Desfecho de um destino

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Eu precisava descansar um pouco, poder respirar normalmente, percebi que estava no meio de um campo de trigo, eu sabia que Tahomaru estava atrás de mim. Tentei ficar ali um tempo para recuperar o fôlego, mas não consegui, Tahomaru me encontrou depressa, consegui evitar o seu ataque usando as minhas espadas. Agora com as mãos protegidas eu conseguia manusea-las melhor mesmo ambas não tendo os cabos.

Continuei a luta com Tahomaru, quase o acertei, começamos a correr lado a lado. Ele começou a evitar meus ataques sem conseguir revidar. Tahomaru começou a correr me evitando, fui atrás dele.

Novamente as palavras vinham me corroer.

O corpo que recuperar estará manchado...

- Mesmo assim, eu vou...

Perdi Tahomaru de vista, mas continuei correndo eu sabia para onde ele estava indo. Para sua casa.

Entrei no castelo de Daigo. A casa de meus pais e do meu irmão, estava tudo vazio, nenhum, sinal de pessoas. Tahomaru estava me esperando.

- Diga suas últimas palavras - Tahomaru me disse.

Eu ignorei e parti para cima dele. Estávamos lutando cada um pela sua própria vida. Minhas espadas as vezes batiam em alguns lugares da casa, era um ambiente pequeno.

- Deve ser difícil lutar aqui dentro com os braços mais longos. Hyakkimaru , morra no castelo onde nasceu.

Senti que havia algo queimando, aquele lugar estava pegando fogo.

- Devolva. As últimas partes que me faltam! - gritei indo para cima dele.

O fogo nos cercou, continuamos a lutar nos ferindo um ao outro. Eu não me importava com o calor do fogo, não me importava com as feridas e nem com a dor. Eu não parava de ataca-lo e nem ele a mim.

Tahomaru conseguiu me acertar.

- Repugnante. Como ousa profanar o castelo de Daigo? Aqui não é lugar para você.

- Castelo de Daigo? Então também é meu! - gritei.

Sim, tudo aquilo também era meu, eu também era filho de Daigo, se ele não tivesse dado quase todo o meu corpo aos demônios, talvez eu tivesse crescido aqui, tivesse sentindo amor pelo meu irmão pelos meus pais.

- Nuca foi seu e nunca será! - Tahomaru ficou com mais ódio ainda de mim - este castelo é meu. Eu nasci e fui criado aqui. Eu brinquei aqui, treinei aqui.

Corremos para outros lugares do castelo enquanto lutavamos . Tahomaru continuou a falar, como se quisesse, enquanto lutavamos, me mostrar tudo que ele tinha e que eu nunca tive.

- Este é o meu quarto, meu pai me deu aquela mesa e cavalos. Minha mãe também. Minha mãe sempre... Mãe.

- Mãe? -repeti a palavra.

- Ela é minha mãe! - Tahomaru me atacou com força e me defendi - Você nunca esteve aqui. Nenhuma lembrança sua está gravada neste local.

A chama de Tahomaru oscilou, senti tristeza nele.

- Você...Por quê? - perguntei.

- Por que o quê?

- Você sempre esteve aqui. Sempre.

- Sim ao contrário de você Hyakkimaru.

- Então por que sente falta?

- O que?

Tentei formar uma frase que me fizesse entender.

- Sente falta de alguma coisa. Como eu.

- Eu? Nunca.

Hyakkimaru e Dororo.- Narrado por Hyakkimaru. Onde histórias criam vida. Descubra agora