ALL THE STARS

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Pergunte para várias pessoas sobre como foram os anos do ensino médio...

Uma parte privilegiada dirá que foram os melhores, mas a maioria vai dizer que foi uma merda. Alguns irão mais fundo e dirão que saíram traumatizados.

Kim Taehyung descreveria como o próprio inferno.

Pobre Taehyung. No primeiro dia no colégio novo, ele estava com o coração na mão. No último dia também, mas dessa vez, o coração estava quebrado.

A única coisa que tornava tudo um pouco melhor para seu ego, era saber que o dente de Kang Eunwoo também estava quebrado, resultado de um soco certeiro que Jeon Jungkook, capitão do time de futebol, havia dado após também se cansar de ver o colega de time falar tantas coisas nojentas e mentirosas sobre Taehyung.

Não que apoiasse a violência ou algo assim, mas não negaria que se sentiu bem ao ver o outro tendo — literalmente — a boca calada após proferir tantas maldades. Por ser tão vaidoso e preocupado com a própria imagem e com o que os outros vão pensar e falar, Eunwoo deveria estar duas vezes mais afetado que o normal, o que melhorava tudo ainda mais.

Era um coração partido versus um dente quebrado. Sinceramente, Kim não se culparia de se sentir bem com isso. Um bom dentista resolveria o problema e o garoto não teria empecilhos para arrumar um, graças a todo o dinheiro que tinha. Amanhã mesmo estaria com o sorriso bonito e venenoso desfilando por aí. Ruim era saber que ninguém poderia consertar seu coração — ou seu orgulho — para que amanhã também pudesse desfilar sendo o mesmo rapaz de uma semana atrás, sem toda a vergonha e o sentimento de injustiça em si.

Eunwoo havia sido o primeiro cara por quem Taehyung se apaixonou, e o motivo disso ter acontecido, nem ele sabe dizer. Os dois não tinham absolutamente nada em comum. Um era o segundo melhor jogador do time de futebol do colégio, e o outro era o primeiro da turma, sempre tirando as melhores notas e zero conhecimento ou empolgação com esportes. Um era tímido e reservado, e o outro, popular e um era sucesso com as mulheres, mesmo que não se sentisse atraído por nenhuma delas. Eles tinham tudo para ser o clássico clichê adolescente, mas diferente das narrativas, Eunwoo não era o bad boy que tinha atitudes ruins mas no final mudaria por amor e se tornaria o namorado perfeito.

Ele encontrava com Taehyung escondido atrás da escola, numa cabine fechada no banheiro, no armário de limpeza, em qualquer lugar que fosse escondido de todos, principalmente do seu grupo de amigos onde ele se referia ao Kim como "o nerdzinho gay que me olha como as meninas". E sem saber de todos os comentários e más intenções que o outro tinha consigo, Tae insistia em justificar todas as atitudes "estranhas" do namorado com desculpas que nem ele mesmo acreditava.

Culpava-se o tempo todo, conseguia convencer a si mesmo que todas as falhas de caráter do outro era devido a algum erro seu: erro seu em não passar confiança o suficiente, em não se dedicar o suficiente, em não ser compreensivo o suficiente, em não se entregar o suficiente, erro seu, sempre seu, nunca dele. Até quando Eunwoo lhe disse que fingiria namorar uma das meninas líderes de torcida, pois não se sentia bem que as pessoas desconfiassem que ele gostava dessas coisas, se culpou. Mal conseguia ver a manipulação, falta de reciprocidade, tudo de ruim que aquele relacionamento tóxico carregava... Talvez uma parte de si via, mas a maior parte não queria enfrentar.

Assim o tempo passou. Taehyung fingiu, ignorou, se dedicou, se entregou, sofreu, chorou, aguentou. E tudo ia "bem" até o momento em que todos da escola pareciam ter recebido no celular a mesma notificação.

Era um vídeo postado, gravado por um dos "amigos" de Eunwoo na última festa do time, no sábado. Neste dia, Taehyung havia decidido de última hora aparecer para conversar com o namorado, querendo se desculpar pela briga que tiveram antes do outro ir para a festa beber ao ponto de nem conseguir entender o seu redor.

GAROTO ESTRELA | TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora