1- Última memória

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Estava sendo puxada pela minha mãe, ela andava rapidamente com a minha irmã mais nova nos braços, escutava ela repetir a frase "vai ser melhor assim", enquanto algumas lágrimas escorriam do seu rosto, seus olhos estavam vidrados no caminho, um olhar vazio que surgia no mesmo. Tinha seis anos e não entendia o que estava acontecendo, já estava de noite e estávamos andando por uma rua longa e deserta, iluminada por alguns postes, um frio percorria pelo meu corpo apesar de estar toda agasalhada.

_ Mamãe, para onde estamos indo? - pergunto enquanto ainda andava.

Minha pergunta foi ignorada, me fazendo ficar com um pouco de medo, minha mãe estava estranha, e eu ainda não entendia nada. Depois de um tempo caminhando, passávamos por um grande portão preto de grade, chegamos na frente de uma casa enorme, assim como a porta, minha mãe se agacha colocando minha irmã Ana no chão, ela se apoiava em mim já que ainda estava aprendendo a andar.

_ Eu sinto muito. - minha mãe diz nos abraçando, fazendo meu casado ficar molhado com suas lágrimas.

_ Mamãe, o que foi? - pergunto chorando ao ver ela secar suas lágrimas, ela parecia em choque mas decidida.

_ Não se preocupe, você ficará bem, eu amo vocês - ela diz após tocar a campanhia e sair enquanto eu gritava por ela com os braços estendidos em sua direção.

Minha mãe sempre foi distante pelo que me lembro, demonstrava afeto do jeito dela, ela ficou perturbada depois que meu pai foi embora a deixando grávida da minha irmã, desde então ela nunca mais foi a mesma.

Bom, essa é a última lembrança que tenho da minha mãe, me senti abandonada por todo esse tempo, os sonhos não me deixavam esquecer essa cena por nunca ter tido uma resposta do que realmente aconteceu ou um motivo, as únicas justificativas eram as que eu criava em minha cabeça, especulações do que poderia ter feito ela tomar essa decisão.

A casa que fomos deixadas, era a casa do Sr. Lis González, nosso abuelo por parte de pai, que nos acolheu de braços abertos e nos tratou como filhas, nos deu de tudo, e o principal, amor.

Nosso abuelo era um homem experiente, passou parte da sua juventude viajando pelo mundo, é uma das coisas que ele se orgulha e ama falar sobre, das aventuras que viveu, das pessoas que conheceu e o que aprendeu, cresci escutando suas aventuras, ele contava de uma forma engraçada, sempre me tirando um sorriso, a pensar de ser brincalhão, ele era um homem de negócios, uma das pessoas mais bem sucedidas, e um dos fundadores dos Los Santos, o negócio da família era esse, o seu império estava feito, e ele, estava no topo, conhecido por ser uma das pessoas mais perigosas, apesar de nunca ter visto ele dessa forma.

Meu abuelo não mistura negócios com a família, ele sabe separar muito bem as duas coisas, é uma das coisas que ele faz questão de não nos envolver, e sempre que pergunto sobre, ele muda de assunto.

Faço faculdade de contabilidade e antes de perceber, já estava trabalhando para o meu avô, é a coisa mais próxima que tenho dos seus negócios, mas as únicas coisas que chega em mim são números. Eu sabia quais eram os seus negócios, tráfico de droga pra ser mais precisa mas eu não ligava nem um pouco para isso.




O que acharam? 

Tão perigosa quanto você (Oscar Diaz)Onde histórias criam vida. Descubra agora