Prólogo

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Natacha

Beatrice sai da cama para pegar nosso irmãozinho na cesta em cima da poltrona em nosso quarto, ele estava com fome, bebês sempre se alimentam mais que as crianças.

— Nós não podemos ficar com ele, precisamos arrumar um lar para o nosso irmão — fala enquanto o sacoalhava, tentando acalma-lo.

— Ele é o nosso irmão, Bea — me aproximo dela.

— Eu sei, Natacha, mas é a única forma dele ter um futuro melhor que o nosso — sai andando e eu pego a cesta, o cobertorzinho e o meu urso de pelúcia.

— Mas aonde vamos deixá-lo? — pergunto.

— Sabe aquela senhorinha boazinha? — assinto — Tenho certeza que ela vai ser uma boa mãe para o nosso irmãozinho, ele é um ser indefeso que precisa ter um amor de mãe.

— Por que a gente não merece um amor de mãe também?

— Porque o mais importante agora é a vida do nosso irmão. A pessoa que nos gerou não está mais entre nós, e ela nunca que poderia carregar o posto de mãe, porque ela não foi uma pra gente, ela apenas nos colocou no mundo — explica.

Eu coloco a cesta no chão, Beatrice ajeita o nosso irmão dentro dela depois de envolvê-lo na manta, ele suga a chupeta com força querendo que saia algum alimento dela, ergo seu bracinho e deixo meu urso ao seu lado, eu ganhei ele de uma pessoa um outro dia que estava andando pela rua.

— Você vai deixar com ele? — ela questiona — Pensa bem, porque não podemos voltar lá para buscá-lo e desde o dia que ganhou não dorme sem esse urso.

— É um jeito dele se lembrar de nós — faço carinho nos seus cabelos pretos.

— Tudo bem, vamos aproveitar para sair agora que está de manhãzinha ainda e não tem ninguém na rua — concordei com a cabeça.

Nós saímos da casa onde morávamos, ela estava destruída, nossa vida até agora não foi uma melhores, nossa mãe era uma viciada em drogas e morreu dois meses depois que nosso irmão nasceu, só sabemos disso porque uma vizinha fofoqueira nos falou, e ninguém do nosso bairro denuncia que duas crianças moram sozinhas porque ele não é lugar mais dentro da lei que existe.

— Tchau, maninho! Eu te amo! — sussurro lhe dando um beijo na testa antes que Beatrice o leve para a porta da casa da senhora.

— É melhor para ele, Natacha — diz.

— Eu sei, é que eu vou sentir saudades — falo.

Beatrice leva ele enquanto eu fico a esperando, ela o deixa na porta da casa da senhora e bate na madeira, minha irmã vem correndo e nos escondemos atrás de um muro para observar. A mulher abre a porta e olha em volta antes de ver a cesta no chão, seus braços envolvem nosso irmão e antes de entrar tenta encontrar quem o deixou ali, mas sem sucesso entra com o bebê para dentro da casa.
Nós vamos embora, mas antes de ir para a casa passamos em frente à um lar de crianças órfãs, paramos perto da grade os vendo brincar, sempre observamos eles.

— Eles parecem felizes — comento.

— Parecem mesmo — diz.

— Por que a gente não mora aqui com eles? Nós também não temos ninguém.

— Não é tão fácil assim, Natacha, eles pr... — alguém a interrompeu.

— Oi, meninas — uma mulher jovem abre um sorriso ao nos ver.

— Nós já estamos indo embora — Beatrice pegou na minha mão para sairmos dali.

— Ei, esperem — ela vem atrás de nós.

— O que foi? Nós não pegamos nada, só estávamos olhando as crianças — minha irmã fala.

— Eu sei, não precisa se assustar. Vocês não querem tomar um lanche? Temos bolo, suco e até alguns doces que parecem deliciosos — ela sorri.

— Ela está querendo nos enganar, não aceita o convite — Bea sussurra pra mim.

— Mas ela parece boazinha. Eu quero bolo, estou com fome — sussurro de volta.

Por fim minha irmã aceita e nós entramos no orfanato, comemos junto com todas as crianças, e se eu soubesse que seria tão bom morar ali, teríamos feito alguma coisa antes para encontrar a moça boazinha.

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Estava sentindo falta de vocês! Espero que gostem de conhecer a história da Natacha e do Vincent, e eu posso dizer que vocês irão ver personagens conhecidos nos primeiros capítulos.

Um beijo e até Quarta-feira 😘

Vidas Cruzadas | Spin-off Trilogia AmoresOnde histórias criam vida. Descubra agora