Eu estava em paz quando você chegou
Antes que os lábios deles pudessem se tocar, Lily virou o rosto, recuando. Ela começou encarar a lua, sem coragem de olhar novamente para o moreno, o qual tentou não se demonstrar desapontado, pois não queria deixá-la constrangida e queria, menos ainda, forçar alguma coisa.
James soube do que sentia pela ruiva desde que não parou de pensar nela e foi caçoado pelos melhores amigos por estar apaixonadinho. Ele realmente gostava dela pelo que era e por se sentir bem em apenas vê-la ou ouvir sua voz. Mas, James sabia que ficarem juntos era algo impossível, pois considerava que para ela, eles não passavam de colegas. Assim, só de estar com Evans ali, naquela linda noite de outono, já lhe bastava e ele não forçaria ter nada além daquilo.
Lily estava envergonhada pela situação, estava começando a ficar nervosa com o silêncio. Torcia para que ele tomasse a iniciativa e falasse alguma coisa, mostrando que estava tudo bem, e como se respondesse a súplica mental da garota, James quebrou o silêncio estrangulador que havia pairado sobre o local:
— Está com fome?
— Muita – respondeu, criando coragem de olhar para ele novamente.
James ainda estampava um sorriso lindo no rosto, o que fez a ruiva sentir-se melhor.
— Vou pegar lá dentro o que eu trouxe — disse levantando-se e apontando com a cabeça à igreja — podes ficar aqui ou me acompanhar.
— Você precisa de ajuda?
— Não, acho que meus músculos são capazes de fazer isso sozinhos – brincou.
— Ok — concordou a ruiva.
Lily não queria acompanhá-lo, pois precisava pensar. Pensar sem a presença do motivo da sua confusão.
A indagação: "eu e James?" ainda martelava em sua cabeça, tirando sua paz e não sabia como entender ou decifrar aquele turbilhão de sentimentos que sentia. Viu o garoto sumir ao entrar na igreja e respirou fundo. Jogou seu corpo para trás, deitando-se na grama enquanto observava a constelação que tanto amava.
Lily sabia que aquele sentimento não era algo novo que tinha surgido apenas por causa daquela noite em questão. Ela compreendia que ele sempre estivera ali, mas que incansavelmente o descartou, justamente por não conhecer mais do que achava conhecer a respeito do garoto. Lily não tinha se apaixonado ali, pelo contrário, ela havia se apaixonado em cada dia em Hogwarts. Estar com ele ali, só serviu para provar esse sentimento, mostrando que as desculpas que dava para si mesma eram falhas, pois o rapaz era digno de ser amado.
Conhecer esse lado do James, que até então não conhecia, foi o necessário para que cedesse na luta contra o que sentia.
Ela estava vivendo um mix de sentimentos, sensações e pensamentos que jamais imaginou que estaria. Estava perdendo os neurônios pensando na grande probabilidade de aquilo funcionar. Não só por ser o James, mas por ser um envolvimento, pois tinha muito medo disso.
Em partes, se culpou por ter recuado e não beijado aquela boca. Lily sabia que queria aquilo, mas teve medo. Era muita coisa passando em sua cabeça, questionamentos que ela precisava aquietar antes de se aventurar nos lábios do moreno. Então, tendo uma conversa consigo mesma enquanto James buscava algo para comerem, teve a certeza de que estava disposta a arriscar tudo, nem que fosse só por aquela noite.
E fechando os olhos Lily sorriu. Estava feliz em sentir tudo aquilo que sentia naquele momento. Mesmo não estando naquela paz rotineira que viveu nos últimos meses, mesmo estando inquieta e tomada por um tsunami de emoções quando menos esperava, ela estava bem. Estava leve por finalmente aceitar que havia se apaixonado pelo Potter.
James não demorou para retornar e após comerem e passarem mais tempo conversando, os dois se deitaram na barraca, com as cabeças próximas, conversando sobre as constelações que viam através da rede de proteção no teto do abrigo. James contava animado mais uma lenda e Lily admirava, tanto a beleza da história quanto do garoto. Depois de terminar, Lily começou a contar acerca de uma teoria que havia lido em algum livro, sobre as estrelas terem sua singularidade e não estarem presa em uma constelação, podendo ver - assim como com os formatos das nuvens – outras formas. James gostou da teoria e eles ficaram ali, vendo desenho nas estrelas até Lily fazer uma pergunta que mudou o rumo da noite.
- Por que não disse nada?
- Sobre o que? – perguntou confuso.
- Eu ter desviado o beijo.
- Ah – o garoto hesitou – não se preocupe com isso, está tudo bem.
- Não, eu sei que não está – Lily sentou-se.
James se levantou também e segurou a mão da garota que encarava o chão.
- Está tudo bem sim, eu juro – acariciou a mão da ruiva – eu não estou chateado. Estou muito feliz em estar aqui contigo.
- Você não facilita as coisas assim, James – a garota encarou-o.
- Não estou entendendo, Evans.
Eles ficaram novamente face a face, olho a olho.
- Não está tudo bem, pois eu queria aquilo.
James ficou encarando-a sem saber o que dizer. Aquela revelação havia pego-o de surpresa, era como se tivesse levado um soco no estomago e estivesse sem ar. Depois do incidente da tentativa falha do beijo, mais cedo, ele acreditou que a intenção da garota era totalmente diferente daquela que ele estava ouvindo.
- é ... eu ... na... – gaguejou o garoto, não conseguindo expressar o que queria dizer.
E antes que ele pudesse tentar reorganizar os pensamentos em palavras compreensíveis, foi surpreendido mais uma vez quando os olhos verdes da ruiva se aproximaram mais ainda e os lábios dela tocaram os seus. Devido ao susto, os lábios do rapaz ficaram fechados nos dela, como se não quisesse aquilo. Precisou alguns segundos para que ele absorvesse tudo o que estava acontecesse e então retribuísse.
Puxou-a para mais perto, com as mãos em sua nuca enquanto beijavam-se suavemente. Um beijo compatível, onde desfrutavam de um desejo guardado por muito tempo. A ruiva era capaz de ouvir o coração do garoto bater mais depressa. O beijo aumentou a intensidade antes de se afastarem um pouco, ficando com as testas coladas. Lily sorriu e James também.
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RELICÁRIO
RomanceA história de duas pessoas apaixonadas que se encontraram em um fim de tarde e sabiam que ficariam juntas apenas naquela noite, não era apenas uma letra fictícia na canção de Lily, era algo real que sempre a transportava para aquela memoria quente d...