Já haviam se passado alguns anos, dias aflitos, e bons também.
Jasmine estava sentada de baixo de um luar coalhado de estrelas, em uma enorme praça que ficava em frente a um cintilante lago. Cabisbaixa pela espera lágrimas silenciosas caiam de seu rosto, sua barriga doía igualmente a sua cabeça. Seu quadro grave de leucemia já vinha piorando a um longo tempo pela recusa de tratamento, sempre consumindo remédios que durante muitas noites ficava quase dopada em cima de uma cama. Sem perceber lágrimas caiam sobre seu celular que repousava sobre seu colo.
Sem esperanças ela o ligou novamente, durante o último mês ela já havia o ligado algumas vezes. Não que o remetente atendesse, sem ela saber ele até olhava o celular. Mas jamais atendia.
- Alô?
- Conrado? - dizia ela alegre olhando boba para a fonte. Ela já não ouvia sua voz sedutora e grave a alguns dias. Mas toda vez que ela o escutava era uma pontada no seu coração.
- Jasmine, o que você quer? - dizia fazendo pouco caso
- Nada demais - dizia corada - você vai voltar hoje não é? Se lembra que você disse que iria me levar lá denovo?
- Onde?
- Não se faça de bobinho. Você disse para mim que iria chegar hoje e me levaria em Bon Voyage. E comprar um bolo para mim.
- Não me lembro direito. Tô ocupado agora depois você me liga.
O celular foi desligado, um semi sorriso foi formado em seu rosto. A lua estava linda como sempre, ela olhava ainda com o coração amargurado, foi então que ela desabou de verdade, lágrimas que consumiam seu rosto enquanto sua mão silenciava sua boca em apuros.
Mas Conrado não era desse jeito, todos os dias levava flores para ela durante as noites do sol. Mas ele sempre foi tudo para ela, se lembrara da época de ensino médio.
Uma doce e jovem garota olhava pela janela, era um dia quente. Suas pálpebras quase fechando quando Conrado a chama fazendo-a dar um pulo.
Era o primeiro dia de aula. Tudo que ela imaginava não passava de imagens que cercavam ela constantemente, o primeiro pedido de namoro, primeiras flores. Jantares com juras de casamentos.
- Aceita ser minha esposa eternamente? Ser respeitada e amada e acima de tudo meu maior bem dessa Terra?
Palavras gravadas no seu coração frio e gélido por ser amargurada. Sempre foi boa esposa, cuidava de casa; sempre enérgica. E disposta a tudo pelo amor.
- Amor... Seria essa a palavra certa? - disse em sua mente.
Novamente vibrada, seus olhos se voltaram ao céu escuro. Além de leucemia ela tinha medo de pegar uma hora ou outra pneumonia pela falta de amor próprio, já que ia todas as noites à praça, que. Mesmo fazendo um frio de -10 c° ela estava lá.
Conforme as lágrimas caiam em certo ritmo ela se lembrou dos bolinhos de chocolate que sempre acompanhavam ela. Embriagada pelo excesso de doces ela degustava embalagem por embalagem totalizando 6 que foram comidas.
Coração apertado, frio no corpo e lágrimas que derretia seu coração. Ela se encolheu em posição fetal e esperou por mais algumas horas sem sucesso.
- Ele... Não vem - seus olhos se voltaram para o enorme lago. Enquanto se mexia sem parar fazendo com que a ruptura em seu estômago se desvencilha-se causando uma dor forte no seu estômago.
Incapaz de se levantar ela adormeceu quieta. Sentindo seu estômago se revirar, o sono pesado que ela tinha a fez incapaz de sentir dor. Um casal que passava por perto a olhou de soslaios e percebendo a situação o homem segurou a estranha em seus braços enquanto a esposa em apuros chamava a ambulância o mais rápido que podia.
Sua mente ainda aturdida, e pálpebras moles só a faziam crer cada vez mais seu destino. Seu pesadelo dizia que ela iria morrer no banco, já seu raciocínio Não.
Encabulada e com uma semi cratera no umbigo um médico a atendeu.
- Por que você estava dormindo em um banco - dizia olhando para a ficha dela - fora isso, você já não vai a um médico a quanto tempo, pelo amor de Deus você tinha de tirar esses pontos.
Como resposta a tal pergunta do médico, Jasmine somente vira o rosto. Sua bolsa ainda estava do lado da cabeceira da cama hospitalar que não a trazia muitas boas lembranças.
- Quanto custou? - dizia com um cartão de crédito preto na mão.
Com os olhos semicerrados o médico virou o rosto dando a entender que no momento aquilo não era necessário.
Ela levantou a cabeça com certa dificuldade pela recente perca de sangue para olhar a marca na sua barriga.
- Vocês não usaram sangue em mim né? - dizia voltando a se ajeitar na cama.
- Não, vimos seus documentos e sua recusa de sangue então somente tratamos suas feridas e retiramos as fitas já velhas fazendo pontos. Pelas próximas duas semanas a senhora deve evitar fazer qualquer esforço.
- Entendi.
- A senhora está bem, não precisa de mais alguma coisa - indagou receoso
- Não - disse terminando de se arrumar por completo e voltar a se deitar.
- Ótimo, ficará por observação durante dois dias e depois disso vou te dar alta.
Se passaram alguns dias, uma enfermeira ou outra a dava comida e a ajudava a se trocar. Por opção dela nenhum parente foi chamado. Não que eles necessariamente comparecessem, já que ela havia se mudado de país e não via ou conversava com ninguém a uns bons anos.
Recebendo alta Jasmine pagou o hospital e duas enfermeiras para a carregarem até o portão de casa.
Jasmine disse seu endereço fazendo com que ambos a deixassem no enorme apartamento, como já era de noite nenhuma pessoa a viu sendo carregada pelos ombros pela enfermeira que assim que a deixou em casa foi embora.
Com dificuldade Jasmine se deitou e dormiu. Quase em estado vegetativo e com uma tristeza no olhar se deitou enfim descansando.
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Jasmine A Época Que Mais Te Amei
RomanceDurante seus últimos anos Jasmine desenvolveu Leucemia. Estando em busca de cura ela decide reescrever sua história e mudar sua vida em uma jornada para recuperar os 12 anos de vida em que ela mais desperdiçou.