Um conto sobre autoestima e afins

Capitulo unico

Eu não sei dizer quando foi que eu comecei a me importar com o meu corpo, sobre o que as pessoas achavam ou o que diziam. Eu sempre fui muito ansiosa e isso sempre me afetou muito, tanto psicológica como fisicamente.

Acho que as minhas primeiras auto decepções foram quando eu entrei na escola, tudo era muito novo e eu estava super animada, as primeiras semanas foram legais mas com o tempo as brincadeiras sobre o meu peso começaram a surgir.

Eu sabia que eu era diferente das minhas colegas, elas eram magrinhas e vaidosas, e eu sempre fui muito brincalhona, dava risadas altas, gostava de correr de uma lado para o outro igual uma maluca, e isso fez com que elas não gostassem de andar comigo. Eu lanchava sozinha, e isso durou até o 4º ano.

Depois de um tempo eu comecei a não querer mais ir para a escola, os comentários sobre a minha aparência eram constantes e eu me sentia feia, então comecei a não lanchar mais, eu sempre dava minha comida para alguém e achava que se eu conseguisse mudar e emagrecer, as pessoas iriam gostar mais de mim. Só que eu era novinha, não sabia por onde começar, então, mesmo que eu quisesse, não aconteceu.

No quarto ano uma garotinha entrou na escola, Ana era o nome dela, foi a minha primeira amiga de vdd da escola. Depois disso, eu comecei a ter amigas, mas os comentários maldosos só cresciam.
Quando eu fiz 10 anos, resolvi que ia fazer uma festinha, chamei a minha sala inteira, mesmo que ninguém falasse comigo, a ansiedade só aumentava e eu não via a hora de todos os meus coleguinhas chegarem, mas ninguém foi. Nunca chorei tanto, depois disso eu me isolei até mudar de escola

No 6º ano eu fui para o outro colégio, bem na época que as coisas estavam mudando, eu sempre fui muito lerdinha com essas coisas, então enquanto tinham garotas falando sobre gostar de fulano, eu pensava em qual seria a aventura que a minha Barbie ia viver naquele dia. Kkkkj

Os anos foram passando e junto com eles, meus amigos e tudo a minha volta mudaram, os papinhos de namoradinhos ficaram mais frequentes, maquiagens e roupas sem estampa de desenhos vieram à tona e eu só lembro de ter ficado super perdida com toda essa evolução kkkkkkj
Lembro quando minhas amigas começaram a perder o BV, eu ficava chocada com a coragem delas em conseguir ter essa intimidade com um garoto ou garota, e de tanto elas falarem sobre, eu comecei a ficar ansiosa esperando a minha hora chegar, só que, de tanto ouvir comentários sobre a minha aparência na outra escola, eu pensava que ninguém nunca iria querer nada comigo se eu não emagrecesse e me arrumasse como as outras garotas.

E foi aí que eu comecei a me rotular, mesmo que ninguém falasse ou me olhasse com reprovação, eu achava que estavam me zoando ou falando de mim. Comecei a me achar horrível e jogar na minha própria cara que eu era uma fraca porque não era capaz de recusar as guloseimas que meu pai comprava para assistirmos filmes ou aproveitar o momento em família.

Quando algum menino começava a se aproximar de mim, eu bloqueava ou me afastava pq simplesmente achava que ele queria tirar uma com a minha cara, já que na minha cabeça, nunca iriam querer nada comigo, pq eu era feia. Me sentia rejeitada por todo mundo, sendo que era eu quem me afastava, por ter vergonha de quem eu era.

Com quase treze anos eu decidi que queria emagrecer, parei de comer qualquer besteira e passei a fazer muitos exercícios no fundo de casa, por dias eu deixava de tomar café da manhã sem meus pais saberem, só para "facilitar" aquilo que, para mim, era tão importante.
E eu consegui, perdi muito peso em poucos meses, e quanto mais eu emagrecia, mais peso eu queria perder, nunca ficava contente, e como se não fosse o suficiente, comecei a ter complexos com outras partes do meu corpo. Nariz, queixo, boca, cabelo... era algo sem fim, quanto mais eu procurava, mais defeitos eu achava e mais motivos de chorar, eu tinha.

O primeiro acontecimento marcante em relação a um garoto na minha vida foi quando eu tinha treze anos, eu gostava dessa pessoa há muito tempo em segredo, mas achava que ele não gostava de mim, então depois de alguns acontecimentos, só deixei cair no esquecimento, já que, "ele NUNCA iria querer absolutamente nada comigo". Depois disso, me mantive concentrada nos estudos, era o começo do 9º ano então eu tinha que me dedicar. Só que eu sempre fui muito apegada, sempre gostei de demonstração e nunca me importei de sentir, e com isso, do nada, eu comecei a gostar do meu melhor amigo (da época), contei para algumas pessoas, e de tanto esse assunto vir a tona, ele acabou descobrindo, mas com alguns acontecimentos relacionados a isso, e uma rejeição e afastamento por parte dele, a minha concepção sobre algumas pessoas mudou, então resolvi superar e seguir a minha vida.