17| Injustiças

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Sigo pelo corredor e chego a porta da sala da Primeira Dama.

Dou um sorriso amarelo para os guardas que abrem a porta.

— Sim, em que posso ajudá-la? — cumprimenta a Primeira Dama.

— Rebecca mencionou que crianças inocentes estão envolvidas até às cabeças, nas guerras do Sul. Por que, por que permite isso? — vou direto ao ponto.

— Veio aqui para discutir política Srta. Joy? Não é o momento mais adequado, pode aguardar as reuniões do conselho para isso — desconversa.

— São inocentes, — prossigo — são crianças, apenas crianças famintas e despreparadas. Não sente nem um pinguinho de culpa? Por matar esses inocentes num campo de guerra seu, por colocá-los lá para servir a sua briga, sua responsabilidade?! — praticamente cuspo as palavras.

— Está ultrapassando os limites Srta. Ayales — ela se levanta.

— Limites de que? Pelo que? Por dizer a verdade? Por dizer o que mais ninguém se atreve, mas está estampado na cara de todos e nos jornais também?! Eu vi as fotos, vi o quão sujo e repugnante são tratados. A miséria que passam. Textos e artigos expondo a vida deles. Sabia que comem um mísero pão durante o dia inteiro e água. Ainda sim, você os trata como soldados de guerra.

— Por favor, meça suas palavras Srta. Joy. Todas as crianças assinam um termo, e seus pais também.

— Manipulados? Obrigados, Repreendidos, forçados? Ou até mesmo em troca de uma cesta com pão e água? — afio as palavras.

— Se está incomodada, recorra aos concelheiros. Não posso fazer absolutamente nada — diz suavemente.

— Pode, pode sim. Apenas não te interessa o suficiente — retruco.

Ela inspira fundo.

— Como eu faço para ir às guerras, quero lutar, quero ajudar — digo.

Escapa um riso dela.

— Está falando sério? — reduz minha fala a um blefe.

— Completamente.

— Fale com o capitão militar do conselho. Carter Johnson — disse ela — mas, não pode ir para guerra simplesmente assim - completou.

— Esta guerra não é deles, é nossa, é sua. Se tem alguém que deve ir lutar nela, somos nós, é o seu exercito. Faça um alistamento, vá em busca de pessoas que realmente querem lutar, ou ao menos treine as crianças para não morrerem em vão. Eu quase morri, servindo de moeda para sua briga com Rebecca. Quem será que precisará morrer de verdade para chamar sua atenção?

— Não cabe a você essa decisão. Agora, com licença e passar bem, Srta. Joy.

Saio da sala dela ainda pensando no assunto. Muito provavelmente Carter não me concederia uma autorização formal para ir as guerras, além do mais, isso exigiria preparo e apenas eu não faria a diferença naquelas trincheiras.

Deadly Mirrors - 1° Rascunho - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora