A janela era uma moldura que guardava a obra de arte mais linda para Jimin. Aquele rapaz do outro lado da rua era como sua Monalisa: uma obra tão cheia de beleza e detalhes, sorriso intrigante e um olhar que parecia segui-lo, não importa em que loca...
• 26/08/1911 - saía à público a notícia de que a Monalisa havia sido roubada;
• 04/01/1914 - A Monalisa volta a ser exposta no Louvre;
• Vincenzo Peruggia - autor do roubo da Monalisa.
MÚSICAS:
• Lá Vie En Rose - Edit Piaf
• At Last - Etta James
boa leitura, não esqueçam o votinho! 💜
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Park Jimin se perguntava se ele gostava de arte. Se ia a museus e passava horas em frente aos quadros, viajando nas próprias interpretações das obras alheias. Se gostava de ouvir palestras sobre artistas clássicos e comparecer a exibições de outros modernos. Se gostava de Expressionismo e acompanhava o Futurismo, se estava por dentro das novidades do mundo artístico.
Mas talvez fosse pedir demais que a arte analisasse a arte com tanto afinco assim, talvez fosse apenas irreal, porque ele mesmo já era o bastante para que passasse horas e mais horas perdido em reflexões sobre si mesmo.
Porque era justamente isso o que aquele homem era para Jimin: arte.
Sendo assim, deveria ser difícil para ele, como uma obra tão perfeita, ter algum espaço para analisar outras obras. Como será que ele passava seus dias, sabendo que era a imagem mais próximo do divino que qualquer Deus já colocou em meio aos humanos? Seria tamanha metalinguagem se arte tentasse explicar a arte, então Jimin pensava que aquele homem não saberia se explicar.
Mas, ah, como um observador Park Jimin sabia descrever a beleza e a existência daquele rapaz do outro lado da rua. Vivendo a sua vida alheio aos olhares curiosos e deslumbrados do Park, parecia ainda mais bonito apenas pelo fato de não saber que estava sendo observado.
Todos os dias pela manhã ele fazia o mesmo ritual: levantava-se e ia comer em frente ao rádio ligado, na sacada do modesto apartamento - e Jimin sabia pois já entrara naquele prédio em outra ocasião, mesmo que não para vê-lo pessoalmente. Em seguida fazia a higiene e se vestia, antes de sair para trabalhar onde quer que trabalhasse.
Como também precisava ficar fora até às cinco da tarde, Jimin sabia apenas de seu roteiro noturno também: ele chegava, deixava o casaco no aparador perto a porta, ia trocar de roupa e então comer mais uma vez. Dia ele lia, dia ele ouvia músicas dos discos. Também percebia que ele sabia desenhar e escrevia alguma coisa numa máquina de datilografar sempre. E então dormia até o dia seguinte - era o que o Park achava, já que ele mesmo ia dormir.
Uma rotina comum, sim, mas vez ou outra era quebrada. Recebia amigos e em várias noites ele saía, às vezes apenas ia dormir mais cedo. Mas não importava o quão agitado ou imerso estivesse, Jimin continuava achando que ele era divino.