único

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Taeyong estava cansado.

Isso era um eufemismo, mas era a forma mais simples de explicar a exaustão que escoava em seus ossos e o deixava quase incapaz de se manter ereto. Ele se superou no estúdio aquela noite, a queimação em suas coxas e braços um lembrete do quão rigorosas haviam sido as duas horas extras que adicionou.

Vivendo no terceiro andar do seu prédio, Taeyong normalmente deixava o elevador antigo e se apoiava nas escadas, mas nesse ponto ele não tinha certeza se conseguiria subir os dois lances de escada sem colapsar. Demorou uns bons cinco minutos até que o elevador finalmente chegou, e a subida foi instável.

O ruivo suspirou aliviado quando finalmente chegou em sua porta, procurando suas chaves enquanto se escorava na madeira escura. Ele precisava de um banho gelado e então talvez a pizza dormida e sono. Com isso em mente, Taeyong finalmente conseguiu abrir a fechadura e adentrar seu apartamento, fechando e trancando a porta enquanto jogava sua mochila no chão.

Foi apenas quando tirou seus sapatos e tentou os deixar na bandeja à porta que ele percebeu a escuridão em seu apartamento. Sua mente cansada demorou alguns momentos para perceber por que isso era esquisito. Ele lembrou que havia deixado a luz da cozinha acesa aquela manhã quando saiu às pressas. Será que a lâmpada queimou enquanto estava fora?

Ele testou o interruptor perto da porta. Nada. A ideia de que talvez ele tivesse que descer e ver se o síndico do prédio estava lá ocorreu à ele, mas ele parou antes de ir até a porta, ciente, subtamente, de que o apartamento não parecia estar vazio. Em algum lugar na escuridão, olhos o vigiavam.

O silêncio agora parecia sinistro. Taeyong segurou a respiração, ouvindo atentamente por um momento, mas ele não ouviu nada além do sussuro dos eletrônicos. Então as luzes simplesmente não estavam funcionando. Estranho. Ainda assim, parecia que seus sentidos o estavam traindo – quão cansado será que ele estava? –, então ele deu de ombros e voltou-se para a porta, atrapalhando-se até a maçaneta na escuridão.

Então uma mão tampou sua boca.

Seu grito abafado de surpresa virou um grito de dor quando ele foi fortemente empurrado contra a porta, um corpo pressionado contra suas costas o prendendo à superfície gelada. Taeyong lutou, se revirando no aperto do desconhecido, mas uma mão forte segurou seus pulsos, batendo-os contra a porta acima de sua cabeça. Se fosse qualquer outro dia, Taeyong talvez tivesse uma chance de se defender do seu agressor, mas naquele dia ele já se sentia como se fosse colapsar antes mesmo de entrar em seu apartamento.

Apesar disso, Taeyong continuou lutando, se curvando em uma tentativa de se livrar de quem ele sabia ser um homem agora, um pouco mais baixo que ele mesmo. Ele usou sua mão livre para agarrar débilmente a mão pressionada em sua boca, gritando contra os dedos ágeis na esperança de que alguém do outro lado da porta pudesse ouvir.

O corpo atrás dele tremeu e levou um segundo para Taeyong perceber que seu agressor estava rindo. Taeyong hesitou em um momento de choque até sentir algo afiado contra seu pescoço. Uma faca. Era pequena, provavelmente um canivete, mas era suficiente para servir de aviso, Taeyong congelou, respiração falhando.

"Bom garoto," uma voz atrás dele disse, suave e um pouco aguda.

Taeyong tremeu, lutando novamente para se libertar, mas a faca pressionou ainda mais insistentemente em sua garganta. Um soluço sufocado conseguiu passar pelos dedos em sua boca e a pessoa atrás dele começou a rir de novo, mais alto dessa vez.

Com ambas as mãos livre, Taeyong se sentiu tentado a abrir a porta novamente, mas o metal gelado passeando delicadamente por seu pomo-de-Adão o fez pensar duas vezes. Lágrimas queimavam seus olhos enquanto sua mente era desnorteada por perguntas. Como esse homem entrou em seu apartamento? Por que escolheu o seu apartamento? Ele o estavam stalkeando? Por que, por que, por quê?

Baby Don't Stop [Tradução]Onde histórias criam vida. Descubra agora