Sr. Maxon Schreave

O Cientista

A fila para o sushi no restaurante da empresa era grande naquele dia. Mas de qualquer forma, eu não estava com fome.

Me-sentei em uma mesa praticamente escondida de todo o resto e me coloquei a pensar sobre o que deveria fazer naquele resto de dia.

Minha cabeça doía desde o momento em que falei com Kriss, não conseguia me concentrar em mais nada.

Eu sei que há coisas muito mais importantes na vida do que um homem. Maxon nem sequer é meu namorado para eu ficar desse jeito. Mas não consegui evitar. Por que tudo aquilo estava acontecendo com a gente? Certo que fomos extremamente imprudentes em fazer aquilo nas escadas, mas... será que o preço a pagar tinha que ser aquele? Eu simplesmente acabar com algo que ainda nem havia começado direito?

Quanto ao sentimento a Kriss... não sei nem o que falar. Bem no fundo, sei que ela está certa em querer contar para a coordenação mas é extremamente ridícula por querer uma "recompensa" em troca de meu término com Maxon. Schreave não vai querê-la, e não falo isso porque acho que sou a única no coração dele e blá blá... falo porque o conheço minimamente para saber que ele não vai se interessar (daquela maneira) pela personalidade dela. Maxon vai reconhecer rapidamente quem é a Kriss. Não vai rolar.

Sinto ainda mais pena, por ela querer receber créditos na empresa por ter um caso com alguém de grande importância aqui dentro, do que por seu próprio trabalho. Significa que ela não tem amor próprio nenhum, e que em algum momento vai quebrar a cara por agir dessa maneira.

A própria cobra do jardim do Éden aparece em minha frente cortando meus pensamentos.

— Bom dia, America. — A voz cínica de Kriss se pronunciou em minha direção — Pronta para daqui a pouco?

Até então, não tinha olhado para ela. Mas aquilo era um mero sinal de submissão, não queria dá-la isso. Virei meu rosto para si com o semblante sério.

— Você está? — Perguntei sem tirar os olhos de si.

— Estou sempre pronta para alcançar meus objetivos. — Sorriu de lado e eu quis que meu taco de basebol estivesse comigo naquele momento.

— Só na sua cabeça que esse plano vai dar certo. — Balancei a cabeça como se a achasse estúpida. E acho.

— Até agora, ele não teve falha alguma, teve? — Entortou a cabeça para o lado ainda com aquele sorrisinho de merda. Kriss estava muito confiante, eu odiava ter que admitir que precisava obedecê-la. Mas não existia outra escolha. Se eu não me rendesse, tanto eu quanto Maxon perderíamos nossos empregos. Sei que a intenção inicial dela não era ferrar Maxon, mas como não tinha jeito de ela ferrar só um de nós nessa situação, escolheu o caminho mais prático.

Meu silêncio deve ter sido muito bom para Kriss.

— Bem, só algumas outras particularidades sobre o plano. A primeira: Saiba que eu estarei vigiando tudo, tudo mesmo, desde o momento em que você pedir para conversar com ele. Segundo: — Ela tirou um aparelhinho do tamanho de dedo no bolso de sua calça — Use isto para gravar a conversa.

Olhei para a cara dela e ri ardentemente.

— Eu não vou terminar com ele aqui na empresa. Pode tirar o cavalinho da chuva. — Continuei de braços cruzados.

Kriss colocou suas mãos sobre a mesa na minha frente.

— Acho que você ainda não se tocou que quem dita as regras aqui sou eu, não é mesmo? — Não consegui desviar meu olhar, e tive que ficar encarando-a como se eu fosse a empregada com medo do castigo de sua dona. Engoli o seco e meu coração apertou. — Você vai fazer o que eu quiser, e quando eu quiser. Você vai terminar com Maxon hoje a noite, em frente a empresa e vai usar meu gravador.