CAPÍTULO 20 - O DESPERTAR

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O brilho avassalador que fixou seu esplendoroso poder sobre aquele mundo desmoronando, cobriu o oceano e perfurou a areia, terminando com uma explosão potente quase desintegrante.

(...)

Fez - se possível tomar coragem de voltar a ver, com um latido estridente seguido de uma voz humana masculina, que atiçou a minha curiosidade.
Abrindo impacientemente pude admirar espantada um husky de olhos cor anil, que proporcionava um pequeno medo por causa da sua grandiosidade e seu encarar sério.

"A grande vontade que tinha era de sair correndo para bem longe"

Enquanto perdia - me nestes pensamentos o husky de repente começou uma inspeção inusitada, cheirando - me incessantemente como se estivesse procurando por um tesouro precioso... O osso.

Ele somente parou com esse incômodo, quando soltou um espirro que foi logo seguido de outra encarada seríssima e uma fala "óbvia".

— Considerando que sou alérgico a vivos e que acabei de espirrar, tenho o total direito de saber o que faz aqui. E então, o que tem a dizer?
— ...
— O gato comeu a sua língua para estar em silêncio?
— ... Eu não sei o que responder.

Estas palavras deram continuação ao silêncio anterior que trouxera dúvidas, e a constante vontade de gritar até liberar todas as minhas emoções, chegando a rasgar meus pulmões. Porém isso foi interrompido pelo husky, que esfregou a língua enorme e cheia de baba no meu corpo.

"Ai que nojento, deu - me calafrios"

— Excelente, agora seu cheiro não vai incomodar - me... Venha suba nas minhas costas que a levarei no fim do labirinto.
— Por que mudou de tom comigo?
— Não interessa, apenas suba.
— Quando chegarmos no final iremos parar aonde?
— Pergunta demais.
— Espera, você é aquele ponto?
— Adivinha? - ele deu uma risada fechada e sarcástica, para caçoar a minha falta de percepção.
— Esquece, por favor abaixe para mim subir.
— Ótima escolha.

O meu lindo vestido havia sido anteriormente encharcado com a baba, então ao subir nas costas dele os pelos longos e negros grudavam por todo o canto. Parecia que ali nada agradável acontecia.

Depois de uma hora entediante em cima do husky, sucedeu que tudo ficou mais calmo e essa sensação não trazia um bom sentimento. Por isso perguntei ao husky ranzinza a razão daquilo, que mandou eu ficar quieta pois estávamos entrando numa área nova.

Conforme fomos aproximando da suposta área, surgia uma brisa anormal que dava origem a diversos cães levando outras pessoas. Entretanto elas não tinham pupilas e nem íris, algumas faltavam braços, pernas, mãos, pés ou parte da coluna.
E ao mesmo tempo que os olhava, o husky ranzinza aconselhava - me a não bater papo com os mortos.

Apesar que estávamos em corredores zigue - zague, com uma multidão de mortos se expremendo ali tentando chegar no fim do labirinto.

Entretanto uma súbita onda de calor emergiu próximo ao meu pescoço, dando espaço para um rubi pequeno que estourou numa torre de luz vermelha, atraindo a atenção de vários cães.

O acontecimento não tinha sido bom, husky o ranzinza deu um latido forte com o som parecido de um trovão. Ganhando a oportunidade de dar a volta, no curto momento que os cães sofriam com a consequência do seu latido.

"Ainda bem que não virei comida de cachorro"

Ele correu sem cessar até que suas pernas o obrigaram parar.

— Escute menina se aqueles cães pegarem você, não terão clemência como tive.
— Como assim? Não é apenas proibidos vivos aqui?
— Isso é o menos importante, antigamente quando coisas desse tipo aconteciam, as pessoas vivas tinham um mês para serem resgatadas. Mas tudo muda com o tempo.
— Compreendo...
— Você tem sorte, alguém está vindo te buscar. E o rubi é prova disso.
— Mas o brilho está diminuindo.
— O tempo está acabando, vamos.
— Que bom! Por que os cães parecem estar vindo.
— De todos eles tinha que ser eu?...
— Eu ouvi isso.
— É bom mesmo. Agora se segura bem que vou aumentar o ritmo.
— Não há algo que posso fazer para lhe ajudar?
— Tem, cale a boca para mim salvar sua pele.
— Ranzinza.

Ele aumentou muito a velocidade, o suficiente para querer outra rodada. E felizmente só um cão nos alcançou, tendo o husky ranzinza jogado o cão caramelo para dentro do espelho que empurrei.
Devido a esse acontecido ficamos nos gabando da nossa vitória até ele parar outra vez, e surpreendentemente a causa ser os três jovens bem apessoados.

"Eu recuperei a memória estranhamente rápido, quando os vi"

— GENTE!
— HANNA!

O husky ranzinza permitiu - me descer, abrindo passagem para mim.

— É ainda inacreditável que estou vendo - os de novo. Estou...
— Se eu fosse vocês não a abraçariam, está coberta de baba.
— E a culpa é de quem será?
— Livrei - a de uma encrenca, deveria - me agradecer.
— Disso jamais esqueceria. Obrigada ranzinza.
— Esse nome é terrível não combina comigo.
— Acredite, em certos aspectos tem sentido.
— Blá,blá,blá, tanto faz. Deve ir agora.
— Mas tem coisas que quero perguntar.
— Respostas sobre esse mundo não lhe trará benefícios algum. E se está preocupada comigo, saiba que ficarei bem.

O agradeci mais uma vez e aproveitei para abraçá - lo. A nossa despedida foi rápida mas sincera, e a terminamos com a sua ida.

"Tenho certeza que tive sorte de conhecê - lo"

Virei - me para trás tornando minha atenção apenas deles, e assim com um toque no rubi, despertamos.

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