CAPÍTULO 1

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   Seus passos são apressados e sua atenção focada nos sons a sua volta. Precisa chegar no galpão com os remédios, mas não têm ideia de se vai conseguir. Se pergunta, até então, como ainda não foi atacado por nada, por nenhuma das abundantes criaturas que cercaram a noite.

   A luz alaranjada das janelas aparece entre as árvores, indicando que está no caminho certo e que, talvez, haja esperança de sobreviver. Neste momento, está com medo de mais para pensar em probabilidades e se já estava ou não morto. Mas não, ainda não.

  Puxa um apito de seu pescoço e o assopra com as forças que restam para os pulmões, ouvindo um baque alto vir de dentro da construção, seguido de um sonoro “puta merda”. O portão dá abertura de uma brecha estreita, deixando ainda mais luz escapar para fora. Se arremessa para dentro assim que consegue, soltando um suspiro de alívio e caindo de joelhos no chão.

—Você tá vivo! – Alguém diz, reafirmando o que o que estava no chão também não consegue acreditar. —Como?! Cadê o carro? Você tá bem?

—O carro... – Respira fundo, ainda empenhado em recuperar o fôlego. —Morreu na placa da bifurcação, desligou total...

Mais três pessoas se aproximam, alguns receosos e outros com feições preocupados.

—Você ficou no escuro? Puta merd... – O rapaz leva a mão à testa em preocupação.

—Minho, eu estou bem. Não sei como... – Se apoia em um pequeno banquinho para se levantar, tirando a bolsa dos ombros e a colocando sobre o móvel. —Eu trouxe as coisas. Achei bem mais do que esperávamos...

  —Podemos buscar o carro amanhã, e que bom que está vivo... – Um garoto ruivo se aproxima, envolvendo o pescoço do recém chegado sem prévia permissão e lhe dando um abraço frouxo. —Conta tudo depois...  – Sussurra. —Vai lá pra cima e descansa. Você se superou desta vez.

—Obrigado, Yongbok. – Acaricia seu cabelo com o indicador, se afastando em seguida. Minho se aproxima e segura seu braço com firmeza.

—Eu vou com você...

—Deixa ele descansar, Le... – Felix começa a se pronunciar quando é interrompido por Chris.

—Tudo bem... – Sorri para ele. —Vem cá. – Puxa Minho para mais perto, passando um braço sobre seu ombro, começando a caminhar em direção à escada que dá para o andaime interno do galpão, onde estão os colchões improvisados.

—Obrigado pela ajuda, Chan. De novo. – Pega a mochila do banquinho.

—Disponha... – Diz, com um pouco de apatia pelo recém trauma.

Christopher se solta do amigo, lhe direcionando um sorriso antes de começar a subir as escadas com um pouco de dificuldade, mas tentando não demonstrar. Para no segundo nível do andaime e se solta sobre alguns edredons, grunhindo e ouvindo as ligas de metal rangerem pelo baque. Minho chega em seguida, se sentando com os joelhos dobrados ao seu lado.

Lá embaixo, os outros rapazes cochichavam motivos e especulações, se dando o trabalho de não incomodar o descanso de ninguém.

—Como nenhum diabrete o matou? – Seung diz, reparando rapidamente em como fez parecer. —Ainda bem que não o fez, vocês entenderam. Só estou confuso.

—Não é a primeira vez que eles estão tão quietos. – Felix entoa, retirando os vidros da mochila e os colocando em fileira. —Demos sorte de combinar com a ocasião. Principalmente porque, se o perdêssemos... – Estremece.

—Metade da nossa chance de sobreviver indo junto de um cadáver. – Vez de Han opinar. Vendo como o olharam com sutil agonia. —Ele manda quase tudo aqui pra frente.

—Certo, seus puxa-saco. – Brinca. —Temos bastante antibióticos desta vez, mas não todo ele. Então tentem não ficar doentes.

—Claro, vou tentar. Adoro quando acontece, mas já que não posso...

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As estrelas sumiram depois do dia 27 de agosto, e a lua agora só pode ser vista durante o período diurno. Alguma coisa está cobrindo o céu depois das sete, mas ninguém têm ideia do que é, ou pelo menos se pronunciou sobre isso, já que o resto do mundo parou de dar notícias logo no terceiro dia.

Muitos morreram até que se descobrisse o perigo da noite, amigos, família... Saiam e não voltavam, engolidos por alguma coisa, ensanguentados em suas respectivas portas logo de manhã.

Até que começaram a sobreviver, pois agora tinham uma ideia relativa do que estava acontecendo, então alguns os viam, os monstros. Foram batizados de diabretes, as coisas mais horrendas e variadas que se possa imaginar.

Não se sabe para onde vão de dia e ninguém quer ao menos saber, não ainda. Enquanto por um período eles deixam o mundo em paz, já é o suficiente.

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⏰ Última atualização: Nov 25, 2020 ⏰

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