[capítulo 01 | thoughts.]

28 2 0
                                    

             "𝑷𝒐𝒄𝒐 𝒂 𝒑𝒐𝒄𝒐 𝒆𝒍 𝒄𝒐𝒓𝒂𝒛𝒐𝒏
𝑽𝒂 𝒑𝒆𝒓𝒅𝒊𝒆𝒏𝒅𝒐 𝒍𝒂 𝒇𝒆
𝑷𝒆𝒓𝒅𝒊𝒆𝒏𝒅𝒐 𝒍𝒂 𝒗𝒐𝒛."


Estava tudo bem lá fora. O dia estava como eu gostava, bem ensolarado e com poucas nuvens, o sol dava os seus indícios de que iria ser um dia bem caloroso.


Como era apenas 6h eu resolvi ficar um pouco mais na cama e tentar colocar meus pensamentos em ordem. A semana estava começando, era a estação da primavera, eu ajudava a minha irmã, Anahí, em um ateliê de moda. Annie era minha melhor amiga e irmã, sim, minha mãe Blanca se casou com o pai dela e desde então formamos essa família.


Meu pai faleceu quando eu tinha os meus quatorze anos de idade. Sua morte foi algo que eu não esperava vivenciar tão cedo e da maneira que sucedeu até o dia de seu óbito eu não perdi a minha fé de que tudo iria ficar bem. Meu pai fora a pessoa que eu podia confiar desde pequena. Ele me ensinou a ler e escrever o meu nome e também foi a ele quem soube da minha primeira paixão. Falar dele me dá alegria.
Eu o amava. Minha relação com mamãe sempre fora o essencial, mas depois que meu pai, Fernando, se foi, nos apegamos mais e agora com Annie conosco sentimos mais apego.


Meu trabalho com Anahí é uma das poucas coisas que me aliviam. Com ela sei que posso ser quem eu sou. Falar de coisas sem noção e além do mais, me abrir sem julgamentos ou culpa nenhuma.


As pessoas apontam o dedo para mim e dizem que devo abandonar o Paco, meu namorado. Nós nos conhecemos na adolescência, eu tinha meus dezessete anos e Paco vinte e dois, sim, ele era mais velho que eu, mas isso não me importava, ele me apoiava em tudo, ouvia meu choro, ria das minhas piadas e até mesmo me ajudava em casa. Sei que minha carência estrema me fez ver isso tudo nele de uma forma um tanto quanto estranha.


Certa vez estava chegando em casa com minha mãe e ouvi uma conversa de Paco ao telefone, dizendo coisas horríveis que eu achei que fossem pra mim...

Bom ele negou, então sigo acreditando nele. Ele era perfeito em tudo, mas começou a reclamar de tudo. Da minha mãe, meu trabalho, amizades, tirando os joguinhos emocionais e isso quando a minha única companhia não é a lua.

Ele viaja muito e eu acabo me afundando na melancolia que se tornou minha vida.


Independente disso tudo eu ainda o amo e sinto essa dependência e sonho que podemos ter a nossa família um dia.


Decidida a levantar da cama, envio uma mensagem para Annie me encontrar na frente da nossa cafeteira favorita para acertamos os últimos detalhes da nova coleção, e claro, comer.


Saindo de meu apartamento, uma das coisas  que eu mais me orgulho de ter conquistado, eu saindo andado pelas lindas calçadas da minha cidade, eu gosto daqui. Perdida em meus pensamentos, eu nem me toquei que havia chegado e Annie estava lá me esperando com os seus olhos azuis mais claros que eu conheço.


-Ainda bem que você chegou. Não aguento mais esperar, estou morta de fome.- as vezes Anahí era tão dramática e eu tive que rir dela.


-Não é para tanto, amiga. Eu vim caminhando no mesmo instante que te mandei mensagem. – vi Annie revirar os olhos.


-Okay, Dul. Vamos ao que interessa. Precisamos fechar essa coleção o quanto antes, Christian está no nosso pé e não vai perdoar os atrasos. Sabe que ele é um excelente estilista, mas detesta fazer as coisas correndo.


-Sim, eu sei. -suspirei olhando as mesas ao nosso redor. Estava com um bloqueio criativo e exausta com toda essa revira volta. -Vamos procurar os fornecedores de tecido e os outros afins. Você cuida da parte dos telefones que eu vou atrás dos últimos detalhes.


-Está bem. Mas agora vamos fazer o nosso pedido, você sabe como que eu fico irritada com fome.
Apenas concordei com um aceno de cabeça e fizemos nossos pedidos. A manhã e tarde seriam longa.

Depois de tomar café e resolver algumas pendências fomos para o ateliê dar os últimos toques na coleção. Christian estava lá todo animado e com receio de dar algo errado e eu bom, sou tão insegura comigo mesmo que não gosto de transparecer para ninguém o quanto essas mudanças estavam me afetando.

As pessoas não entendem o que se passa comigo, as vezes todos estão sorrindo e eu estou encolhida pelos cantos... É difícil. Até eu mesma não me entendo. Pego não somente as minhas dores, mas também a das pessoas ao meu redor.

Enquanto os dois estavam conversando eu fui em direção a sala de tecidos e peguei meu notebook para trabalhar tentando me livrar desses pensamentos ansiosos.

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

My Peace Point.Onde histórias criam vida. Descubra agora