a noite estava fria, e chovia também, péssimo dia pra ter medo, pensou hendery antes de sentar na cama e apertar a barra do pijama que usava. não queria sair para não acordar kun, mas se continuasse ali parado em plena 3h da manhã não acordaria cedo – além de soltar gritinhos abafados a cada trovoada. suspirou pesadamente e choramingou consigo mesmo antes de se levantar e sair em passos pequenos e silenciosos para o quarto de yangyang, seu melhor amigo e sua quedinha. ouviu um trovejar alto e mais um grito silencioso saiu de si – sua alma também quase saiu de si –, correu para o quarto do Liu e entrou silenciosamente sem ao menos bater, sabia do sono pesado do amigo e agradeceu mentalmente por isso.
e aquilo só poderia ser algum tipo de brincadeira com a cara do alemão, afinal não tinha pregado os olhos desde que viu no Você Sabia as criaturas mais bizarras da China, okay não era pra tanto, mas tentava ao máximo descansar, e quando ouviu a porta ser aberta e fechada rapidamente logo pensou no amigo, fingiu dormir pesadamente, como é fácil enganar wong kunhang, pensou e conteve um sorriso, era um ótimo ator, e, assim que sentiu as mãos frias dele em contato com sua pele fingiu ainda dormir.
— yang, acorda, por favorzinho. — implorou baixinho, tampando a boca após ouvir mais um trovão. e aquela foi a deixa para hendery enfim dar um chute nas coxas alheias afim de acordar yangyang, este que gemeu de dor e encenou algo parecido com um gatinho acordando mau humorado na visão de hendery.
— o que você quer? — disse com a voz mais baixa e rouca que conseguia fazer naquele momento, bendito seja seus dons de encenação, com uma das mãos na coxa dolorida e o olhar no chinês, suspirou e chegou pro lado, aqueles olhinhos pidões eram demais para si, bufou. — saiba que essa é a última vez. — cobriu o corpo do garoto em seguida, começou a conversar com ele até que pegasse no sono, o que não aconteceria tão rápido.
— ah, então você acha realmente que as vacas vão dominar o mundo algum dia? — encerrou aquele tópico de perguntas estranhas que sempre faziam quando estavam na companhia um do outro, algo que só eles entendiam, no mundo deles.
— claro que sim, yang, pensa comigo, tem mais cabeça de gado do que homem, isso se o homem não for gado, isso seria bem triste, mas essa não é a questão, eu quero dizer que se cada homem for lutar contra um boi, os bois iriam vencer. — bocejou, aproveitando o carinho que recebia nos fios de cabelo, já havia se passado uns trinta minutos desde que o garoto entrou ali para dormir consigo. — eu deveria te contar algo. — ouviu um "uhum" baixinho, e continuou. — eu acho que gosto de alguém.
e aquilo era bom, mas de certa forma causava em yang uma sensação desconfortável, mas não iria dizer nada, estava ali para ouvir o amigo.
— como essa pessoa é? — questionou baixinho, um tanto desconcertado.
— parece um gatinho mau humorado quando acorda. ele tem gostos estranhos, como comer bala de café e tomar refrigerante logo em seguida, não vejo-o tendo medos, parece sempre seguro de si, tipo um herói que faz as escolhas corretas, tipo o capitão américa. — observou o teto e engoliu em seco. — tem um gosto musical bastante duvidoso, mas eu gosto disso nele. — várias opções passavam na cabeça de yangyang, pobre garotinho. — ele me protege dos sapos e das noites chuvosas. — naquele momento o coração do mais novo disparou, não poderia ser... ou poderia? não, claro que não poderia, mas tinha que ter certeza.
— e... quem é ele? — perguntou num fio de voz, mordiscando os lábios, sem parar com o carinho nos fios castanhos de hendery.
— é você. — disse, mas sem o observar, naquele quarto era possível ouvir dois corações batendo em sequências frenéticas, duas almas se conectando, e um barulho de raio ser ouvido, mas pouco importava agora, já que ambos os rostos estavam próximos, os dedinhos ansiosos de hendery percorriam o rosto bonito do yang, num ósculo calmo e gostoso se juntaram os lábios, como se necessitassem daquilo para viver, e talvez precisassem realmente um do outro.
yang separou ambos os lábios e em seguida encarou hendery, não tinha um sorriso nos lábios, mas estava agradecido aos deuses e ao universo por ter ele em seu lado. — sabe hen, eu também gosto de você. — por sua vez, sorriu, um sorriso bonito e carinhoso, hendery por fim deixou um gritinho sair de sua garganta, para ser calado por outro selar do yang. — são quatro da manhã, se controla! — proferiu e em seguida sentiu o garoto se aninhar em seu peitoral, hendery estava feliz, mas estava cansado, deveriam conversar sobre aquilo mais tarde, levantou o rosto e deixou um beijinho de boa noite na bochecha dele e o abraçou em seguida, dormindo logo após.
porém, para a infelicidade do yang, sabia dos hábitos ruins do amigo – se assim podia chamar –, sentiu hendery chutando sua perna em uma mania bastante peculiar. o chamou, sem resposta, chamou novamente, resposta alguma, bufou.
— hendery, para de me chutar! — cutucou a bochecha alheia e franziu o cenho, irritado com aquela situação, eram sete da manhã desde que não conseguira dormir novamente por conta das palavras de hendery.
podia não dizer em voz alta, mas amava o olhar dele, em como ele se expressava – mesmo que dramaticamente –, amava sua risada e seu modo de agir diante das coisas, por fim tinha cem porcento de certeza que amava hendery, e nada nem ninguém poderia dizer o contrário.
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hendery, para de me chutar!
Romancedurante uma noite chuvosa, hendery com medo resolve ir até o quarto do amigo, qual tinha uma quedinha. [henyang] [fluffy] [nghtrain] [letras minúsculas propositalmente]