Prólogo

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A história se passa em um período de tempo não conhecido por nós, onde a humanidade só faz parte de dois por cento de um mundo totalmente novo. As terras são territórios de elfos, gnomos, fadas, centauros, sereias e muitas outras espécies que se fossem para ser citadas, um livro não seria o suficiente. As áreas eram perfeitamente divididas por meio do clima predominante, que nunca muda, não importa o tempo ou o quê. Por meio dessas áreas separadas, vieram os reinos da Primavera, Verão, Outono e Inverno, que possuíam camponeses adaptados à  temperatura de seus respectivos climas. E por meio dos reinos, veio o equilíbrio, que por centenas de anos trouxe a paz para todos.

Os reis só passavam seus tronos a diante quando cometiam um erro tão grande, que era até mesmo repudiado pela própria mãe natureza – vista por todos como a deusa que criou tudo. Sem envelhecerem, com suas famílias e povoados cercados de bênçãos, ninguém pensaria em contrariar o único pedido da deusa mãe: não guerrear. As estações se davam bem até se ajudavam em alguns períodos do ano para proporcionar a todos uma experiência nova que duraria em volta de três meses - para também não chegar a ser algo desigual. 

De fato, a harmonia enraizou-se pelo mundo.

Infelizmente, até os dias mais ensolarados escurecem. E não foi diferente para todos eles, que viram seu mundo virar do avesso. Para entender de fato o que aconteceu, começarei a narrar o quão maldoso pode ser o coração até mesmo dos reis.

A reunião entre eles vinha acontecer em três períodos do ano, no começo (janeiro), no meio (junho) e no fim (dezembro). Em uma dessas reuniões, que por sinal, era mais uma conversa para garantir que o acordo de paz ainda estivesse afirmado, dois filhos, de dois reis tão diferentes, se apaixonaram perdidamente um pelo outro. Um esbanjava o calor e a expressividade do verão, enquanto o outro mostrava a plenitude e frieza do inverno. Tão diferentes... Como poderiam ter se apaixonados? Você deve se perguntar, e eu os responderei. Quando nos apaixonamos, buscamos encontrar as qualidades e, às vezes, até mesmo descobrir seus propósitos. Talvez nem mesmo eles tenham pensado que da simples admiração que nutriam naquela conversa, onde ambos visavam o bem do seu povo e também os dos outros, poderia surgir um sentimento tão forte que traria tamanha desunião. 

Era fato que os reis visavam o bem de seus povos, mas isso não significava que eles concordavam automaticamente um com o outro. Não, estava longe de serem assim. O rei do Outono, Erwin, se dava muito bem com a rainha da Primavera, Hanji, mas isso não quer dizer que eles viviam concordando um com o outro. Muitas vezes eram vistos discordando na maior cara dura da opinião do outro, e talvez tenha sido isso que fortificou o vínculo entre eles, a conversação que ambos tinham. Muito diferente de Kenny e Grisha, que mal se falavam, e quando faziam, era briga na certa. Enquanto Grisha estava quase sempre aberto a novas propostas e acordos, Kenny via-se querendo diminuí-los ao ponto de querer deixar o reino do Inverno intocável para os demais. Grisha desconfiava de seu plano ambicioso, e por muitas vezes o alfinetou ao relembrá-lo que sem o equilíbrio de todos, um dos reinos viria a ruína. E foi em uma dessas brigas, do lado de fora da sala, dois jovens aprisionados a eterna juventude estavam sentados em frente ao outro, tomando uma xícara de chá quente enquanto jogavam xadrez e trocavam algumas opiniões em determinados momentos.

A mãe natureza tinha um olhar sobre eles, pois planejava fazê-los assumir os tronos de seus pais, já que os mesmos estavam se tornando ambiciosos demais, algo que ela particularmente odiava. Grisha queria aumentar seu reinado, - querendo até mesmo algumas porções de terras da Hanji, que negou sem sequer pensar duas vezes- e Kenny queria deixar o seu reinado intocado, assim arruinando o equilíbrio – ação tão má pensada que acabaria matando todos os camponeses de frio. Enfim, ela os queria. Dois jovens cheios de planos e com seus corações ainda intocados pela chama do amor, algo triste ao mesmo tempo que bonito. A inocência ainda estava lá, o que traria bons frutos.

Um Coração CongeladoOnde histórias criam vida. Descubra agora