Número 1

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L O G A N   C A M E R O N 

— Aquela menina é um demônio! — Nathan Green exclamou bem alto.

Soltei um suspiro cansado, terminando o meu trabalho sobre história do rádio. 

— Se a garota aparecer morta, o primeiro que eu vou suspeitar vai ser o Nathan. Você não parou de falar dela a semana inteira, cara. — Jonathan Parker interferiu. — Nem o Nicholas, que comprou um pote pra ela, está reclamando tanto. 

Isso era uma verdade. Meu colega de apartamento não fechou a boca um minuto desde o acontecimento de quarta passada.

— Hoje é sábado, não vou perder meu tempo falando da criatura. — Nicholas Louis continuou concentrado em terminar o café da manhã.

Ele era o mais velho de nós quatro, sempre tentando manter a ordem.

— Sabem o quanto o sanduiche de atum estava horrível? E ainda tive que pagar vinte dólares por aquele lixo. — Nathan seguiu para seu quarto reclamando.

Durante o resto daquele sábado, eu passei terminando meu trabalho. A tarde, fiquei jogando videogame com Jonathan, mas não ganhei. 

De noite pude finalmente sair pra uma festa com meus amigos.

As palavras da criatura rondavam minha cabeça toda vez que uma bandeja com salgados passava perto. Ela havia destruído minha alegria.

Além da foto de Joshua com aquele tubo dentro da garganta que revirava meu estômago. 

Foi assim que passei toda a festa. Ficava rejeitando doces e salgados, bebendo o ponche de frutas e me divertindo com algumas garotas.

Pela madrugava, voltei pra casa tonto e arrastando Nathan comigo.

Nicholas foi o único que não tinha colocado uma gota de álcool na boca, tudo isso pra cuidar de nós enquanto aproveitamos.

— Eu odeio a Allysooooon! — Nathan gritou quando lhe deixei na cama. Revirei os olhos entediado, sabendo que até bêbado ele se lembrava da peste.

Tomei um banho ainda me sentindo enjoado, mas quando cai na minha cama não ouvi mais nada. Ter que acordar na manhã de domingo me custou muito.

Cada parte do meu corpo estava dolorida e meu olhos arderam diante do Sol que batia em meu rosto, pois esqueci de fechar a cortina.

Precisava levantar e ir até o apartamento de Nicholas, pra tomar o café da manhã. Era nossa rotina durante todo o ano.

Os treinos e trabalhos da universidade de segunda a sexta, no sábado sempre tinha alguma festa na casa de um dos jogadores, e no domingo nós íamos pra o apartamento de Nick tomar café e assistir o jogo da liga nacional.

Nicholas e Jonathan moravam juntos, assim como eu e Nathan. Porém, os garotos ficavam mais no meu apartamento do que no deles.

Foi um trato justo passar pelo menos o domingo inteiro num único lugar. 

Levantei da cama só porque estava com fome. Quando fui acordar meu melhor amigo, ele quase me deu um soco, então o deixei pra trás. 

Ao entrar no apartamento, o cheiro de café fresco me despertou. Jonathan estava em seu videogame e Nicholas na cozinha, preparando tudo.

— Antes que perguntem, o Nath não quis vir. — Eu contei quando me joguei no sofá. Conectei o meu controle e comecei a jogar junto com John.

Quase chorei quando Nick colocou um pote de salada de frutas na nossa frente. 

— O que é... isso? — Jonathan perguntou, franzindo o rosto.

— Foi o que a criatura mandou a gente comer de manhã, antes do café. — Nicholas explicou. 

Eu me enterrei no sofá de tanta decepção. Aquela seria a temporada mais torturante que eu passaria. Sentiria falta de comer pizza fria.

Nathan só foi aparecer perto do meio dia, quando o almoço estava sendo feito. E não me surpreenderia se fosse um prato de folhas. 

Ao abrir o aplicativo de mensagens, vi a notificação que o treinador tinha adicionado a filha dele no nosso grupo.

Isso significava que agora ela tinha o contato de todos nós.

— Eu disse, ela é o demônio. Tive um pesadelo ontem de uma folha de couve correndo atrás de mim pra me devorar. E eu até gosto de couve, mas depois disso... — Nathan ia continuar, mas todos nós começamos a rir muito.

Percebi que seu ódio por Allyson na verdade era medo. Nathan Green, o melhor jogador de defesa do lacrosse, tinha medo da filha do nosso treinador.  

O som de risadas sumiu quando Nicholas colocou os pratos de frango, salada caesar e arroz integral na nossa mesa. 

— Vamos comer isso até quando? — Jonathan me perguntou triste. 

Não sabia dizer. Não tinha escutado nenhuma palavra que a peste tinha dito. 

Deve ter sido esse o motivo de tirar nota um no resumo, ou talvez porque disse que aquele taco mexicano era a pior coisa que já tinha experimentado. 

É. Deve ter sido por um desses motivos.

Algo que o treinador não imaginava era que os jogadores tinham criado um outro grupo pra falar mal da filha dele. 

Eu achei aquilo uma bobagem, mas como estava adicionado, não havia nada de errado em ler o que estavam dizendo de específico.

A noite de domingo chegou rápido, e quando menos percebi, já estava na hora de preparar os equipamentos pra o treino de segunda-feira. 

Entrei na pequena academia que tinha no apartamento de John e Nick e fiquei treinando até as oito e meia. Foi quando ouvi um barulho alto que decidi sair.

Nathan tinha quebrado a pipoqueira do Nicholas. 

Na verdade, quebrado era pouco. Ele tinha desmontado completamente como peças de lego no chão. Nem arrisquei perguntar como fez aquilo.

Observei quando meu amigo encaixou cada peça no seu lugar e voltou para nosso apartamento as escondidas, fugindo do crime.

Seu plano era deixar assim pra que quando Nicholas usasse, — quem sabe se comer pipoca era permitido — ela desmontasse, parecendo que acabou de quebrar.

Na segunda-feira, depois do treino cansativo e mais uma aula de nutrição chata com um suco verde estranho, o meu celular começou a vibrar. 

Era apenas três da tarde e ameaças de morte já estavam sendo feitas. Poderiam criticar o quanto quisessem, meus amigos eram os melhores que alguém podia ter.

🥍

Espero que tenham gostado.

Espero que tenham gostado

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