Capítulo 40- Let me just stop fighing

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Antes de ir para Neverland, eu era normal e me sentia sozinha e estranha apesar de tantas pessoas a minha volta; quando fui para a ilha, ele me ajudou a me curar e me sentir viva; agora eu estava quebrada, não queria sentir mais nada.
Sentia meu sangue ferver, tinha que tirar aquilo de mim, ou eu poderia explodir. Com forças eu levantei e andei até um ponto da floresta, consegui juntar toda aquela dor e irritação em um só, então jogava como magia pra qualquer canto destruindo algumas coisas.
Senti que conseguia respirar normalmente de novo, mas parecia que algo ainda não deixava que isso ocorresse. Tentando não pensar muito, voltei para aquela cidade que havia me machucado de uma maneira que eu nunca pensei, não sentia fome, cansaço, nem nada, porém simplesmente fui até o restaurante que eu tinha ido.
Entrando lá, memórias passavam pela minha cabeça e senti meus joelhos falharem. Sentei numa mesa e pedi qualquer coisa, quando vi um sanduíche estava na minha frente. Apesar de engolir os pedaços, sentia que eles realmente não iam para o meu estômago. Quando olhei para a porta, me senti fria e petrificada, aquele grupo estava entrando por ali. Tentei me levantar e sair, porém eles foram mais rápidos.
-Hey, qual o seu nome?- uma mulher de cabelos loiros me perguntou
-Olha, eu só quero ir embora ok?
-Você está bem?
Não acredito que ela realmente estava me perguntando isso. Apesar de matarem meu Peter, eu estar parte morta literalmente e destruída, e minha cabeça sem parar de girar com tantas coisas que eu preciso fazer, tudo sim.
-Você realmente está me perguntando isso?
-Desculpe, nós não sabía...
-É claro que não sabiam- levantei às sombrancelhas como se fosse algo irônico-bom... obrigada, mas mesmo eu sabendo que alguns de vocês não estejam realmente arrependidos, desculpas não vão mudar alguma coisa.
Dei um sorriso sem mostrar os dentes e levantei deixando uma parte do sanduíche ali.
Saí e eles me seguiram até a rua.
-O que podemos fazer? Parece que conhecíamos apenas uma parte de Pan...
Não podia escutar aquilo, não conseguia, minha respiração começava a ficar ofegante e o mundo à minha volta parecia e fechar. E então, explodi.
-PAREM, o que eu realmente quero, como vocês mesmos disseram, não é possível. Nada que qualquer um fizer vai mudar isso ou ME mudar, uma parte de mim está MORTA. Parem de tentar bancar os heróis ou o que seja. Tudo daqui me lembra do que aconteceu, eu só queria ir embora, mas agora eu tenho que arrumar as coisas, e mesmo se eu fosse, a parte destruída e tudo isso dentro de mim não vai ficar aqui com o que aconteceu, vai viver comigo. Então por favor, parem de tentar. Vocês realmente querem me ajudar?? Me ajudem a ver a questão dos meninos perdidos, ok??
Eles me olharam espantados, mas assentiram.

Me encontrei no lugar que os meninos estavam, pareciam que estavam conversando, mas quando entrei eles pararam. Um pequeno correu para me abraçar.
-Conseguem trazer ele de volta?
Então outro fez o mesmo.
-Vamos ter que crescer?
Mais uma partinha do meu coração se despedaçou.
Olhei para os mais velhos, como se perguntasse se eu deveria respondê-los.
-Me desculpa.
-Tudo bem, ele disse que estava orgulhoso da gente.
-Sim, ele disse. Vocês não sabem o quanto ele falava de vocês, mas eu não podia contar porque ele falava que isso deixaria vocês relaxados demais.
Ele riu.
-Temos um lugar pra ir.
Acho que os mais velhos já tinham entendido e me ajudaram a organizar os menores para irmos.

Chegamos na casa de uma moça chamada Regina, a de cabelos pretos e lábios vermelhos, parecia ser a prefeita da cidade.
Quando chegamos, percebi que todos eles olhavam com os olhos semicerrados para o grupo e que se eu desse qualquer sinal eles matariam todos, além de que alguns foram um pouco para a minha frente como se quisessem me proteger.
-Ok, o que pensaram?- eu perguntei
-Poderíamos levá-los para a ilha ou deixar uma casa para eles aqui.
-E se a ilha estiver morrendo?
-É uma possibilidade, às vezes é difícil saber como a ilha vai reagir.
-E um responsável? Eles precisam de alguém. E eles vão crescer?
-Poderíamos ver uma babá? Não sei
-Uma babá?- comecei a rir- eles iam acabar com ela, além disso pela história vocês sabem que eles não são muito pra regras de adultos- me virei para os meninos- quais meninos controlavam as coisas quando Pan estava fora?
Três meninos foram para a frente, cada um controlava alguma coisa.
-Vocês conseguem?
-Fomos treinados para situações assim-um deles disse e deu um sorriso como se aquilo fosse óbvio.
-E então trariam alguns dos seres que cuidam.
-E a questão de crescer... Podemos diminuir o tempo, mas não parar.
-Ele disse que estava tudo bem, mas para não nos tornarmos adultos chatos e rabugentos, e sim que ainda acreditam-um dos meninos disse
-Podemos ficar mais um tempo com você mãe?
Um outro pequeno perguntou. Simplesmente me acostumei com eles me chamando assim. Me agachei e respondi.
-Claro meu amor, fiquem mais algumas semanas lá até tudo estar certo, ok?
Ele concordou com a cabeça.
-Se você quiser pode dormir aqui hoje- a dona da casa me disse.
Se eu fosse sofrer novamente, algo que eu sentia que ia fazer de novo, que seja longe dos meninos.
-Ok, obrigada.

Coloquei os meninos para dormir e fui até a casa. Apenas Regina estava lá.
-Você mora sozinha?
-Às vezes Henry vem aqui.
Assenti e apenas fui para o quarto que eu ficaria.
Me sentei na janela para olhar as estrelas que céu deixava naquela noite.
Podia ser coisa da minha cabeça, mas jurava que ali estava escrito: Também sinto sua falta
Comecei a chorar, aquela dor no peito que tinha vontade de arranca-la com as próprias unhas, as paredes do quarto pareciam se fechar e me dando menos ar a cada segundo. Apenas dobrei meus joelhos e deixei as lágrimas saírem, gritando por dentro.
Mal escutei a porta do quarto se abrir. Até que ela se sentiu na minha frente.
-Sabe, eu também já perdi alguém que eu amava.
-Sim, eu sei.
Sabia as histórias deles.
-Sei como dói, mas imagino vocês que estavam interligados. Não sabíamos que Peter Pan estava amando, que tinha uma parte boa em seu coração que salvava Neverland.
-Nunca pensei que eu passaria por tudo isso, que um dia eu iria voar pra uma mágica e encontrar alguém com quem eu teria aventuras, uma delas esse negócio louco de amar, que confusão. Sabe, ele sabia que isso ia acontecer e nos treinou pra quando acontecesse, mesmo que nem ele quisesse acreditar muito nisso. Talvez eu também já tenha pensado, mas surgiram tantas coisa que eu deveria resolver, sendo que normalmente eu e eles nos ajudávamos de como iríamos fazer. O que eu estou sentindo, não desejo nem para o meu pior inimigo. Às vezes eu só queria deixar tudo de lado, mas eu não posso.
-Não faça isso, você consegue. Isso vai passar, eu sei que é difícil, seja paciente.
Nossa obrigada, eles que me jogaram isso nas costas e me diz isso.
Dei uma risada curta.
-Obrigada, mas eu simplesmente não consigo ficar bem, não sai... Nada. E isso está me assustando. Eu fico cansada por ficar sentada esperando e escutando isso, tudo vai ficar igual. Queria me deixar e que me deixassem desistir, ir, deixar de tentar e lutar, se isso não é bom pra mim, eu não me importo. Não sabem como é.

Na manhã seguinte, voltei com os meninos para a minha cidade.
Talvez nós tenhamos feito algumas traquinagens na cidade antes, mas ok...

My black hair and your black heartOnde histórias criam vida. Descubra agora