Capítulo 13

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"Você sabe porque estou aqui... Você e seus irmãos tem algo que me interessam"

"Quer mais um doce? Parece que precisa pra melhorar essa cara de sapo"

"Não tenho medo de cara feia... Tenho medo do tédio"

Chun-Yan bufava, as mãos amarradas em um frouxo nó. Estava em uma casa caindo aos pedaços, mas não sabia em que lugar do mapa. Só ouvia os sons de rãs e sapos vindos do lado de fora

- Ainda de cara feia? Você não sabe aproveitar um belo doce pelo visto - Xue Yang riu irônico. Tinha obrigado a menina a selar o próprio poder espiritual e agora era sua prisioneira particular. Amava ver aquela cara de desgosto por ele

- Se espera receber algum dinheiro por isso, pode esperar sentado - alfinetou Chun-Yan

- Dinheiro? Não, Não penso em dinheiro ou recompensa... Eu faço isso pelo meu próprio prazer! - Xue Yang sorriu - Como Patriarca Yiling mesmo disse, sou só um delinquente lunático! E além do mais.... - Xue Yang se aproximou mais, até sentar-se no colo da jovem Wei - Você vai ser meu brinquedinho~

Chun- Yan sentiu um arrepio. Não deveria ter saído de casa...

Δ

Quase não conseguia ficar de pé, foram mais de três dias seguidos correndo pelas províncias atrás de Chun-Yan e nada. Wangji não aguentava mais. Não aguentava mais correr, não aguentava mais ouvir as reclamações de seu tio, não aguentava mais chorar feito uma criança toda noite.

Queria sua filha de volta mais do que tudo. Mas precisava descansar também.

Chegando nos Recantos da Nuvem totalmente exausto, foi recebido por Wei WuXian e seus dois meninos, que por alguma razão, estavam fora de seus quartos

- Lan Zhan! - Wei WuXian abraçou o marido, parecia mais exausto do que a jade. Coitado - Como foi a viagem? Encontrou alguma coisa dá A-Yan?

- Não encontrei nada - Lan Wangji abaixou a cabeça, deixando bem nítido suas olheiras e o desespero do Wei

- Venha pai, precisa descansar um pouco - SiZhui disse, notando o estado do pai enquanto puxava para os dormitórios. - Pai...

- Não encontrei nada. - Repetiu Wangji antes de chegarem no quarto

- Vou mandar prepararem algo pra você - SiZhui o colocou sentado o pai na cama de lençóis brancos, o saldando em seguida antes de sair.

Ao ver que o filho tinha saído, Wangji colocou sua mão dentro de suas mangas e retirou uma espada. Assim como Bichen, mas sua bainha era de uma azul anil encantador cheia de detalhes em prata.

Queria entregar a Chun-Yan. Queria lhe ensinar a se defender.

Não podia deixá-la indefesa em um momento como aquele. E agora ela estava desaparecida a 3 dias... Que tipo de pai não consegue proteger suas própria filha? Talvez não servisse realmente para ser pai, dava o dobro de atenção para SiZhui e JingYi. Só se encontravam quando era para alguma punição.

Chun-Yan pode ter fugido por conta própria...

Δ

Já tinham se passado mais que um mês desde o sumiço de Wei Chun-Yan, porém, ninguém realmente sabia sobre o paradeiro da jovem dama, e com o tempo, foi-se cancelando a busca por ela.

No entanto, Wei WuXian não se esqueceu. Era sua filha que tinha desaparecido! Não podia simplesmente ignorar sua existência!

Toda a noite, desde o dia que Lan Wangji retornou de sua última busca, Wei WuXian acendeu uma lanterna de papel e lançava ao céu na esperança de que um dia Chun-Yan voltasse para casa.

Todos no Recanto das Nuvens não tinham mais entusiasmo para nada, principalmente Mo XuanYu e Lan XiChen. Que não saíam de seus quartos a maior parte do dia. Wei WuXian por outro lado, continuava firme em que sua filha estava viva e que logo retornaria.

Mas, passados quase dois meses desde o desaparecimento de Chun-Yan, ele perdeu as esperanças para ficar trancado o dia todo no Jingshi de Lan Wangji, rezando aos deuses para que protegesse como ele não conseguiu.

Wangji e Wei WuXian passaram os últimos dias bastante estremecidos; o Lan tentando acalmar seu parceiro o máximo possível; o Wei tentando ocultar dele a frustração e o medo que estava sentindo. Às vezes, SiZhui via o pai chorar de raiva às escondidas.

Ele percebeu que os dois estavam mal, claro, não era cego. E muito menos enxerido. Já tentara falar com Hanguang-Jun, e ele desconversou. Era o suficiente para que não perguntasse de novo.

As semanas seguintes se passaram todas naquele clima.

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Espumando de raiva enquanto assistia outra aula "especial" dos princípios do clã naquela sexta-feira, JingYi decidiu que não ficaria ali parado esperando mais um show de tédio e saiu da sala, voltando a descer pela escadaria principal

- Ei! Aonde vai? - Jin Ling perguntou, cruzando com ele nas escadas, mas JingYi continuou a descer e ele foi obrigado a acompanhá-lo

- Desisti daquela porcaria. Se ninguém vai atrás da minha irmã, eu vou

- Ei, peraí! - Jin Ling o segurou pelo braço preocupado - Tu não tá pensando em fugir agora, tá?!

JingYi abriu um sorriso maquiavélico - Quero ver alguém me impedir.

Eles já estavam nos dormitórios e Jin Ling ainda tentando impedi-lo. Por que não assumia logo que queria ir também!? JingYi riu, já devidamente armado com sua espada e talismãs, avançando por entre os pavilhões em direção ao portão da seita.

O ar de lá era estranhamente mais quente

A partir de então, JingYi só deu o primeiro passo porque seu primo estava lá de testemunha e ele não queria ser chamado de covarde pelas próximas três mil encarnações.

Mas assim que chegou ao pé da montanha, eles ouviram algo se espatifar no chão. Entrando mais na floresta, notaram um corpo jogado no chão no final de uma trilha de gotas de sangue. Estava todo enrolado em um manto negro, apenas a perna estava de fora.

Uma perna fina e branca de uma mulher

JingYi arregalou os olhos ao ver os trajes da seita Lan na moça

Não podia ser ela... Não naquele estado

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Da água para o vinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora