no one else can fix me, only you.

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Ele estava dançando com a silhueta de quem amava em todos os lugares onde estiveram e com todos os estranhos que ousavam olhar em sua direção - pelo menos era assim que via quando fechava os olhos.

Aquele jamais seria um lugar que ele frequentaria, não ele com suas calças caqui e camisas de botão, mas Sirius Black estava disposto a encontrá-lo em qualquer um que se disponibilizasse: Londres nunca seria o mesmo lugar sem ele, e por isso se esconderia em locais lotados e beberia até perder a dignidade nas calças ou saias de alguém.

- Você me fudeu. - ele disse para o nada, invocando a imagem dele. - E eu não estou falando da parte literal da coisa.

- ...Quando você está em lugares degradantes como esse, cercado de mulheres ou rapazes que não sabem com quem estão se metendo... - o rosto dele estava duro, magoado e seu tom de voz era daqueles que cortavam o coração em milhares de pedaços. - Você pensa em nós? Você pensa em mim?

- Foi você quem decidiu ir embora! – Sirius continuou, lançando a garrafa pela metade na sombra de um homem que não estava ali.

As duas dezenas de pessoas que ou fumavam seus cigarros pretensiosamente ou se agarravam como se não houvesse plateia, pararam para vê-lo conversando sozinho.

- O que foi? - vociferou, levantando-se do meio-fio. Com as mãos limpava os jeans surrados. - Nunca viram um louco bêbado falando sozinho? Essa festa já estava morta de qualquer jeito.

Entrou em um táxi que já estava ocupado, mas não se importou.

- Me leve para Surrey – balbuciou, jogando três notas de cinquenta libras no motorista.

- Estou com outra passageira, senhor - o homem disse, guardando as notas no bolso de qualquer forma. - E são quarenta quilômetros.

- Pode deixá-la antes. Não estou com pressa. - Sirius murmurou, encostando os cabelos selvagens no vidro da janela.

- Isso é um absurdo! Você não pode aceitar uma corrida comigo ainda no carro! - ouviu a moça praguejar antes de cair no sono. - Agora ele está dormindo!

E ele estava mesmo, sonhando que estava seguindo-o pelos rios, onde o céu encontrava o mar para tê-lo nos braços. A verdade é que estava indo apenas para Surrey, um condado miserável ao sudeste que só lhe trazia lembranças desagradáveis e para onde ele tinha se mudado para dar aula em alguma universidade ridícula.

Então Sirius iria até Surrey às quatro e meia da manhã para dizer para ele que pensava nos dois sim, mesmo que essa pergunta nunca tenha sido feita de verdade. O motorista o acordou cerca de uma hora depois e ele o lançou mais uma nota de cinquenta libras pela inconveniência.

Saiu do táxi sentindo-se até mais sóbrio, se perguntando o que estava fazendo ali e por que tomava decisões idiotas quando estava bêbado. Afinal, já eram cinco e quarenta... Talvez se ele bebesse um café e esperasse um pouco, poderia fingir que passara ali de maneira descompromissada para visitar um amigo.

Era um plano falho em vários sentidos: primeiro pela camiseta preta com cheiro de cigarro, perfume barato e vários tipos de álcool; segundo porque Sirius tinha certeza que não tinha amigos em Surrey, e terceiro pelo fato de estar ali, na frente da casa dele em uma das ruelas paralelas a rua principal daquele condado morto que já apresentava uma vida mundana comum de pessoas que dormem às nove e acordam às cinco da manhã para lerem o jornal e cumprimentar o leiteiro em um dia de sábado.

Sirius estava de implicância, claro, Surrey não era tão ridícula assim, existiam mercados e um hotel, lojas e talvez nenhum leiteiro. Hesitantemente ele tocou a campainha da pequena casa de esquina e esperou. Agora já era tarde para pensar em um plano B, apesar de que ele sempre poderia fingir que nada tinha acontecido e se enfiar em um daqueles quartos de hotel e dormir até o domingo, quando acharia algum carro para levá-lo de volta para Londres. Seria como se nunca tivesse colocado os pés ali.

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