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Não encontrei Itachi novamente pelo restante do dia, em compensação Kami e eu passamos o dia inteiro treinando taijutsu. Eu era péssima em taijutsu.

Já sentia cada músculo do meu corpo protestar quando enfim nos sentamos quase no final da tarde, Kami não parecia nenhum pouco cansada do treinamento, ela apenas me observava pacientemente, enquanto eu massageava meu próprio corpo nos locais mais doloridos.

— Você se saiu bem. - ela garantiu com animação. — Se dedique ao treinamento de taijutsu e será imbatível logo, logo.

— Você é realmente boa nisso, não sei se vou conseguir te acompanhar rápido assim, - sorri ironicamente. — Quem sabe com alguns anos de treinamento.

— Meu clã tem como especialidade o taijutsu, então é fácil pra mim, cresci treinando isso.

— Acho que deve ser muito bom ter habilidades que são ensinadas a você desde cedo. - falei, no fundo do peito um pouco de melancólica foi inevitável ao lembrar que eu não tinha absolutamente nada ali.

— Também pode ser sufocante as vezes, todos esperam que você seja tão bom quantos seus pais ou seus avós foram. As expectativas poderiam ser menores.

— É, acho que no final a vida de ninguém acaba sendo perfeita. - falei com humor e nos duas acabamos rindo.

— Você vai voltar para Vila? - Kami já estava de pé, tirando as poucas gramas que acabaram grudadas em sua roupa.

— Vou ficar por aqui um pouco mais, - falei e depois de uma breve despedida Kami se foi.

Me encostei no tronco da árvore sob a qual estava. Cansada demais para fazer qualquer coisa além de deixar os pensamentos vagarem um pouco.

Eu gostava de imaginar situações, era um passatempo divertido e muito satisfatório, porque nos meus pensamentos eu sempre poderia conseguir o que queria. Uma pena que a realidade fosse tão diferente.

Quando meus olhos se abriram de novo percebi que acabei adormecendo, o sol já tinha começado a se pôr e o céu estava em seu melhor tom de rosa e dourado quando me levantei.

— É cada vez mais difícil encontrar disposição pra voltar pra casa. - falei comigo mesma, os braços erguidos acima da cabeça enquanto me alongava. — Acho que eu deveria adotar um gato.

Antes de voltar a Vila escalei a árvore na qual tinha adormecido, concentrei o fluxo de chakra na sola dos pés para começar a subir. Dessa vez foi muito mais fácil liberar a quantidade certa de chakra para a parte do corpo desejada, a cada nova tentativa ficava mais e mais fácil, se tornava instintivo.

Satisfeita com o desenvolvimento do dia deixei a clareira de treinamento quando começava a escurecer, no meu caminho para casa passei na biblioteca para levar comigo alguns pergaminhos de ninjutsu.

Afinal seria bom me ocupar com alguma coisa, ainda não tinha encontrado nada para fazer na Vila além do treinamento com Itachi.

A mesma senhora com a qual Kami conversou naquele dia mais cedo parecia preste a fechar sua pequena loja, algumas caixas estava empilhadas no canto e a senhora já carregava uma das caixas deixando -a cair pesadamente sobre o balcão.

Caminhei até lá, ela parecia muito frágil para carregar tanto peso sozinha.

— Baa-san, gostaria de ajuda com essas caixas? - perguntei parando próxima a pilha no chão.

— Ah! Olá, você é a amiga da Kami. - Ela sorriu carinhosamente, os olhos quase se fechando ao sorrir.

— Sim! Eu sou Hanna.

— Eu gostaria muito de um pouco de ajuda, querida.

Comecei pegando uma das caixas para move-las, elas eram bem mais pesadas do que pareciam, não demorou muito para que tivesse colocado tudo em seus respectivos lugares, minhas costas protestaram um pouco. A combinação do treinamento de taijutsu e o levantamento de peso não se deram muito bem.

— Essas caixas são mesmo muito pesadas para a senhora carregar sozinha. - comentei enquanto a ajudava a fechar a loja e entreguei a chave para ela.

— Meu netinho costumava me ajudar aqui, mas ele se formou a pouco tempo na academia e agora fica bastante ocupado com suas missões. Ainda não tive tempo de encontrar outra pessoa para me ajudar.

Um pensamento súbito me deixou empolgada enquanto olhava para a pequena senhora de esgueira.

— Eu não preciso fazer muitas coisas durante o dia, se a senhora quiser eu poderia ajudá-la na loja. - me ofereci é aguardei cheia de expectativa enquanto ela pensava.

— Não gostaria de atrapalhar você Hanna-san.

— Não atrapalharia, eu realmente não tenho nada para fazer. - minha expressão enquanto eu falava deve ter denunciado o meu lamento. A senhora então sorriu e acenou positivamente.

— Tudo bem então, vou esperar você amanhã mesmo.

— Muito obrigada, baa-san!

Já em casa sai do banho com a toalha enrolada em meu corpo e os cabelos úmidos, peguei meu único pijama e me preparei para dormir. Mas o sono não estava disposto a aparecer.

A luz da lua atravessava as cortinas mal fechadas, deixando pequenas frestas de luz no quarto, depois de rolar de um lado para o outro na cama por intermináveis minutos desisti de dormir.

Tirei o pijama vestido calças cumpridas e o casaco mais quentinho que pude encontrar antes de sair do apartamento  e ir para a rua, não era tão tarde ainda, então não tive nenhuma preocupação enquanto caminhava pelas ruas.

Eu gostava de observar a interação das pessoas, parecia um jogo para mim, tentar desvendar alguém apenas observando o seu comportamento. E ironicamente eu percebi ser boa nisso, observar era como uma segunda natureza.

Passando em frente ao departamento policial não me surpreendi ao ver uma pequena aglomeração de ninjas, a tensão era quase palpável. Eu já tinha percebido isso, como as pessoas da Vila desconfiavam dos Uchiha e os Uchiha por sua vez ficavam cada vez mais ressentido.

Parecia óbvio para mim que a linha que mantinha o clã Uchiha ligado a Vila estava quase sendo rompido. Tenho certeza que o Terceiro Hokage buscaria uma forma de apaziguar ambos os lados, só não sabia quanto tempo ele teria para fazer isso.

Um dos ninjas que conversavam com a força policial virou -se na mesma direção em que eu estava, ele vestia um uniforme jounin, a bandana da folha a amostra cobrindo sua testa. Seus olhos se fixaram em mim por um breve minuto antes que eu voltasse a caminhar.

Obviamente o que conversavam não era para ser ouvido por qualquer um.

Voltei para casa logo depois, subindo os poucos degraus até meu apartamento e aproveitei a falta de sono para estudar mais sobre ninjutsu, esse foi todo o tédio que eu precisava para cair no sono.

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ITACHI UCHIHA #1Onde histórias criam vida. Descubra agora