Capítulo 25 - Fantasma da biblioteca

42 8 69
                                    

O clima era calmo. O campo gramado cor de rosa se preenchia por seres de todos os tipos. Alguns fantasmas recém transformados saíram flutuando para longe dos adoráveis, pois tinham muito medo. Os jujubas faziam o trabalho final de guiar todos depreciáveis e medíocres a uma balsa que os levaria ao seu lar.

Ane descansava, sentada em uma pedra de jaspe, tendo Shad deitado em seu colo. O vampiro se sentia fraco por estar muito tempo sem alimentação. Tinha os lábios ressecados, e a garota tentava potegê-lo do sol, acobertando-o com uma manta trazida pela Gangue das Jujubas.

Eucrânio havia saído em um corvo gigante. Fora em busca de Sanguynho para Shad, e para espalhar a boa notícia: A Princesa de Corações Floridos foi derrotada e o emissor de raio purpurinizador, destruído. Mundo das Bizarrices estava livre finalmente.

Os adoráveis bobos da Ilha da Alegria não seriam um problema sem a influência da princesa ditadora. Com a ausência do raio purpurina, ninguém mais seria transformado em doce outra vez.

Ane pensava que todo seu esforço tinha valido a pena, embora ainda se sentisse aflita. Ela olhava para o arco-íris sobre a praia. Via ali, a sua saída para aquele mundo. O que tanto almejou, e que agora lhe parecia uma tarefa difícil.

A garota visualizou o olhar cansado do vampiro, que não se desviava dela. Alisou os cabelos lisos dele, dizendo que iria ficar tudo bem.

— Você é uma heroína... — disse Shad, sorrindo, mas logo sentindo dores em sua pele ferida próxima à boca.

— Sim, eu sou, mas você também é... — Os dois riram.

A garota sentiu paz naquele instante, pois sabia que estava tudo bem.

Pouco tempo depois, Eucrânio chegou ao local, trazendo uma mochila cheia de caixas de Sanguynho. O vampiro ficou desesperado ao ver.

— Me dê, me dê! — ele suplicou e tomou uma caixinha das mãos do esqueleto. Começou a tomar aquilo rapidamente. E várias caixas não pareciam saciar sua sede.

Nem tudo estava acabado. Eles deveriam consertar os estragos feito pela princesa malvada. Os jujubas se aproximaram. Tamira, a roxa, tomou a frente e falou por todos:

— Obrigado, ó nobres depreciáveis, por terem nos ajudado a derrotar a Princesa de Corações Floridos. Como foi estabelecido, a ilha agora é nossa, não é?

— Sim, ó jujuba roxa — respondeu Aneline bem-humorada. — Espero que cuidem bem deste lugar.

— Pode deixar, que não iremos cuidar de nada. E tudo será um caos como sempre foi — respondeu Carola, a jujuba amarela.

Todos os outros jujubas olharam para a menor.

— Por que estão me olhando assim?! Todos sabem que os adoráveis não são nada civilizados... — a pequena se defendeu.

Ela estava certa. Ilha da Alegria era uma tremenda confusão. Todos os seres adoráveis viviam em pé de guerra nos tempos comuns. Esse era o curso natural das coisas por ali, mas agora eles não seriam problema para ninguém. Afinal, naquela ilha de sorvete, eles poderiam brigar à vontade. Na pior das hipóteses morreriam e renasceriam como fadas ao saírem de uma poça de caramelo.

— Temos muito a fazer, Shad — disse Eucrânio. Ele olhou para a garota e depois voltou o olhar para o vampiro. — Te aguardo em Infame Brigadiça. — Então o esqueleto partiu dali ao voar em um corvo. Os vários cogumelos de Arquipélago Feliz o seguiram.

Ane entendeu o que ele quis dizer. Shad deveria cumprir sua missão de ajudar a reerguer o Mundo das Bizarrices. E quanto a ela, deveria partir. Seu pai estava esperando.

Mundo das BizarricesOnde histórias criam vida. Descubra agora