a cruel truth III - the reunion

99 9 18
                                    

As mais improváveis coisas, acontecem!

Não havia acordado muito bem, estava enjoada de qualquer cheiro forte e comida muito colorida. Minha médica havia passado para a Shelly algumas receitas nutritivas para comer, enquanto eu estivesse assim, no primeiro trimestre de gravidez inteiro seria assim, provavelmente. Após comer meu "café da manhã" ainda no quarto, ouço uns barulhos estranhos lá fora mas, só consigo pensar em comer mais, estava com uma fome enorme. Chega a hora de beber as vitaminas, levanto da cama pegando as pílulas e coloco na boca, engolindo com o resto de suco que ainda estava fresco. Decido tomar um banho, colocar um moletom e sair para pegar algo para comer, enquanto estava no banheiro, ouço a porta abrir e fechar:

- Se eu soubesse que voltaria aqui, não tinha nem levantado... estou com uma fome terrível. - Disse no chuveiro rindo. Me enrolo num roupão, penteando meu cabelo e secando logo em seguida. - Mel? Está tudo bem? - Volto para o quarto me deparando com alguém escorado na porta, de gorro e óculos. - Oi? Dá para sair do meu quarto? - Digo num tom arrogante.

- Cala a porra da boca, ou você vai morrer! - Ele me assusta, então fico imóvel, não podia me rebelar com meu filho na barriga e morrer. Vejo ele tirando o moletom e o gorro, jogando no chão. Encarei o mesmo que se vira e tudo para por um segundo. Aqueles olhos eram impossíveis de não reconhecer, Harry estava ali na minha frente, olhos fundos, corpo magro, cheio de tatuagens novas pelos braços e mãos, encaro seus olhos que estão espantados e perdidos me encarando. - Mia?

- Oi Harry.... - Sussurro em resposta com os olhos marejados, um frio na barriga e um medo que sua nova aparência me causava.

- C-como você veio parar aqui? - Perguntou ele, claramente emotivo. - Você estava... você...

- Eu não estou morta, por pouco. - Respondo.

- Quem... a Caroline mentiu para mim? - Ele pensava alto, vejo aquele homem se ajoelhar perante a mim, chorando, algo que nunca pudesse imaginar ver. - Ela disse que era você, que você estava lá.

- Harry... - Me ajoelho em sua frente. O homem que eu amava e desejei tanto esses dias, o pai do meu filho estava chorando em minha frente, nenhuma raiva nem mágoa, seria capaz de me fazer vê-lo chorar sem me emocionar. Seguro seu rosto em minhas mãos. - O que está acontecendo com você? - Perguntei calma, olhando em seus olhos.

- Você... Você aconteceu. - O olhei confusa. - Tudo, tudo desmoronou desde que achei que estava morta, desde que não vi mais seus lindos olhos, desde que soube que não tocaria mais sua pele macia que as vezes, tinha um aroma de amêndoas. Depois de você, eu amei de novo, eu amei você... Mia, eu amo você. - Agora quem estava segurando meu rosto era ele, encostou nossas testas lentamente e fechou os olhos.

- Eu também amo você. - Respondi, o que o fez sorrir.

- Não quero mais sair de perto de você, não quero mais passar os meus dias sem ser com você, Mia.. você é a única pessoa a quem posso ser eu mesmo, sem medo e restrição. Desejo acordar todos os dias, com você. - Aquelas palavras acertaram meu coração que disparou de tal forma, ele junta nossos lábios em um beijo lento e penetrante, ali ajoelhados, em uma localização que eu desconhecia completamente.

- Como você me achou? - Perguntei.

- São tantas coisas... - Ele senta no chão, me puxando para seu abraço. - Estou atrás da Grace Greyk, aquela mulher que minha mãe, pera, a minha possível mãe quer morta.

- Como assim? Para quê? - O olhei, sentindo meu coração disparar.

- Mia, muita coisa mudou desde a ultima vez que te vi... Agora, eu ando por ai, como um qualquer mas, por dentro me sinto diferente de Liz, muito diferente dos meus pais e depois, de uma carta que me deixaram...é como se eu fosse um estranho, na minha própria vida. - Ele parecia perdido. - Acho que não sou um Gottschalk...

- Que carta? - Perguntei.

- Era claramente de uma mãe que perdeu o bebê, no ano que eu nasci. - Semicerro os olhos.

- Eu sinto muito... - Ele dirige seu olhar para mim.

- Não sinta, agora, eu preciso que venha comigo... Por favor, tem pessoas me procurando ai fora e...

- Não posso. - Digo.

- Como não? - Perguntou ele, aparentemente confuso.

- Primeira coisa que quero que você faça é, me escuta até o final, okay? - Ele concorda, seguro em suas mãos. - Meu nome não é Mia, eu não apareci naquela boate porque eu fugi...

- Mas...

- Me ouve até o final... - Pedi olhando em seus olhos. Contei toda a história que minha mãe me contou, querendo ou não, eu confiava no homem a minha frente, apaixonado por mim.

- Nossa... E-eu não sei o que dizer. - Ele passa as mãos pelo cabelo. Sou tomada por mais lágrimas.

- Você mudou tudo Harry, me mudou... Mudou a minha vida. - Digo entre as lágrimas, me sentando na cama, passando a mão pelos meus braços.

- Porque todo mundo tem a mania excessiva de mentir para mim? Até você, esse tempo todo escondida, enquanto eu sofria por você, ia conversar em cima do túmulo de uma desconhecida enquanto você ria de mim. - Nego com a cabeça.

- Claro que não, eu encontrei minha mãe que foi tirada de mim... Pelos seus pais, estou aqui para me proteger e proteger...

- Proteger seu ego, você é igual a Bárbara! - Ele levanta, vindo até mim e vejo novamente o Harry que eu não gosto nem um pouco. Lucke entra no quarto ofegante, olho para ele chorando, vejo que Harry vira e sorri. - Lá vem ele, o idiota que adora aparecer em horas inadequadas.

- Você está bem, Mia? - Nego com a cabeça. - Você adora machucar ela né? Isso é bem sua cara, de garoto mimado. - Lucke ataca.

- Eu amo ela mas, odeio mentiras. - Harry me olha.

- Não, você não a ama. - Ouço Lucke. - Você só não queria ficar sozinho, ou talvez, ela melhorasse seu ego na frente de todos. Mia, deu ar a sua vida imprestável. Só que você não ama ela, PORQUE NÃO SE DESTRÓI A PESSOA QUE VOCÊ AMA. - Vejo Lucke dar um soco no rosto de Harry, o que me desespera mais ainda.

- Para Lucke... - Peço.

- Eu estava certo esse tempo todo, Mia, Alissa ou seja lá quem você for agora.... Infelizmente meu único e verdadeiro amor continua sendo eu mesmo. - Ele limpa o sangue no canto da sua boca.

- Vai embora daqui, Harry. - Digo me levantando. - Não cansa de me ferir? Não se sente mal em saber que sofreu tudo o que diz e ainda sim, continua me ofendendo? - Ele olha em meus olhos. - Sai pela janela, ou vão te pegar. - Digo virando de costas para ele, me aproximando de Lucke. Quando vejo de novo, ele se foi e o vazio no meu peito era maior do que quando o reencontrei. Queria poder me desvencilhar dele.

Espírito de RetaliaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora