São duas e meia da manhã.
Sinto as lágrimas descendo em meu rosto enquanto estou deitada.
Estou só.
Sinto minha garganta arder pelo grito de angustia que eu nunca vou dar. A escuridão, nesse momento, é minha amiga e confidente, ela é a única que permanece comigo apesar de tudo.
Depois de muito tempo sã caio novamente.
Enchugo as lágrimas, mas elas ensistem em cair. Não tem uma explicação aparente, é só uma dor enraizada na alma pedindo, implorando pra sair, rasgando meu ser e se libertando.
De quê? De quem?
Não tem explicação.
Só doi e eu preciso chorar. Mas algo não deixar sair a dor completamente. É como se em uma ferida exposta estivesse sendo jogada um grãozinho de sal a cada instante: quando a dor do impacto passa e a ferida para de dor, vem outro grão trazendo a dor novamente.
Dói.
Doi tanto e nada ao mesmo tempo. Sinto tudo e nada.
Tudo e nada.
E assim a escuridão, minha velha amiga, se transforma. Ganha trejeitos e cara nova, nome novo.
Solidão.
Que me abraça e nina em seus braços, tentando acalentar algo sem nome. O buraco em minha mente que me força a assumir minha eterna fragilidade.
Não sou forte, nunca fui. Alguns acreditam que sim e agradeço muito por isso, assim ao menos na mente deles me sinto como algo que eu não sou.
Livre.
Livre de dor, de medo, de lágrimas. Livre da minha pior parte, aquela que me prende, que me joga pra baixo...
Enquanto espero por ser livre (verdadeiramente), fico aqui, deitada, apreciando o rosto gelado pelas lagrimas que se foram. Esperando o dia que tudo isso não passará de palavras escritas por uma menina perdida que ficou no passado, que só, em meio a noite, desabafou.