CAPÍTULO 4: Inimigo do meu inimigo

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– 1 HORA ANTES –


Lexa e um grupo pequeno de seus melhores guerreiros estão escondidos entre as árvores perto da Montanha, observando em silêncio. Apesar dos protestos, nenhum dos seus conselheiros queria que ela chegasse tão perto daquele lugar desnecessariamente, ela se sentiu na obrigação de estar lá.

Não apenas em razão da curiosa movimentação dos Skaikru. Afinal, a morena sabe que não é possível que um grupo tão pequeno simplesmente estivesse desfilando sem proposito naquelas redondezas. Mas seus motivos iam muito além disso. Eram mais profundos embora ela própria não conseguisse nomear o que sente.

Encarando a Montanha, a imagem da mulher loira sendo carregada inconsciente na foto que ela ainda carrega, insisti em surgir na sua mente.

Durante toda sua vida, Lexa só conheceu uma única pessoa com cabelos tão loiros quanto a da mulher da foto. Os Grounders no geral tem cabelos negros e pele mais escura, com raras exceções, ela própria sendo uma delas e o contato da Comandante com os Skaikru tinha sido mínimo. Ainda sim, é absolutamente impossível que a mulher da foto seja quem ela pensa que era. Impossível.

Ainda sim, a mera possibilidade em um mar de impossibilidades de alguma forma foi suficiente para trazê-la até ali, na porta dos montanheses.

Os riscos são enormes.

Se ela for capturada, provavelmente será morta e o futuro da guerra, e de Polis ficarão ameaçado. Mas ela precisa saber o que está acontecendo. E mentalmente, ela justifica essa necessidade porque a movimentação dos skaikru é incomum demais, improvável demais. Algo tinha que estar acontecendo. E fosse o que fosse, certamente era um risco para todos eles.

Então ela ordenou aos seus batedores que vigiassem a Montanha, reportassem qualquer movimentação suspeita, mas mantivessem o máximo de distância, enquanto ela própria saiu de Polis, cavalgando com precisão e agilidade em direção à toca do lobo. Dois de seus fiéis conselheiros ao seu lado: Gustus e Anya.

Eles, é claro, não concordaram ou entendem os planos dela. Mas jamais ousaram discordar. Os Grounders sabem que a palavra final de sua Heda é sagrada, importante demais, para ser desafiada. E só porque eles não viam lógica em suas ações, a sabedoria dos Comandantes jamais pode ser desafiada. Então ambos mantiveram a boca fechada embora Lexa sinta sobre ela seus constantes olhares cheios de expectativa, como se eles esperassem que a qualquer instante ela entrasse em combustão instantânea ou algo assim.

Depois de quase três dias disso, era seguro dizer que a paciência de Lexa estava curta. Embrenhados na mata, expostos o bastante a qualquer ataque a Montanha está absolutamente silenciosa. O clima é tão pesado que até os pássaros e insetos parecem sentir que devem permanecer em silêncio.

A tensão no rosto de seus guerreiros é palpável. Mas Lexa tem olhos apenas para a enorme porta de ferro à sua frente. Ela não pretende invadir, é claro. Não trouxe consigo uma força suficiente para isso e e sabe que as defesas de Monte Weather são poderosas o suficiente para aniquilar milhares de Grounders sem esforço.

Esse é o principal motivo pelo qual, apesar do seu povo ser a anos levados por eles, ela nunca buscou uma retaliação mais efetiva. Seria suicídio. Ainda sim, parada tão perto da porta de entrada, ouvindo apenas o barulho da sua própria respiração, os anos de dor e morte parecem a instigar a comandar um ataque.

Jus drein jus daun.

Seu povo clama por sangue há muito tempo.

Os guerreiros que a acompanham parecem partilhar do mesmo sentimento. Todos observam a Montanha com uma atenção quase predatória, como se aguardassem uma oportunidade, qualquer oportunidade, para colocar as mãos em pelo menos um homem da Montanha. E que deus tenha misericórdia daquele que for capturado porque os Grounders não terão.

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