Capítulo 3

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Chego a minha loja, de chinelo, devido ao meu salto quebrado. Vou tentar passar o dia todo hoje, na parte interna da loja, porque não estou muito apresentável de calça social e chinelo. Meus colegas de trabalho e funcionários, ainda não chegaram. Assim, começo a organizar minhas planilhas e cuidar de toda parte administrativa da loja.

Desde muito nova, sempre fui apaixonada por perfumes. Conhecia cada fragrância, nomes, marcas. Acho que sempre tive uma ótima memória olfativa, associando cheiros a pessoas, momentos, lugares. Esse deve ter sido um dos motivos que me fizeram me apaixonar por Fernando, sempre muito cheiroso, usava um perfume amadeirado com notas de bergamota e limão. Pois é, minha memória olfativa é realmente muito boa, ao ponto de até hoje ainda lembro do perfume que ele usava.

E foi devido a minha paixão por perfumes, que aos poucos, fui caminhando e consegui abrir a "Cada cheiro, uma lembrança", minha loja de perfumes nacionais e importados. Consigo indicar para os clientes o perfume ideal de acordo com seus gostos.

Ouço um barulho na porta e sei que deve ser o pessoal chegando.

-Bom dia, Nathy - me cumprimenta Letícia, minha funcionária e também uma grande amiga.

-Bom dia, Lê.

-E então, como foi seu final de semana?

-Nada demais, levei Luquinha ao cinema, ele queria assistir ao "Homem aranha". Depois, a noite, coloquei ele para dormir, bebi um vinho e fui tentar terminar minha série na Netflix. E seu como foi?

-Nathy, você não vai acreditar- diz ela se aproximando da minha mesa, para me contar alguma novidade, daquele seu jeito empolgado de sempre.

-Vai, me conta, adoro saber das suas aventuras amorosas, já que eu não tenho nenhuma.

-Amiga, lembra do Rafael?

Faço cara de interrogação, porque realmente não sei quem é esse Rafael que ela está falando.

-Nathy, eu falei dele com você. O Rafa do aplicativo. Já estávamos trocando mensagem a uma semana - diz ela, e eu começo a me lembrar de quem ela está falando.

-Ah, sim. Lembrei, o que tem ele?

-Eu finalmente, fui conhecê-lo. Ela me responde com um sorriso largo, de orelha a orelha.

-E como foi? Quero detalhes.

-Ai amiga, foi incrível. Ele é tão gentil, e gato, e sexy também, mas ainda assim consegue ser fofo. E também tem muita pegada.

Ela diz essa parte com um sorrisinho malicioso.

-Nathy, acho que estou apaixonada, e estou sentindo que dessa vez, eu encontrei o homem da minha vida!!! Amiga, vai se preparando, porque acho que dessa vez eu caso. Estou sentindo, que finalmente o Universo, está conspirando ao meu favor.

Dou risada, ao ouvir as palavras da Letícia, eu amo minha amiga, mas ela é dessas pessoas, que se apaixonam cada semana por alguém diferente.

-Que bom Lê, eu também espero que dessa vez, seja "O cara".

-E você Nathy? Não está nem conhecendo alguém?

- Lê, não tenho tempo para isso. E minha vida amorosa, passou de pouca, para inexistente. Você acredita, que a minha vizinha fofoqueira, veio me perguntar quem era o rapaz que estava de carro no meu portão.

- E quem era o gato Nathy? Você não me contou que teve um encontro - diz em ela em tom de reclamação.

Tenho vontade de rir com esse comentário de Letícia.

-Amiga, não contei, porque não teve encontro nenhum. O carro no portão, era o Uber que já chamei no dia que meu carro deu problema. Olha, que situação. Até meus vizinhos, querendo saber se ando tendo algum encontro.

-Nathy, você sabe que amo você né? E quero seu melhor sempre. Olha amiga, o Fernando foi embora a anos, e depois disso você conheceu o que, 1 cara?

-Na verdade, 2, teve aquele amigo da minha prima.

-Ok, 2 caras. Mas você, não acha que está na hora de conhecer alguém bacana, ter um relacionamento.

Letícia, diz isso em seu melhor tom descontraído.

-Lê, falando assim, até parece que todos os dias aparece algum um homem bacana, querendo um relacionamento comigo.

-Nathy, não seja injusta, porque quando aparece você inventa alguma desculpa.

-É porque me preocupo com o Luquinha, como ele vai reagir.

-Tenho certeza que o Luquinha, quer ver a mãe dele feliz - diz ela sorrindo para mim.

- Não sei Lê, vamos com calma né?

-Nathália querida, você já está separada a muito tempo. Não precisa mais ter calma.

Solto um suspiro de frustração, porque sei que minha amiga tem razão.

-Ok, Dona Letícia, você tem razão. Vou pensar um pouco mais em mim e na minha vida amorosa, prometo. Agora vamos abrir a loja e começar mais um dia de trabalho.

Encerro nossa conversa, mas confesso que fico pensativa sobre a minha vida amorosa inexistente. Sempre me preocupei muito com Luquinha, sobre como ele aceitaria alguém em minha vida, com isso o tempo foi passando e eu acabei me fechando de certa forma.

A essência do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora