CHUVA!
Pingos de chuva enormes começaram a cair do céu. Não era qualquer chuva, seria uma tempestade certamente.
Uma forte rajada de vento quase derrubou Helena da calçada do mercado enquanto retornava para casa.
No mesmo instante ela retornou para dentro do mercado, ficando parada na porta, torcendo para que Miguel não dissesse mais nada sobre qualquer assunto que houvesse no mundo. O seu desejo era enfrentar a chuva e voltar para suas crianças, mas sabia que uma chuva como aquela poderia deixa-la resfriada e uma gripe naquele momento era impensável.
Miguel calmamente começou a fechar o mercado. Helena ficou apreensiva, sem entender o porquê de ele estar trancando o comércio naquele horário. Será que ela teria que enfrentar a chuva afinal?
— Vou pegar a carruagem. — ele comentou, pegando seu chapéu enquanto entrava na chuva.
Em poucos instantes ele parou a carruagem em frente ao comércio segurando um guarda-chuva. Estendeu a mão para Helena, que inicialmente não tinha a menor intenção de aceitar a ajuda. Um favor já tinha sido muita coisa, imagine só dois numa tarde? E ainda por cima sendo de quem era, do Miguel!
Helena ainda começou a negar, porém Miguel não pareceu notar e a entregou o guarda-chuva enquanto fechava o portão. Ela, percebendo que não teria escolha, rapidamente saiu para que ele pudesse terminar de fechar tudo.
Os dois entraram na carruagem e Miguel perguntou, já sabendo a resposta: — Vocês ainda moram na mesma fazenda?
— Sim...
Helena tamborilava os dedos apreensiva, ela era recém viúva e ele um desquitado. Os dois sozinhos numa carruagem, o que todos iriam pensar? Mas quem estaria a observar num temporal desses? O pior é que sempre tinha alguém disposto a cuidar da vida alheia.
Ela estava seca, segura e naquela posição dificilmente alguém poderia identifica-la, já Miguel se molhava um pouco, pois tinha também que cuidar das rédeas.
Após alguns quilômetros a chuva piorava ainda mais.
— Devíamos ter ficado no mercado — ela disse, encarando a ponte que cruzava o Riacho das Canoas. Este estava violento e tinha aumentado absurdamente em seu volume. — Como o riacho encheu tanto em poucos minutos?
— É uma chuva torrencial. Quem iria imaginar? — Miguel admitiu, olhando a ponte com receio. — Pensei que era apenas mais uma chuva passageira. Errei, mais uma vez. Eu tenho o dom divino de tomar decisões erradas e precipitadas.
Se Miguel fazia ou não alusão ao passado, não se sabe, mas Helena pegou a referência.
— É comum errar. Todos nós erramos o tempo todo. — Helena apaziguou.
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APENAS UM DIA - Chuva de Amor (CONTO)
Historia CortaWilliam Shakespeare diz: "O amor não se vê com os olhos, mas com o coração." Quem vai negar que ele tem razão? O amor precisa ser sentido, ser recíproco, verdadeiro, para assim, acontecer. "APENAS UM DIA" nos mostra as várias faces do amor e como...