Mudando a estratégia

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A chuva caía em grande quantidade naquela tarde de sábado.

As quatro comecei a me arrumar para o encontro com Marlee, e não demorei muito no processo. Papai iria visitar um amigo e então pedi carona até a cafeteria que havia marcado com ela, as quatro e trinta e cinco, saímos de casa.

Sempre quis visitar a Little Skips mas nunca tive a oportunidade. Enquanto falávamos no celular mais cedo, Marlee comentou adorar o lugar e disse que provavelmente algum conhecido não ia nos ver lá.

Escolhi a última mesinha dentro de um enfileirado, e esperei. Havia chegado um pouco mais cedo, talvez para conter toda a tensão em minhas veias. Seria a primeira vez que veria Marlee desde o dia que ela e Carter foram pegos, e isso faz mais ou menos… uma semana.

E então em exatos três minutos, ouvi um sininho tocando e olhei para a porta, Marlee sacudiu seu guarda-chuva no tapete e o deixou encostado na parede ao lado da janela. Passando a mão por seu casaco, ela rodeou os olhos pela cafeteria até encontrar os meus. Sorriu de lado.

Pensei em ficar de pé para abraçá-la mas desisti na hora, estava nervosa demais para aquilo.

— Oi — Dissemos juntas e ela se sentou no banco a minha frente.

— Já pediu algo? — Perguntou olhando para o cardápio em cima da mesa.

— Ainda não, estava esperando você. — Respondi e no mesmo momento ela me olhou. Quase que pude ver a grande frustração dentro de si junto com a vergonha. Não me aguentei, mesmo sabendo exatamente a resposta daquela pergunta: — Como você está?

Marlee afastou o cardápio e tentou sorrir passando uma mão pelo pescoço. Me arrependi rapidamente. Como ela poderia estar? Eu sou meio burra, deveria tê-la deixado falar primeiro.

— Esses últimos dias têm sido horríveis. — Balançou a cabeça mantendo seus olhos no amadeirado da mesa. — Sabe, eu achava que a coisa mais humilhante que tinha acontecido na minha vida era uma ter garota me batido no meio de toda a escola na oitava serie mas agora… — O canto de seu olho esquerdo lacrimejou mas Marlee se conteve. Senti um bolo na garganta. — Eu nunca me senti daquele jeito Meri, as pessoas me olharam como se eu fosse… uma vagabunda, eu não consegui me olhar no espelho por uns três dias.

Sabia que ela ia começar a chorar, sua voz estava embargada e fraca e eu tive vontade de chorar consigo. Tames colocou uma mão em frente os olhos para tentar esconder o que estava evidente, senti uma necessidade muito grande de reconfortá-la mas não sabia como e nem o que dizer.

Olhei para sua mão que estava na mesa e a segurei com as minhas.

— Marlee está tudo bem, sou, eu, jamais iria te julgar. — Falei mas ela não tirou a mão que estava no rosto, em vez disso soltou a que estava entre as minhas e tentou limpar seus olhos com as duas.

Dei um tempo a ela e tentei fazer o máximo de silêncio possível. Minhas pernas estavam tremendo e eu não sabia muito bem o que fazer, era tudo tenso e complicado demais, eu odiava ver minha amiga naquela situação.

Uns cinco minutos devem ter passado até Marlee voltar a mostrar seu rosto que agora estava todo vermelho, ela suspirou fundo várias vezes, até que enfim, pela primeira vez no dia ela me olhou nos olhos por mais de quatro segundos.

— Me desculpe.

— Não precisa pedir desculpa por nada… estou aqui por você — Murmurei e eu enxerguei claramente um sorriso por mais que pequeno que fosse… de gratidão.

— Boa tarde, vão querer pedir alguma coisa? — Uma garçonete veio até nós com um sorriso de lado. Provavelmente não tinha vindo antes por perceber o estado de Marlee, me senti aliviada por uns segundos.

Sr. Maxon SchreaveOnde histórias criam vida. Descubra agora