Capitulo 1

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   (Sabryna)

— Está na hora — disse com lágrimas nos olhos e um pequeno bolo de supermercado nas mãos — 18 anos, liberdade — parece engraçado o quanto as pessoas não dão valor a liberdade, talvez seja porque provavelmente a maioria delas nunca teve que viver sem ela... passei 18 anos da minha vida em um orfanato quase caindo aos pedaços com pessoas que pareciam estar internamente na mesma situação, gritando e fazendo piadas de mal gosto sobre os outros tentando se sentir superior a qualquer um que estivesse ali por pelo menos alguns segundos...

  Felizmente, ou Infelizmente para alguns, quando as pessoas chegam aos 18 anos já não podem mais viver lá e são "convidadas a se retirar", era o que eu queria a tanto tempo... me livrar daquela situação desgastante e seguir o caminho que sei que minha mãe queria para mim...

   Sai da porta do supermercado, com um sorriso no rosto e com a certeza de uma despedida da minha antiga vida, andando por ai com exatos vinte e três reais e cinquenta centavos no bolso de meu casaco azul, sem amigos ou família... eu agora estava oficialmente sozinha, mas tinha uma leve ideia do que fazer em seguida, então fui para a rodoviária mais próxima, definitivamente não era a melhor da cidade mas era a mais próxima e com tão pouco dinheiro não podia me dar o luxo de gastar com um táxi então após uma caminhada de cerca de quinze minutos cheguei a rodoviária e me dirigi para o guichê.

— Boa tarde, eu gostaria de uma passagem para Fênix Land — disse para a moça do caixa e por traz daquele vidro pude ver sua sobrancelha avermelhada como seus cabelos se arqueando com uma pergunta silenciosa, talvez tentando saber se havia entendido errado

Ainda me encarando a mulher com um tom de receio em sua voz repetiu o que eu havia dito.

—  Fênix Land?

— Exatamente o que eu disse, uma passagem para Fênix Land — olho para ela com um sorriso nervoso nos lábios à entregando onze reais e vinte e cinco centavos.

— Boa viagem, obrigada por comprar com a gente! — foi tudo o que ela disse e me entregou a passagem, mas pude sentir seu olhar queimando em minhas costas enquanto me afastava do guichê, me julgando como se eu fosse doida, mas eu mesma não poderia julga-la, não é todo dia que alguém aparece querendo comprar uma passagem para uma cidade abandonada.

O ônibus sairia dali rumo a minha nova vida em cinco minutos, as exatas uma e meia da tarde e eu jamais poderia negar que estava nervosa, era tão perceptível quanto fazer xixi nas calças no jardim de infância, nunca estive fora da cidade e agora só tinha doze reais e vinte e cinco centavos, o que cá entre nós é muito menos do que o necessário para se morar sozinho, principalmente se você vai para um lugar abandonado, mas não pude parar de pensar na única coisa que tinha de minha mãe, um papel entregue a mim por uma das enfermeiras do hospital em que nasci com as palavras "Fênix Land" escritas e nada mais...

Esperei sentada em um banco de madeira que tinha ali até o momento em que o som soou na plataforma, "ônibus 747 para Fênix Land na saída três" e então fui para lá, digamos que não era o melhor ônibus do lugar, ele parecia meio... caído? confesso que naquele momento pensei em dar meia volta e desistir daquela ideia idiota mas sabia que se o fizesse me arrependeria para o resto de minha vida então apenas entrei e para a minha surpresa quando olhei para o lado avistei mais duas pessoas , um garoto de pele escura e cabelos pretos que usava  uma camisa xadrez vermelha e preta, aparentemente ele estava dormindo, e dois assentos a sua frente estava uma garota, com a pele tão clara e cabelos tão escuros usando um vestido azul claro com um lacinho vermelho em sua cabeça, a garota era linda e se isso não fosse impossível diria que ela era a própria filha da branca de neve, o que era irônico já que ela estava comendo uma maça.

Me sentei alguns assentos a frente da garota, encostei minha cabeça na janela e  fiquei certo tempo pensando sobre o orfanato e aqueles pais que aparentemente sempre achavam grandes motivos para não me querer em suas grandes famílias, nunca entendi o porque, sempre me disseram que eu era bonita e eu mesma nunca achei o contrário, minha maior suspeita era de que o motivo pelo qual nunca me tiraram de lá foi o fato de que sempre que qualquer um chegava todos no local se ocupavam em dizer o quanto eu era disfuncional e problemática, em algum momento entre tantos devaneios e a chegada à Fênix Land acabei adormecendo.

Após o que eu acredito terem sido duas horas fui retirada do meu sono pelo garoto que havia saído de seu lugar 4 acentos atrás de mim e agora estava acordado e cutucando o meu ombro.

— Anda Bryna, a gente já chegou — ele disse sorrindo e começou a andar para fora e... espera, ele disse meu nome?

Levanto e vou correndo até ele.

— Ei ei ei espera ai! quem é você e como sabe meu nome? — pergunto agarrando seu braço o que quase me fez cair no chão

— É um prazer te conhecer, sou Brandon e sei seu nome porque estávamos esperando por você é claro, a Lana vai te explicar tudo melhor!





Depois de caminharmos um pouco Brandon me levou a um prédio onde disse que eu encontraria a tal da Lana, também me disse que a garota que estava com a gente se chamava Luna e que logo voltaríamos a nos encontrar com ela novamente.

— Bom eu tenho que ir, temo que ainda tenha que arrumar meu quarto antes da próxima aula, você vai encontrar a Lana na terceira porta a direita, bata três vezes e ela vai te deixar entrar, boa sorte! — Brandon disse e saiu correndo aparentemente com pressa.

Olho para dentro do prédio analisando tudo aquilo, parecia ridículo seguir cegamente o que um completo estranho me dizia mas eu estava tão curiosa e não sabia dizer o porque mas algo dentro de mim gritava que era o que eu deveria fazer então antes de mudar de ideia fiz o que ele disse, andei pelo corredor até chegar a terceira porta e bati três vezes.

— Por deus, entre garota!

Assim que ouvi a voz da mulher na parte interna da sala dei um suspiro e coloquei minhas mãos na maçaneta a girando devagar e abrindo a porta para adentrar o cômodo, assim que meus olhos se adaptaram a claridade do lugar se tornou quase impossível focar em algo específico então apenas olhei para todas as direções, aquilo parecia um escritório misturado com uma sala de diretoria, mas foi quando olhei para as paredes que me surpreendi de verdade, pude ver quadros pendurados com as legendas "princesa do ano", "velocista do ano", "destaque do ano" e outros títulos bizarros, mas nada foi tão bizarro quanto ver aquela mulher que provavelmente deveria ser Lana correr em uma velocidade absurda de um lado ao outro da sala para me cumprimentar.

— Mas que caral...

— Olá sou Lana Soyer, Bem vinda a Fênix Land Institution, eu sou sua diretora e sua mais nova aliada, estávamos ansiosos aguardando pela sua chegada, Rachel era uma mulher incrível! — Ela falava tudo de maneira muito rápida quase como se cantasse algum daqueles raps que alguns garotos tocavam na parte de trás do orfanado, mas cada palavra me atingiu com um baque lento.

— Como assim Institution? Nunca ouvi falar de vocês em lugar algum e por deus como você sabe o nome da minha mãe?— cada palavra saia de minha boca de maneira corrida e nem me importava se aquela mulher ia me achar louca porque era exatamente o que eu estava pensando dela agora.


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LEMBRE DE DAR FAV NO CAPITULO PFV!

o fav me incentiva a continuar com a história e mostra que vocês estão gostando!

「❀」break and be brokenOnde histórias criam vida. Descubra agora