Capítulo Único

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Ele sempre o observava de mansinho pela janela de seu quarto. Toda noite ele admirava a canção que era tocada em seu violão, prestando atenção nos lábios para poder identificar a letra por linguagem labial, nem sempre obtendo sucesso. Já havia se tornado rotina fitar a cabeleira ruiva, nem ao menos se lembrava de quando aquilo tinha começado. Só gostava de assistir o garoto tocando seu instrumento, carregando noite felicidade, noite melancolia. Era muito bonito mirá-lo.

Porém algo parecia estar errado com aquele rapazinho... Houve uma noite que enquanto ele tocava, lágrimas escorreram por suas bochechas e subitamente o violão foi parar no chão encostado na cama. Seu corpo tinha tombado sobre o colchão, e provavelmente ele tinha chorado até dormir.

Como Jackson gostaria de estar ali com ele, o ruivo parecia tão angustiado e sozinho... Seria ótimo se não parecesse estranho lhe oferecer um ombro alegando que o vira chorar de sua janela. Por causa disso e mais um pouco, pela manhã, acabou deixando uma pequena cesta de café da manhã, com uma mensagem reconfortante com a assinatura clichê de "admirador secreto". A reação do mais alto foi vista porque Jackson regava seus lírios pela manhã, e assim foi possível ver a surpresa, dúvida e o sentimento confortável vindo do mesmo. Até mesmo um curto sorriso apareceu em seus lábios, o que acabou sendo a cena mais linda que pudera ver em uma manhã de pouco sol.

E desse momento em diante Jackson se dedicava em mandar pequenos e simples presentes ao fim do mês, e curtas frases ou trechos toda semana. Tudo para ver o maravilhoso sorriso que seu vizinho tinha. Aconteceu de uma vez ter recebido algo em troca, uma carta e uma caixa de chocolates (aconteceu que quando Jackson foi entregar sua pequena citação à porta do ruivo, aquilo estava lá). No papel era permitido ver o quão bonito eram os traços de suas letras e quão poético e clichê tudo aquilo soava. Poderia ser clichê, mas nenhum dos dois estava reclamando ou achando incômodo.

Pelo contrário.

Era óbvio que aquele quem admirava sentia curiosidade de saber o dono de seus presentes, isso era empregado várias e várias vezes em outras cartas entregues acima do tapete. Nunca foi exequível pegar o seu admirador no flagra, e esse fato se tornou gradativamente mais irritante. Por que diabos era tão complicado?

A resposta seria que: Jackson conhecia aquele ruivo. Tinha noção dos horários... E isso parecia mais doentio; ficar observando e mandando diferenciadas coisas para um garoto que mal sabia o nome. O único contato deles era o famoso 'bom dia' que existia toda manhã e talvez, algum 'boa noite'.

Quando estavam próximo do outono, uma nova pintura se juntou a outros tipos de quadros que eram espalhados pelo recinto de descanso do maior. Pelo que era possível ver, se tratava de lírios. Coincidência era que no considerável jardim de Jackson continha uma parte somente dessas flores. Indo mais ao fundo dos motivos por ter aquelas plantas, seria que sua mãe gostava muito delas e aquilo se tornava algum tipo de lembrança a ela. O acalmava observá-las, pois lembravam o sorriso de sua genitora que no momento estava tão longe de si fisicamente.

Algumas pessoas diriam que para garotos cultivarem um breve jardim existiria algum tipo de pagamento por trás dele, porque aquilo não era feitio de um rapaz exercer, mas Jackson fazia isso com toda cautela e carinho do mundo. Ele gostava daquilo... E agora via que o ruivo americano também. Isso, de certa forma, o agradava.

Um tempo havia se passado desde então, e agora era quase de noite. Estava naquele instante em que o céu ganha uma coloração diferente e incomum, porém maravilhosa e que transmitia calma para as almas. Mas enquanto o moreno recolhia algumas peças de roupas, parecia que nada estava calmo para seu vizinho.

Primeiro porque a porta da residência justaposta se fechou muito forte para alguém que estivesse calmo. Mas o garoto não estava sozinho, existia outro ser que não parecia tão alterado quanto.

O óbvio Jackson Wang | marksonOnde histórias criam vida. Descubra agora