Epílogo

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Diante da plataforma, à beira de um abismo, Diana aguarda por Caio. O homem está deitado com as pernas cruzadas contemplando a natureza e a abóbada esverdeada do celestial que emoldura o bucólico cenário.

— Viemos até aqui somente para apreciar a paisagem? — a mulher questiona, impaciente.

— Ainda não está feito... — Caio responde com desdém.

— Quanto mistério... Você está sendo desagradável a esta altura, sabia?

— Desagradável é sua impaciência. — Caio colhe um ramo de relva, começa a mordiscar o fiapo vermelho. — Não deve demorar muito tempo.

Caio se levanta e se posiciona ao lado de Diana. Alterna a atenção para a grama, para o céu, para o rosto da mulher.

— Ainda não... Só mais um pouco. — faz um ar de mistério. — Já consigo pressentir.

— Pressentir o quê? Que coisa!

— Olhe para o céu.

Diana obedece e fita o infinito. A luz da estrela-branca fere sua retina, mesmo não olhando diretamente. O dia claro e sem nuvens deixa o céu em um tom uniformemente verde-esmeralda.

O verde passa a mudar, a partir do centro do firmamento para as laterais, para um azul-claro e límpido. A estrela-branca agora é de um amarelo radiante.

— Está acontecendo! Está vendo?

— Sim! Estou vendo! — Diana responde empolgada. — O que está acontecendo?

— Olhe para o pasto... rápido.

A vastidão vermelha é varrida desde o alto da colina até o final do horizonte por um verde vivo e destacado. Muito mais forte e penetrante que o verde celestial anterior. Os vorcos tomam uma cor marrom, o rio um azul acinzentado. Tudo ganha novas cores e feições. Estranhamente, os novos matizes parecem fazer mais sentido para Diana que os anteriores.

— Sua áurea se apagou.

O comentário de Caio, dito sem dar importância, faz Diana voltar a atenção para o companheiro. A mulher se assusta com a imagem do homem. Seus olhos possuem áureas brancas, brilhantes, enquanto sua pele é coberta por uma lustrosa camada prateada.

— Quem é você afinal? — Diana pergunta assim que se recupera do susto.

— A esta altura você já deve ter notado. — é possível perceber um simpático sorriso sobre a pele reflexiva. — Terei a delicadeza de confirmar suas suspeitas. Eu sou um colonizador.

— O que houve com o mundo? Com as cores?

— Não houve nada. São apenas as cores reais das coisas. Você está vendo o mundo real pela primeira vez. Sem a influência de sua Glorx as cores são assim. Bonito não acha?

— Mas o que houve? Por que minha Glorx sumiu?

— Haverá tempo para eu te contar tudo. Várias e várias vezes, se você desejar, durante a nossa viagem.

— Viagem? Para onde vamos?

Caio dá um passo para a frente avançando sobre a plataforma. As escadas abaixo são ignoradas, ao invés disso uma ponte se projeta por baixo da prancha. O colonizador continua avançando em direção à parede de metal da torre à sua frente. Assim que a prancha toca o obelisco prateado, um risco, quase invisível surge e, desse risco se abre um portal para os dois lados.

As áureas prateadas iluminam o interior. Um corredor se acende por tiras de bulbos luminescentes. Caio avança e se volta para Diana.

— Vamos... entre.

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