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"Boys, they're handsome and strong
But always the first to tell me I'm wrong
Boys try to tame me, I know
They tell me I'm weird and won't let it go
No, I'm fine, I'm lying on the floor again
Cracked door, I always wanna let you in
Even after all of this shit, I'm resilient."

Princesses Don't Cry- AViVA.

                 |It's broken|
   
  Não se escutava o ranger do piso de madeira quando a garota passava de meias por ele. Ela não queria ter o azar de acordar seu tio. Quando chegara em casa ele não gostou nem um pouco de vê-la depois de um dia de sua chegada da Califórnia, ainda mais acompanhada de moleques.

  Você teve sorte que hoje não tenho tempo para te castigar, disse o homem olhando em seus olhos, então não me dê mais motivos para fazer isso! Não quero você saindo desta casa sem minha permissão!

   A garota não tinha o que fazer além de obedecê-lo. Afinal esse cara asqueroso e malvado era seu tio. Além de que ela não tinha para onde ir, e se tentasse o enfrentar não daria nem um pouco certo, pois seu tamanho era minúsculo e fraco em comparação ao dele.

   Não conhecia ninguém, além dele e seu pai, de família. Sua mãe morrera dando a luz à nossa pequena Kelyn, e desde então, seu pai virou um alcoólatra compulsivo. Vendo essa situação, seu pai mesmo gastou todas as economias em consultas para lidar contra seu alcoolismo. Não queria que sua única filha, a pedra preciosa que a mulher que amava deixara, o visse desse jeito e sentisse decepção pela espécie de pai que se tornaria; Tudo ia bem, até conseguira um emprego de estagiário em um escritório, sua pequena era extremamente feliz com seu único pai, já com seus 14 anos.

   Os dois moravam em uma casa maior que a atual pequena, e eram felizes. Tinha um jardim na frente, cultivado pela doce senhora Kurtis, que ia toda quinta olhar as pequenas calêndulas amarelas; Kelyn passeava por entre elas todas as manhãs de domingo cantarolando suas músicas, que John diversas vezes não entendia o sentido. Balançava a cabeça e sorria, ouvindo o som melodioso de sua bela filha. Kelyn era feliz; John era feliz.

  Mas tudo se foi quando o dinheiro começou a acabar, e John se viu afundado em sua depressão novamente, dessa vez sem auxílio de dinheiro nenhum ou emprego. Todos os dias bêbado, nem sequer lembrava de sua filha, que chorava todos os dias encolhida perto do pai desmaiado no sofá de tanto beber, pedindo ao Deus que sua mãe acreditava, ajudá-los. Foram longos dois anos.

    O pai da menina dos olhos azuis céu já não podia a bancar mais, e a menina se viu responsável pelo mais velho e pela casa. Ela colocou todo o peso em cima de si. Arrumara logo um emprego entregando jornais, e ajudava o Senhor Yuri em sua loja de animais. Pelo menos conseguiu quitar as dívidas, pagar a escola, e comprar alimento, além de ter que estudar. Claro que houve uma ajudinha de seus amigos e alguns vizinhos. Mas a maioria veio do esforço da pequena menina, que era mais resistente que as pessoas pensavam. Ela não se deixaria por vencida. Tudo foi conquistado. Por ela.
   
    Foi então que ele apareceu. O irmão de seu pai. Robert Hupert Greys, o irmão empresário bom de vida e mais novo de John Ward Greys. E esse foi o erro de seu progenitor. Deixar aquele homem de cabelos pretos e estranhamente alinhados na cabeça, de olhos azuis escuros fogosos entrar. Por que a partir desse momento, a porta foi aberta, e o inferno começou.

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Kelyn se sentia sortuda. Não pelo fato de que o homem que arruina seu dia a dia, estar no quarto ao lado do seu. Mas por pelo menos ela não ter de enfrentar o monstro. Ainda.
 
   Robert estava ali para ajudar seu pai, que ainda estava em um processo intensivo para se livrar do álcool e ainda não havia conseguido encontrar um emprego decente e fixo, e pagava a escola para a garota. Nada mais que isso. Ele sustentava aquela pequena família a dois.

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