em dois homens diferentes que nunca mostraram um sinal de homossexualidade em sete livros.
Quando o sangue no corpo de Draco começou a se mover de forma diferente, eu decidi parar de encará-lo e apenas foquei em terminar de comer o coração. Quando comecei com o fígado, Draco parecia já ter recuperado um pouco do controle; o sangue dele havia voltado ao normal e eu ouvi ele apertando a varinha com mais força.
Para ter certeza da extensão dos meus poderes, eu olhei para ele de novo e lambi o fígado do jeito mais sensual que pude. A excitação dele foi imediata e eu deixei escapar uma risada. Voltei imediatamente a focar na comida, mas Draco ficou um bom tempo se recuperando.
Após terminar toda a carne eu me senti sujo e grudento. Olhei para Draco com meu melhor olhar de cão sem dono.
"Você pode me ajudar, Draco?"
Ele deu um pulo com a menção do próprio nome, mas não se aproximou.
"O que você quer? Eu já te dei comida."
"Mas meu corpo tá sujo", eu disse, passando um dedo manchado de sangue pelo meu peito nu, satisfeito com o jeito que os olhos dele acompanharam o movimento. "Você pode me ajudar a me limpar?"
Draco lambeu os lábios e eu sorri. Que pensamentos impuros ele deveria estar tendo nesse momento!
"Vem aqui", eu disse, quase ronronando. Ele veio cuidadosamente, ainda assustado. Ainda uma criança na cova do leão.
"Um simples Tergeo resolve meu problema, meu querido Draco".
Ele sorriu com orgulho com a palavra "querido" e executou o feitiço. Me senti mais limpo.
"Agora, você pode me libertar dessas correntes, por favorzinho?"
De repente, ele estava assustado de novo. Eu o segurei pelo pescoço com firmeza enquanto acariciava sua bochecha.
"Por favor, Draco? Meus pulsos estão doendo muito!" Eu olhei nos olhos dele profundamente. "Só alguns minutos seria ótimo, querido."
Minhas palavras doces deram resultado — Draco me soltou. Ao mesmo tempo, alguém bateu na porta. Eu segurei Draco com mais força.
"Agora a diversão começa".
A pessoa bateu na porta de novo.
"Draco, você ainda está aí? Por que você tá demorando tanto?
"Agora", eu disse, meus dentes a um centímetro do pescoço dele, "você vai explodir aquela porta, ok? E aí eu vou te usar como refém para escapar daqui. Tem sempre uma possibilidade de que eles não te matem pra me pegar".
Draco estremeceu. Alguém estava pegando as chaves do lado de fora.
"Agora, Draco, ou vou abrir sua garganta".
Ele engoliu em seco, levantou a varinha e murmurou "Bombarda". A porta explodiu, esmagando a pessoa do outro lado. Segurei Draco perto de mim e saímos. Ele me guiou pelos corredores até a saída do porão. Eu estava a um centímetro da porta quando ouvi algo se movimentando às minhas costas. Me virei, soltando Draco, e encontrei um Comensal da Morte correndo na minha direção. Ele estava machucado e sangrando, e eu deduzi que era ele que estava atrás da porta.
"Estupefaça!", ele gritou, mas eu desviei do feitiço. Draco aproveitou a oportunidade para fugir. Eu não tinha muito tempo. Eu corri até o Comensal da Morte, mas julguei mal minha velocidade e acabei derrubando-o no chão. Pisei na mão dele com força suficiente para quebrar os ossos e ele soltou a varinha; em seguida, eu o mordi. Bastou um único amplo movimento com meus dentes e ele estava morto.
Eu saí do porão e me deparei com mais bruxos vindo na minha direção. Eles pareciam estar saindo de uma reunião — que momento péssimo para tentar fugir — e eu não conseguia imaginar como escapar dessa situação. Eu fui cercado em segundos e xinguei. Não deveria ter soltado Draco.
Eu desviei dos feitiços o quanto pude, mas um Petrificus Totalus me acertou no peito. Esse foi o momento em que percebi que eu era resistente à magia, porque o feitiço não me paralisou, apenas me deixou mais lento. Foi o suficiente para eles. Snape, Bellatriz e um outro cara me acertaram com três Estupefaças quando eu não consegui sair do caminho a tempo e eu apaguei, derrotado.
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A Vampire Tale of Harry Potter
Fiksi PenggemarEu acordei dentro do poderoso corpo de um vampiro, no meio da saga de Harry Potter. Isso só pode ser um sonho, né? E se é um sonho... Eu posso fazer tudo que sempre quis. ~ Harry Potter é propriedade intelectual de J. K. Rowling. Se fosse meu, o Sna...