5º Parte: Fim de uma fuga

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Ele caminhou até mim a primeira coisa que fiz foi afastar-me, tentando fugir dele.

- Kayla tem calma, não fujas.

Não queria saber do que me teria para dizer, apenas conseguia olhar para a porta. Estava ali a minha única hipótese de fugir. Sem pensar nas consequências levantei-me e corri para o ar gélido da madrugada. Finn veio atrás de mim.

- Kayla! Não te quero fazer mal, não sou um deles. Podes confiar em mim. Só te quero ajudar.

Felizmente não estava muito longe e consegui ouvir o que me dizia. Pela nossa amizade preferi acreditar que o que me dizia era verdade. Mesmo podendo arrepender-me parei e sentei-me no chão, estava cansada de fugir.

- Sei que queres descansar mas preciso que corras até a minha casa.

- Eles vão- me apanhar, Finn, nunca estarei segura – disse começando a tremer.

- Não penses nisso agora, o mais importante é conseguirmos sair daqui sem sermos apanhados.

Estiquei-lhe as mãos para me ajudar a levantar, o meu joelho voltou a doer, agora uma dor mais forte. Deveria estar a sangrar outra vez, só tinha de conseguir ignorar.

Corri atrás dele, cada vez estava mais cansada e o meu corpo reagia da mesma forma. As minhas pernas começavam a falhar, havia momentos em que parecia que ia cair.

Não demorou muito para que isso acontecesse, gritei assim que o meu joelho já magoado embateu no chão.

-Já não consigo mais, não tenho forças para continuar

- Por favor amiga, não desistas, estamos quase a chegar – tentou encorajar-me a continuar.

- Não vale a pena, prefiro ser apanhada.

-Não sejas parva! Não sabes o que eles podem fazer contigo. Nunca digas que preferes ser apanhada.

- Pelos vistos tu sabes o que me poderia acontecer.

Ele ignorou totalmente o meu comentário.

-Não te consigo levar ao colo, mas podes apoiar-te a mim.

Sabia que era a única hipótese. Pelo menos já não me ia aleijar tanto.

- O que fizeste aos homens que me perseguiam, eles agora não vem atrás de nós?

- Não te preocupes com isso. Tenho tudo tratado, só temos de nos apressar caso corra mal.

Estava cada vez mais confusa, não conseguia perceber como é que Finn sabia onde me encontrar.

Tive de cochiar até a sua casa. Levou-me para o seu quarto, pedindo-me para me deitar na sua cama.

-Tenta dormir, não te preocupes com eles.

Saiu do seu quarto, sem me dizer mais nada nem pelo menos para onde ia. Fiquei ali deitada, sem me mexer, devido as dores. Conseguia ouvir Finn falar ao telemóvel. Queria desesperadamente conseguir dormir, mas ao fechar os olhos tinha medo de sonhar outra vez.

Tempos depois, Finn regressou ao quarto, ao reparar que estava acordada, deitou-se ao meu lado..

-Já tentaste dormir?

- Sim, mas tenho medo do que possa acontecer se fechar os olhos, nem posso pedir ajuda aos meus pais, eles saberiam o que fazer.

As lagrimas começaram a cair novamente assim que comecei a pensar neles. Ainda bem que estava demasiado escuro para que Finn conseguisse notar, mas o rapaz já me conhecia tão bem que apesar de não me conseguir ver, limpou-me as lagrimas.

- Não te preocupes, tudo se vai resolver. Podes dormir que não te vai acontecer nada, garanto-te.

- Está bem, vou tentar descansar.

Por pouco não tinha perdido a confiança que tinha em Finn. Estava mesmo convicta de que ele poderia estar contra mim. Tinha mesmo pensado que nunca tinha sido realmente meu amigo.

O cansaço era tão grande que o medo que sentia deixou de ser o meu maior problema e acabei por adormecer.

Quando voltei a abrir os olhos, o sol entrava pelas cortinas. Finn ainda se encontrava ao meu lado.

- Dormiste bem, ou pelo menos conseguiste descansar?

- Assim que deixei de pensar nos meus problemas adormeci logo. – Suspirei - Não me podes dizer que o dia de ontem nunca aconteceu, pois não?

- Lamento.

- Estou bastante confusa, não sei o que farei agora.

Sorriu para mim.

- Tens de viver um dia de cada vez. Estarei aqui para te ajudar sempre ou pelo menos até deixares de precisar de mim.  

Finn parecia indeciso. Ultimamente as suas feições apenas transmitiam a indecisão. A culpa era toda minha! Apesar de nem sequer saber qual era exatamente a minha culpa, o meu papel nesta confusão.

Ficamos os dois a olhar um para o outro, queria agradecer-lhe todo o cuidado que tinha tido comigo durante tanto tempo mas não saía nada.

Ouvimos passos vindos do outro lado da porta, estremeci com receio de quem pudesse ser começando depois a tremer e ainda a chorar. Afinal tinha ficado um pouco traumatizada com os acontecimentos da noite passada. Finn abraçou-me enquanto me dizia para ter calma.

- São só os meus irmãos, os teus amigos. Aqui estás segura!

Tentei acalmar-me, respirando fundo. O coração ainda batia fortemente e as lágrimas continuavam a cair, mas estava a ficar mais tranquila.

- Consegues vir ter a sala? Precisamos de falar.

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