CAPÍTULO 2: Como Chegamos à Paz

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– 6 ANOS ATRÁS –


Lexa ouve os relatos de seus generais com atenção, mas internamente não consegue afastar o sentimento de decepção. Está claro porque essa guerra já dura tanto tempo. Aqueles homens são idiotas incompetentes. Não há outra forma de descrevê-los.

Agressivos em suas ideias, selvagens na forma de defender seu ponto de vista, eles não se importam com a quantidade de vidas que seus planos suicidas desperdiça. Focados em ataques dispersos, em derrubar números – independentemente do quão estrategicamente valioso é quem atacam, e mais preocupados em se vingar por aquilo que consideram uma afronta a cultura Grounder, eles não jogam tendo em mente todo o tabuleiro e muito menos pensando no próximo movimento. Tudo o que eles veem é o agora.

E isso certamente culminará na extinção de Polis, que está em desvantagem nessa guerra desde que ela começou. A cultura Grounder sempre foi implacável, mas eles são o que são. É preciso ser assim para sobreviver, esse sempre foi o jeito de seus ancestrais e eles não vão mudar. Esse é o seu caminho.

Justamente por isso suas crenças são tão enraizadas na sua própria história que desde o primeiro encontro de um Grounder com alguém do Povo do Céu armas e tecnologia se tornaram algo tabu. Você teme aquilo que não entende e o poder destrutivo de Arkadia sempre foi excepcional.

Essa ideia se confirmou quando, décadas atrás, um homem dizimou em minutos um vilarejo inteiro usando a tecnologia de Arkadia, marcando o primeiro de muitos incidentes que culminaram neste inevitável conflito armado.

Aquele primeiro contato foi tão marcante para os Grounders que se tornou uma lenda, uma crença em Polis que se algum deles tocasse em uma arma do Povo do Céu ele não apenas se amaldiçoaria, mas também condenaria todo seu vilarejo à destruição.

Por causa disso, Polis sempre resistiu a qualquer dependência tecnológica e mais ainda a utilizar armas como as que Arkadia dispõe. Algo que, atualmente, é uma desvantagem tática considerável.

O único motivo pelo qual Polis não caiu foi a resistência e sabedoria dos Comandantes e Lexa sabe disso. Especialmente quando considerado todos os problemas que a disputa entre ambos os países causou internamente.

O preconceito contra armas e tudo que vinha de Arkadia foi, por tanto tempo tão presente que por décadas aqueles que se misturavam com o Povo do Céu por qualquer motivo se tornavam párias, excluídos, banidos de seus vilarejos e seus clãs.

As divisões aumentaram ainda mais quando os Azgeda, como são chamados os membros do clã formado por este grupo de excluídos e seus descendentes, passaram a realizar inúmeras tentativas de assumir o controle de Polis sob a promessa de chegar à paz.

Toda a situação é uma bagunça.

E por causa disso os Azgeda são muita coisa, menos confiáveis.

Apesar disso, ao longo dos anos os Comandantes se tornaram tão dependentes dos guerreiros da Nação de Gelo para impedir ataques de Arkaria que quando Lexa assumiu o poder um ano antes, depois de ganhar o conclave e ser escolhida para prosseguir o legado do Comandante anterior, ela tomou inúmeras medidas emergenciais.

Convocou embaixadores de cada um dos 12 clãs que compunham a estrutura política e social de Polis formalizando um pacto que garantia a interdependência de cada deles, virtualmente unificando o país.

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