Amor de um demônio.

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Estávamos andando de noite pela floresta, Dororo tentou me fazer segundo ele, cócegas, não  achei bom nem ruim, apenas o ignorei, eu não queria conversar, eu queria apenas continuar andando e encontrar logo algum demônio .

Ouvimos sons estranhos, parecia um homem e uma mulher, Dororo ficou com raiva dos sons que eles faziam.

- O que é  isso? Aqui não  é  lugar para fazer essas coisas, espero que vocês  sejam comidos por ursos.

Dororo começou  a jogar várias pedras em várias direções  e do alto das árvores um objeto caiu, olhei para o alto e vi duas chamas, uma branca e outra  de uma cor que parecia com  a dos demônios, só  que num tom bem mais claro. Era um demônio e com certeza iria matar o Homem. O demônio tinha uma voz feminina. Dororo descreveu como uma aranha gigante.

Tentei matá-lo, mas ele me prendeu numa árvore com um tipo de teia e fugiu, foi estranho ele não  ter me atacado mortalmente, talvez por que eu o tinha machucado. O homem que estava preso estava ileso, mas não  parava de rir, Dororo disse que ele deve ter enlouquecido.

Entramos numa vila, ganhamos um tipo de passe para viajantes e lá  ficamos sabendo que pessoas estavam desaparecendo  misteriosamente. Dororo conversou com um homem, lhe disse que era um demônio que deveria estar sequestrado as pessoas.
Eu queria pegar o Demônio  que pudesse estar por trás  disso e Dororo queria a recompensa.

Dororo era uma criança  muito esperta, um menino que sabia como lidar com os que ele chama de adultos, eu chamava todos de chamas, mas aos poucos eu estava aprendendo a dar os nomes reais das coisas.

Eu ainda não  conseguia falar, eu não  sabia ao certo como fazer, foi bem difícil falar o nome da Mio, algo em mim não  me deixava conseguir falar, talvez as palavras que eu ainda não  sabia pronunciar apesar  de entendê-las quando ouvia de Dororo.
Eu não  sei como iria ser se eu não  tivesse encontrado essa pequena chama, esse garoto chamado Dororo que me chama de irmão, que me ajuda tanto.

Os dias estavam muito quentes, Dororo quis que procurassemos  pelo demônio  de noite, e assim passamos a noite andando pela vila e pela floresta e não  encontramos nada.

- Ah, ficamos a noite toda andando e não  encontramos nenhum, demônio  onde ele estava se escondendo? Ah a minha cabeça  não  está  funcionando  direito, vamos dormir enquanto ainda não  amanheceu.

Deitamos na grande escadaria, eu estava com muito sono, pela primeira vez consegui dormir sem me incomodar com os sons da floresta.
Quando acordamos descemos de volta para a aldeia e Dororo pediu que um adulto lesse o que estava escrito numa placa que deveria ser de madeira, pela cor que eu a enxergava.

- Está  escrito que outro homem desapareceu ontem, de noite e então  aumentaram a recompensa.

- Será  que vão  pegar o moço? – uma criança  perguntou a um adulto  que estava com ela.

- Não se preocupem, não  vão  pega-lo. Ninguém  aqui o entregaria ao patrão, por maior que seja a recompensa- disse o Homem à  criança.

De repente senti fome, não  tínhamos comido nada e nem tínhamos um local que oferecesse comida e segundo Dororo, aquela vila era bem pobre.

Comemos algumas plantas que eu sabia que eram comestíveis , mas por mais que comêssemos,  a fome não  passava.

- Hyanikin, essa será  a última noite em que procuraremos o monstro aqui. Podemos estar com fome, mas vamos lá.

Acenti e começamos a procura.
Dororo estava com muita fome e sentou no chão .

- Ah como é  difícil andar com duas noites de barriga vazia. Lamento Hyakkimaru,  acho que demos azar dessa vez. É melhor desistirmos e Irmos.

Ouvi algo, fiz um gesto para que Dororo ficasse em silêncio.
Duas pessoas estavam se aproximando, uma voz era de mulher e de pronto a reconheci, era o monstro que encontramos quase matando um homem.

- Este é  o moço  que encontramos ontem. – disse Dororo

- Vocês  são  as crianças  que querem a recompensa.

Percebi se imediato que o Homem segurava a mão  de uma mulher cuja chama era da mesma cor do monstro aranha.

- Vocês  de novo! Vieram para me matar suas pestes?

Dororo reconheceu a voz da mulher.

– É  ela! Hyanikin, essa mulher é  a aranha monstro. Eu sabia que ela era o sequestrador, Afaste-se dela velhote ou ela vai te sugar até  a morte. Poderemos comprar comida se derrotar o monstro, pegue-a Hyakkimaru.

- Ohagi um monstro? – disse o Homem.

- Você  não  entende o que eu digo, essa mulher é  um monstro  e uma sequestradora – Dororo disse nervoso.

O homem a estava protegendo, e explicou que era ele o sequestrador, e que na verdade ele ajudava as pessoas a fugirem da aldeia que pregava o trabalho escravo.
Eu não  a ataquei de imediato, a chama daquele demônio era diferente das dos demais, eu esperei até que ela mostrasse a sua verdadeira forma, guardas a apareceram e ela os atacou e se aproximou muito deles, tentei ataca-la mas ela jogou algo sobre mim, um tecido  talvez e me prendeu, Dororo me ajudou a me soltar.

Fomos atrás do demônio e do homem, chegamos bem na hora em que eles foram atacados pelos guardas. E assim que os  guardas da aldeia os atacaram acertando flechas no homem que estava com ela, ela se transformou assumiu sua verdadeira forma, vi a chama do demônio que ela realmente era.

Senti o perigo vindo dela e a ataquei, mas ela apenas de esquivava e com um golpe me jogou longe. Por fim quando  eu estava prestes a extinguir a sua chama, ela protegeu o Homem.

- Vejo que um de nós vai ter que morrer  - disse a Bakemono.

- Não,  não  a mate... Ouvi o Homem pedir.

-Ohagi, você  nunca matou e nem vai matar, não  é?

Vi a chama da grande aranha mudar de cor e voltar a ficar menos perigosa, ela estava querendo  proteger o Homem, eu sabia que ela não  seria um perigo, eu senti que mesmo que eu a matasse eu não conseguiria recuperar qualquer parte do meu corpo. Eles fugiram pela fenda onde o Homem sabia que eles poderiam sair da aldeia.
Deixamos aquele lugar.

Não  entendi quando Dororo disse que aquela aranha estava apaixonada pelo homem.

- Hyanikin  ainda bem que você  recuperou a sua audição, senão  as coisas teriam acabado de um jeito desagradável. Ainda não  quer falar não  é  mesmo. – Dororo acertou em cheio – tudo bem vou falar por nós  dois e animar as coisas.

Dororo se assustou com uma aranha, iria mata-la mas a libertou.
Achei engraçada a atitude dessa criança  e soltei um riso, foi algo sem querer mas que me fez sentir bem, sem repulsa por aquele pequeno  som que eu ouvia de mim mesmo.
Dororo ficou bravo, eu apenas continuei caminhando, queria pegar o próximo demônio.

Hyakkimaru e Dororo.- Narrado por Hyakkimaru. Onde histórias criam vida. Descubra agora